Administração adota uma postura mais ofensiva e anuncia a contratação de cem engenheiros
A Prefeitura de Campinas adotou postura mais assertiva para tentar atrair investimentos imobiliários para famílias de baixa renda na cidade. Em vez de esperar que as empresas busquem o Município, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Social e Turismo programou uma agenda de visitas a empresas construtoras para falar sobre a situação atual em relação à aprovação de novos empreendimentos. Além disso, a Administração promete contratar cem engenheiros para acelerar a avaliação de projetos.
A ofensiva, na avaliação da Prefeitura, dará resultados positivos. Na semana passada, o presidente da MRV Engenharia, Rubens Menin, anunciou que deseja construir mil unidades habitacionais para famílias de baixa renda (até três salários mínimos) em Campinas, financiadas pelo Programa Minha Casa, Minha Vida. A regional de Campinas do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) também informou que a mudança de atitude da Administração transmitiu confiança aos empresários e refletiu no número de criação de empregos no setor: em abril, a cidade registrou aumento acumulado de 7,86% nas vagas.
As casas populares serão destinadas para os inscritos na Companhia de Habitação Popular de Campinas (Cohab), de acordo com o secretário Samuel Rossilho, e devem ficar espalhadas em oito pontos diferentes. A construtora não revelou os bairros, mas informou que parte dos condomínios deverão ficar na região do Ouro Verde. Terão prioridade famílias que hoje moram em local de risco. A expectativa é de que as obras comecem em até um ano após a apresentação do projeto à Prefeitura.
“O anúncio da MRV foi o primeiro reflexo positivo do nosso esforço para atrair de novo a riqueza da construção civil para a cidade. Para cada mil empregos diretos gerados no setor, são criados mais 5 mil indiretos”, disse o secretário. Segundo ele, a Secretaria de Urbanismo está investindo também na compra de novos equipamentos para agilizar os processos de liberação de áreas. As novas regras para simplificar a tramitação de projetos na pasta também devem ser aprovadas em breve, de acordo com Rossilho. “Esse foi um dos compromissos do prefeito com associações de habitação e construção civil da cidade. Hoje, Campinas tem um déficit habitacional de 40 mil casas, que queremos sanar até 2016”, afirmou.
A notícia da construção das unidades foi dada durante um encontro de Menin com o prefeito Jonas Donizette (PSB). O empresário criou em abril, com outras 19 construtoras, a Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc). De acordo com Renato Ventura, um dos diretores da Abrainc, na próxima reunião da associação, será apresentado às empresas o potencial construtivo da cidade.
O diretor executivo da regional da MRV em São Paulo, Eduardo Fischer, afirmou que as obras das residências populares devem gerar 2 mil empregos diretos. A empresa também tem a intenção de voltar a lançar empreendimentos para outras faixas de renda no município. “Ficamos um ano sem lançar nada em Campinas por causa da insegurança jurídica que havia se instalado na cidade. Agora, temos abertura do governo para voltar a investir no município, que tem um enorme potencial construtivo”, explicou.
Em 2011, obras da MRV no Parque Jambeiro foram embargadas por irregularidades nas aprovações feitas durante o mandato do ex-secretário de Urbanismo, Hélio Jarreta. A empresa assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Procon e o Ministério Público se comprometendo a fazer contrapartidas urbanísticas para retomar as obras. Fischer acredita que a cidade tem potencial para absorver 3 mil unidades de preços variados, a partir da aprovação dos projetos.
Por meio de assessoria de imprensa, a Caixa Econômica Federal (CEF) informou que aguarda a apresentação dos projetos para o Minha Casa, Minha Vida na cidade. No início do ano, o superintendente regional da Caixa, Gláuber Marques Corrêa, se comprometeu a simplificar processos e emitir, em 15 dias, avaliações de terrenos e de enquadramentos de projetos no programa.