longevidade

Campinas: idosos pedem passagem

Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que em 2050 o número de brasileiros acima de 60 anos deve chegar a 65 mi

Francisco Lima Neto
24/04/2019 às 10:17.
Atualizado em 04/04/2022 às 09:03

Proporcionar saúde e qualidade de vida para a população mais velha é um dos principais desafios das cidades e do País. Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que em 2050 o número de brasileiros acima de 60 anos deve chegar a 65 milhões de pessoas, o correspondente a 29,3% da população do Brasil. Enquanto isso, a população jovem vem diminuindo. Em 2050, teremos apenas 40 milhões de brasileiros com menos de 19 anos. Em Campinas, estimativa da Fundação Seade aponta que a partir de 2030, o grupo de pessoas acima de 60 anos deve crescer a taxa de 1,95% ao ano, superando o grupo de crianças e adolescentes com menos de 15 anos. As pessoas com mais de 60, que hoje representam 14,5% da população, passarão a representar 30,8%. Segundo Fábio Nogueira, 60 anos, economista e fundador e líder do Observatório da Longevidade, o fenômeno do aumento da população idosa não ocorre apenas no Brasil, e sim no mundo todo. “Todos os países têm sua população envelhecendo. No entanto, o que ocorre no Brasil é que junto a isso, a população jovem está diminuindo. Nesse caso, não tem muitas diferenças nem regionais no País”, aponta. De acordo com o líder do Observatório, a população brasileira abaixo de 19 anos está encolhendo 1 milhão por ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o grupo acima dos 60 anos cresce 1,5 milhão a cada ano. “Nesse cenário, começa a sobrar vaga em escola, atendimento médico pediátrico e tudo o que diz respeito a crianças”, comenta. Num primeiro momento, isso pode parecer ideal, mas expõe o outro lado da moeda. “Começa a faltar tudo o que tem a ver com os mais velhos. Não tem oferta de moda, não tem residencial para pessoas mais velhas, entretenimento, viagens para esse perfil, não tem balada. Não existe um desenho de oferta de produtos e serviços para os maduros”, explica. Ativo O funcionário aposentado Aparecido Antunes de Queiróz, 62, trabalhou nos Correios em Campinas, mas parou em 2014, depois de dois anos aposentado. Ele concorda que as cidades não estão preparadas para o envelhecimento da população. “As cidades não estão preparadas para o envelhecimento da população. Antigamente todo bairro tinha uma praça. Hoje é muito raro. Não existe padronização de calçadas, são inclinadas, ovaladas, sem contar os buracos”, diz. Ainda segundo ele, colocam ciclovias nas cidades, mas que tem cruzamento de automóvel. “Não dá certo. Cada praça que temos deveria se tornar praça de esportes, por mais simples que seja. Faz uma parceria com as empresas. A Prefeitura contrata professor de educação física. Vai economizar com remédios, internação, tiraria as pessoas dos postos de saúde”, avalia. “Contribuí por 35 anos e ainda paguei previdência privada porque se depender do INSS não dá para viver. Já jogava bola e fazia musculação a vida toda. Quando parei de trabalhar, comecei pilates e também a pedalar”, explica. Ele pedala 40 km todo sábado e joga futebol às terças e também no final de semana. “Não pode parar de fazer atividade, senão envelhece o músculo e também a memória. De que adiantaria ter trabalhado tanto e no final da vida não ter saúde para usufruir?”, questiona, com vigor de atleta e muita energia. Observatório cria Praça da Longevidade Pensando nessas mudanças demográficas, o Observatório da Longevidade, iniciativa que nasceu em São Paulo para acompanhar este fenômeno, traz para Campinas a primeira edição da Praça da Longevidade, um evento que visa apresentar ao público algumas das atividades educacionais e culturais do Observatório. O evento gratuito e aberto ao público em Campinas será realizado no dia 27 de abril, das 9h às 18h, no Centro Cultural Brasil Estados Unidos, na Avenida Júlio de Mesquita, no Cambuí. A programação contará com atividades culturais, palestras e uma breve apresentação dos cursos oferecidos pelo Observatório da Longevidade na Capital. Empreendedorismo, redescoberta de talentos, direitos da pessoa idosa e sexualidade na idade madura estão entre os temas a serem abordados no evento. Alterar a visão de que as pessoas mais velhas são dependentes e improdutivas é uma das missões do Observatório da Longevidade, como explica seu fundador, Fábio Nogueira. “Uma das melhores maneiras de se fazer isso é mostrando o que esta população tem feito, seja no campo artístico, intelectual, profissional ou qualquer outro. Os mais velhos são não apenas o repositório da cultura da nação como acumulam uma experiência valiosa que deve ser compartilhada com os mais jovens”, afirma. “Ao mesmo tempo em que ensinam, os mais velhos aprendem aquilo que é necessário para se manterem ativos profissionalmente e antenados com o mundo atual”, completa. SERVIÇO O quê: Praça da Longevidade do Observatório da Longevidade Atividades: Apresentação de cursos, palestras, atividades culturais e outras vivências Quando: 27 de abril, das 9h às 18h Onde: Centro Cultural Brasil Estados Unidos, na Avenida Júlio de Mesquita, 606, Cambuí Entrada: Gratuita

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