EDUCAÇÃO

Campinas paga 2º maior salário para professores

Piso salarial para 40 horas semanais é de R$ 5.409,11, mais que o dobro do piso nacional, de R$ 2.455,35

Henrique Hein
22/09/2018 às 18:34.
Atualizado em 22/04/2022 às 01:17
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Campinas paga o segundo melhor salário para professores entre todas as cidades brasileiras que possuem entre 1 e 1,5 milhão de habitantes. O levantamento feito pelo Correio, mostra que o piso salarial de um docente da rede pública de ensino da cidade, em início de carreira, e que trabalha 40 horas por semana no município, é de R$ 5.409,11, mais que o dobro do piso nacional que é de R$ 2.455,35. Dentre as oito cidades que fazem parte deste recorte nacional, apenas São Luís (MA) supera o valor do pagamento feito em Campinas. Na capital maranhense, o piso dos professores é de R$ 5.750,83. Na comparação feita com as outras seis cidades, Campinas supera os demais municípios, já que o terceiro e o quarto colocados da lista – Guarulhos (SP) e São Gonçalo (RJ) - pagam praticamente R$ 2 mil a menos. Na cidade paulista, um profissional, com jornada de 38 horas, recebe um salário base de R$ 3.764,80. Já o município carioca, disponibiliza uma remuneração mínima de R$ 3.044,78. O ranking mostra ainda que Campinas supera, com folga, os índices de importantes capitais brasileiras, como Porto Alegre (RS), Goiânia (GO), Maceió (AL) e Belém (PA), que pagam R$ 2927,22; R$ 2465,51; 2.378,95; e R$1.927,37, respectivamente, para um educador que trabalha com uma carga-horaria mínima de 40 horas semanais. “O professor merece ser valorizado pela sua profissão e isso inclui um salário digno”, afirmou a secretária de Educação de Campinas, Solange Villon. Merecimento Questionado sobre o bom índice de Campinas, o prefeito Jonas Donizette (PSB) disse que o município não faz nada além da sua obrigação. “Os professores merecem todo o nosso respeito. Eles enfrentam, muitas vezes, inúmeras dificuldades dentro de uma sala de aula. Nós, de fato, pagamos um bom salário, e eu acho isso justo, porque o professor precisa ser valorizado e bem remunerado. Sem eles, não há educação de qualidade”, afirmou. Ilusão Apesar de o salário ser melhor que o de muitas cidades, as condições pelas quais os educadores municipais passam está longe do ideal. A reportagem conversou com oito docentes que trabalham em escolas e creches municipais de Campinas, que preferem não se identificar por medo de serem demitidos. A conclusão dos profissionais de ensino é unânime: o professor não é valorizado no País. “A verdade é que a profissão de professor é muito desprestigiada, porque, perto de outras profissões, ganha-se muito pouco. A gente trabalha muito, antes, durante e depois do nosso expediente. Nós levamos trabalho para casa. Temos de preparar aulas, corrigir trabalhos e provas, participar de reuniões depois do nosso extenso expediente e, muitas vezes, até trabalhar aos finais de semana e feriados”, comentou C.S, de 41 anos. F.R, de 36 anos, também criticou a forma como o governo municipal trata os educadores. “Esse salário, mesmo sendo melhor que o de muitas outras cidades, está longe de ser um valor que faça a gente ter prazer em lecionar. Ficamos estressados, somos ofendidos por pais e alunos o tempo inteiro. Muitos de nós não consegue reservar dinheiro para pagar um plano de saúde, não temos tempo para fazer outros cursos por fora, como um mestrado, por exemplo, e por aí vai", disse. Já, A.M, de 57 anos, cobra melhores condições de trabalho. Segundo ela, o dinheiro que a Prefeitura gasta na área da educação é pouco aplicado na formação do professor. “São muitos alunos dentro de uma mesma sala de aula. A gente não consegue dar um suporte para todos os estudantes, principalmente, no que diz respeito à alfabetização. Tem muitos pontos, além do salário, que a Prefeitura e que o Governo Federal precisavam realmente levar em conta e apostar”, ressaltou.

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