Campinas será a terceira da região a identificar o peso da emissão de gases
Campinas será a terceira da região a identificar o peso da emissão de gases de veículos, indústrias e queimadas na poluição do ar. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) passará a medir a quantidade de ozônio no ar da cidade, como ocorre em Paulínia e Americana, cidades que têm saturação severa desse gás. Na atmosfera, o ozônio protege a terra da radiação solar ultravioleta, mas no solo é tóxico e quando respirado pode causar danos a saúde. É esse gás que forma a chamada névoa fotoquímica, ou smog - a névoa que aparece no horizonte em dias claros e secos e reduz a visibilidade.OndeA estação de monitoramento será instalada na Lagoa do Taquaral, conforme autorização para elaboração de decreto assinado pelo prefeito Jonas Donizette (PSB). O decreto vai indicar a área, que será doada, para a instalação do equipamento. Ainda não há previsão de quanto a estação será instalada nas proximidades do posto da Guarda Municipal. A estação automática vai medir, além do ozônio, a quantidade de óxido de nitrogênio, partículas inaláveis ( MP10) e também a direção e velocidade dos ventos, temperatura e umidade relativa do ar, segundo a Cetesb. Campinas tem duas outras estações, uma no Largo do Pará, que está desativada, e na Escola Carlos Gomes, ambas no Centro, que mede material particulado, umidade do ar, temperatura e monóxido de carbono.Na Lagoa do Taquaral existe uma estação meteorológica que fornece dados de umidade do ar, temperatura, velocidade do vento, chuva e raios ultravioleta. Atualmente está desativada, segundo o diretor da Defesa Civil, Sidnei Furtado, porque ela será migrada para a rede de monitoramento do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Para ele, a entrada de informações de mais um poluente, no caso ozônio, cujo monitoramento passará a ser feito pela Cetesb no Taquaral, vai ampliar as informações necessárias para a tomada de decisões no âmbito da Defesa Civil.AlertasPara o secretário do Verde, Rogério Menezes, será possível, como ocorre em São Paulo, a Cetesb lançar alertas para que as pessoas evitem determinadas regiões quando a poluição do ar está em níveis acima do aceitável. "Esperamos que o número de estações seja ampliado para termos uma rede de informação por toda cidade", afirmou. O funcionamento da estação na Lagoa do Taquaral vai ajudar a lançar alertas à população usuária da Lagoa, quanto as condições do ar antes da prática de exercícios.Com uma frota de 850 mil veículos, além da grande quantidade de outras cidades que todo dia em circulação, a estimativa é que o ozônio também esteja em um grau alto de saturação. Ele é um poluente secundário que se forma a partir de reações entre óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, na presença de luz solar. FormaçãoPor sua formação estar relacionada a outros compostos, e depender muito das condições meteorológicas, seu controle é mais difícil. A maior parte dos compostos geradores do ozônio é oriunda de emissão gases de veículos, indústrias e queimadas.Entre os poluentes atmosféricos estão o monóxido de carbono, o ozônio, o dióxido de enxofre, os óxidos de nitrogênio e os particulados. Esses poluentes surgem principalmente da queima de combustíveis fósseis, particularmente das usinas elétricas a carvão e automóveis movidos por gasolina. Os óxidos de nitrogênio podem levar à formação de ozônio ao nível do solo, enquanto os particulados são lançados de uma variedade de fontes, principalmente dos motores a diesel.Um ranking divulgado em 2011 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que a região de Campinas é mais poluída que a Grande São Paulo, é a terceira mais poluída do País e a 267ª do mundo, entre 1,1 mil cidades pesquisadas. Segundo o levantamento, a região emite 39 microgramas de poluentes por metro cúbico de ar - quase o dobro do máximo aceito pela OMS, de 20 microgramas. São Paulo emite 38 microgramas. RelatórioRelatório da qualidade do ar elaborado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) apontou que, no ano passado, o ozônio foi o poluente que mais ultrapassou o padrão de qualidade do ar na RMC. Em 2012, o padrão de qualidade foi excedido em 61 dias, chegando em nível de atenção em 12. No ano anterior, foram 48 dias, sete deles chegando a estado de atenção. A medição é feita nas duas estações de Paulínia e em Americana.No caso de Paulínia, por exemplo, as ultrapassagens do padrão estão associadas, principalmente, às emissões dos precursores de ozônio pelas fontes fixas locais, no entanto, pode haver também contribuição do transporte de ozônio e de seus precursores vindos de Campinas.MedidasMedidas vêm sendo adotadas pela agência ambiental para controlar as emissões industriais na base petroquímica de Paulínia, onde estão importantes fontes de liberação de hidrocarbonetos. As distribuidoras de combustíveis estão obrigadas a implantar mecanismos de controle nos tanques, os chamados selos flutuantes. A maioria já implantou. Para as novas bases, a Cetesb está usando o sistema de compensação ambiental: se a empresa vai implantar ou ampliar uma fonte de poluição onde haja emissão de gases, ela tem que compensar as emissões. Outra alteração que houve em Paulínia foi o incentivo de uso de combustíveis mais limpos em caldeiras e fornos e também uma maior fiscalizações em veículos orientando motoristas para manterem os motores bem regulados, melhorando a qualidade da queima de combustível. Em Paulínia, a agência ambiental monitora a concentração de monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre, monóxido de nitrogênio, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos totais, metano, partículas inaláveis. Em Campinas, a agência ambiental mede apenas partículas inaláveis e monóxido de carbono.