Município aparece na 21ª posição no levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil por ampliar tratamento de esgoto e reduzir as perdas de água tratada
Estação de tratamento de esgoto em Campinas (Elcio Alves/AAN)
Campinas subiu sete posições no ranking de saneamento das 100 maiores cidades brasileiras, divulgado nesta terça-feira (28) pelo Instituto Trata Brasil. A cidade aparece na 21ª posição no levantamento que teve como base as informações do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNOS) referentes a 2013, recém-divulgados pelo Ministério das Cidades. No levantamento anterior, com dados de 2012, a cidade estava em 28ºlugar. Pesaram nesse salto, os investimentos feitos em 2013, de R$ 103,2 milhões contra R$ 55,9 milhões do ano anterior, a melhoria na relação de esgoto tratado por água consumida e a redução de perdas de água na rede, que saiu de 19,32% para 19,18%. Aumentar a proporção Embora os índices de Campinas sejam altos, outras cidades, como Franca, que ocupa o primeiro lugar no ranking, conseguiram aumentar a proporção de esgoto tratado por água consumida e melhorar a proporção de investimentos em saneamento em relação às receitas. No levantamento anterior, Franca aparecia em sexto lugar. O ranking traz a situação do acesso da população aos serviços de água tratada, coleta e tratamento de esgotos nas cem maiores cidades do Brasil, onde vive 40% da população. A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), responsável pelo saneamento básico de Campinas, informou que o avanço no ranking é resultado dos investimentos que a empresa vem fazendo nos últimos dois anos, que permitiram reduzir as perdas de água na rede, ampliar a oferta de água tratada, de esgoto coletado e tratado. Investimentos Em 2013, ano da pesquisa, a empresa investiu R$ 103 milhões em saneamento. No ano passado, mesmo com um prejuízo de R$ 18,7 milhões provocados, segundo a Sanasa, pela crise hídrica que levou à redução do consumo de água pela população e aumento no uso de produtos químicos utilizados no tratamento, houve um investimento de R$ 113 milhões. Segundo o SNOS, entre 2012 e 2013 o índice de atendimento com água tratada teve ligeira queda, de 97,82% da população para 97,81%, enquanto o indicador de esgoto tratado por água consumida aumentou de 50,93% para 51,01%. Em 2012 faltavam 24.039 ligações de água para a cidade atingir a universalização, número que caiu para 18.706 em 2013. Reduzir perdas de água A empresa planeja reduzir drasticamente o índice de perdas de água na rede até 2017 e atingir menos de 15%. Para isso, busca recursos para investir nessa área e teve pedido de financiamento pré-aprovado pela Caixa Econômica Federal — de R$ 920 milhões para investimento na universalização do saneamento básico em Campinas e a redução de perdas de água na rede dos atuais 19,2% para 15%. Os recursos virão do programa federal Saneamento para Todos. Do total dos recursos pleiteados R$ 350 milhões serão destinados à universalização do saneamento básico, incluindo abastecimento de água, coleta e afastamento de esgoto, e tratamento de efluentes. Esse projeto tem custo total de mais de R$ 500 milhões, mas a empresa já viabilizou obras no valor de R$ 169,6 milhões e tem outras com financiamentos contratados que somam R$ 146,3 milhões. A empresa está em fase de viabilização de outros R$ 350 milhões. Outras obras O restante dos recursos será destinado à troca de rede de água para que as perdas caiam para 15%. Atualmente, a Sanasa troca 70 quilômetros de rede por ano e quer dobrar a extensão para que, em sete anos, os mil quilômetros de redes antigas sejam substituídos. O controle de perdas significa tirar menos água dos rios. O relatório divulgado pelo Instituto Trata Brasil, organização formada por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do País, mostra que os avanços continuam tímidos se pensarmos em atingir a universalização dos serviços em 20 anos no País (prazo do Plano Nacional de Saneamento Básico — 2014 a 2033). Falta muito Em relação à coleta dos esgotos, por exemplo, o estudo mostra que 48,6% da população recebia este serviço em 2013, ou seja, cerca de 100 milhões de brasileiros não tinham acesso. Apenas 39% dos esgotos foram tratados, o que significa que mais de 5 mil piscinas olímpicas de esgotos não tratados foram jogadas por dia na natureza naquele ano. O estudo realizou uma simulação da possível universalização do saneamento para as 20 melhores e 20 piores colocadas no ranking. Os resultados mostraram que das 20 melhores colocadas, oito já atingiram a universalização e as outras 12 se encaminham para atingi-la. Nas 20 últimas posições nenhum município atingiria a universalização até 2033.