Prefeitura investe R$ 150 milhões em mais professores, tablets e leitores digitais
Estudantes da Emef/Eja Oziel Alves Pereira, no Jardim Monte Cristo: recursos tecnológicos em sala de aula (Kamá Ribeiro)
A Prefeitura de Campinas anunciou na quinta-feira (19) o programa "Superação, que tem o objetivo de reorganizar o currículo escolar dos alunos da rede municipal para reparar os danos pedagógicos causados pela pandemia da covid-19. A ideia é ampliar a oferta de oportunidades de aprendizagem em todas as escolas a partir de um pacote de investimentos. A Administração pretende recuperar o prejuízo na alfabetização dos estudantes durante o período em que as aulas presenciais ficaram suspensas por conta da emergência de saúde pública.
Para isso, a Administração anunciou um aporte de R$ 150 milhões na aquisição e distribuição de equipamentos tecnológicos para os alunos utilizarem em sala de aula e levarem para a casa. A ampliação do quadro de profissionais a partir da contratação de professores, psicólogos e estagiários, que atuarão nas ações previstas para ajudar na formação e recuperação escolar dos alunos, também estão previstas.
O anúncio do programa foi realizado pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos) por meio de entrevista coletiva transmitida pelas redes sociais. Segundo Dário, trata-se de um projeto ousado e com recursos já previstos no orçamento da Secretaria Municipal de Educação. O prefeito disse acreditar que a proposta vai transformar a Educação nas escolas de Campinas. "Os efeitos da pandemia foram devastadores. Organizamos um projeto desenvolvido após um diagnóstico sério com a participação dos professores da rede e que vai transformar a vida escolar em Campinas, a partir de tecnologia e de recursos humanos", disse.
Para estruturar o projeto, a Secretaria de Educação informou que realizou um diagnóstico com a participação de 19 mil estudantes da rede municipal entre o final de 2021 e o início deste ano. O estudo identificou que os impactos foram mais intensos em duas fases da aprendizagem escolar: no chamado Ciclo II, ou seja, entre estudantes que estão agora cursando o 4º e 5º anos, 15% deles chegaram a essa fase com alfabetização não consolidada. Entre os alunos do chamado Ciclo III, ou seja, que atingiram o 6º e 7º anos, o diagnóstico detectou que aproximadamente 40% deles alcançaram essa fase com defasagem nos conceitos matemáticos.
A estudante Ana Carolina da Silva, 10 anos, estudante do 4º ano do ensino fundamental da Emef/Eja Oziel Alves Pereira, no Jardim Monte Cristo, fez parte desse diagnóstico e confirma a dificuldade encontrada com a falta das aulas presenciais durante o período mais crítico da pandemia. "Era muito difícil acompanhar a professora pelas aulas on-line. Eu tive muitas dificuldades", disse.
Pelo projeto da prefeitura, batizado de Superação, cada estudante da rede está recebendo equipamentos que poderão ser levados para a casa e que farão parte do reforço escolar que está sendo implementado. São chromebooks, leitores digitais, notebooks e tablets que serão usados para auxiliar no processo de aprendizagem. Nessas ações estão previstas também atividades em período escolar extra. Ao todo estão sendo distribuídos 65 mil equipamentos.
O estudante do 9º ano do ensino fundamental, Pedro Henrique, 17 anos, da Emef Paulo Freire, no Centro, recebeu na quinta-feira (19) o equipamento e disse achar importante a prefeitura oferecer essa oportunidade". Fico feliz de ver a prefeitura se importando com os alunos. Realmente estudar durante a pandemia foi muito difícil. Tenho amigos que tiveram muitas dificuldades. Agradeço o equipamento e acho importante a iniciativa", disse. Segundo a prefeitura, a intenção do projeto é que no prazo de três anos os efeitos da pandemia na educação municipal possam ter sido mitigados.
No plano de ação do projeto, coordenado pela Secretaria Municipal de Educação, serão contratados 600 estagiários para atuação nas escolas, além do ingresso de 60 professores adjuntos II e a contratação de 35 psicólogos do Projeto ECOAR da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Está previsto também a disponibilização de Carga Suplementar para a ampliação das atividades com alunos.
O secretário municipal de Educação, José Tadeu Jorge, destacou o empenho dos profissionais da rede para estruturar todo o trabalho e disse que além do ensino fundamental, o programa também será replicado para o ensino infantil, cujo diagnóstico está em andamento. "Foi um trabalho exaustivo e longo sobre os impactos, devido às ausências de aulas presenciais. Os profissionais deram exemplo de empenho com a missão de educar e formar pessoas", disse.
Segundo o secretário, dentro dos investimentos está previsto equipar as salas de aula. "Mais de duas mil salas de aulas serão transformadas em salas de videoconferência a partir do incremento de projetores, câmeras, lousas eletrônicas e de Internet para uso pedagógico", disse o secretário.
Todas as escolas contarão com impressoras 3D e banco de objetos para uso como ferramenta para o processo de aprendizagem. Está previsto também um amplo trabalho de formação para uso das ferramentas tecnológicas e aumento no investimento em treinamento de professores e quadro de servidores da Educação, com destinação de horas para formações realizadas nas escolas. "A ideia é que todas as vagas de profissionais das escolas sejam preenchidas", disse o secretário.
A atenção às questões emocionais de estudantes e profissionais da Educação, a partir da necessidade de acolhimento e o cuidado aparecem no projeto a partir das relações intersetoriais e de cidadania previstas. Segundo a prefeitura, estão sendo construídos protocolos com a Secretaria de Saúde e a ampliação da Rede de Acolhimento de Crianças e Adolescentes vítimas de violência.