Prefeitura e entidades lançam programa para levar microempresas a mercado internacional
O prefeito Jonas Donizette: programa pretende transformar o déficit na balança comercial da cidade e da região em superávit (Reprodução/Thaigo Fonseca/Correio.com.br)
A Prefeitura de Campinas lançou ontem um programa que vai ajudar as empresas, especialmente as micro e pequenas, a percorrer o caminho das pedras da exportação.
A lógica do projeto, disse o prefeito Jonas Donizette (PSB), será projetar essas empresas, inclusive as da Região Metropolitana de Campinas (RMC), no mercado internacional para inverter a relação atual da cidade com o exterior - que no ano passado importou R$ 3,9 bilhões e exportou R$ 1,2 bilhão. “Queremos transformar esse déficit na nossa balança comercial em superavit”, disse Jonas. A proposta é beneficiar 150 empresas por ano.
O Espaço Cidadão, que funciona no térreo da Prefeitura, vai cadastrar as empresas que desejam ingressar no mercado internacional com a venda de seus produtos. O cadastro também poderá ser feito pela internet.
Para tornar a ideia realidade, a prefeitura contará com apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae), do Núcleo Softex e do Banco do Brasil. Um protocolo de intenções para implementação do programa foi assinado nesta quarta-feira (3).
O Núcleo Softex fará o diagnóstico dos gargalos, sugerirá soluções para solucioná-los e promoverá a modernização e a capacitação das empresas para exportação.
O Sebrae vai fornecer cursos de capacitação em todos os níveis em que as empresas se encontram para ajudá-las a ampliar horizontes e colocar uma linha telefônica gratuita para consultoria em comércio exterior, esclarecendo dúvidas dos empresários.
E o Banco do Brasil, além de ajudar na política de internacionalização, vai colocar à disposição das empresas seus escritórios internacionais, para que elas possam disponibilizar seus produtos e marcar reuniões com potenciais clientes.
O BB também agregará seu vasto conhecimento em câmbio e comércio exterior às empresas que pretendem ingressar no comércio global. Entre os cursos, estão os de práticas cambiais, carta de crédito, exportação e drawback.
O diretor-superintendente do Sebrae, Bruno Caetano, informou que a exportação representa hoje menos de 0,5% do faturamento das micros e pequenas empresas locais.
Campinas, com 120 mil empresas nessa faixa, tem muito campo para avançar rumo ao exterior porque hoje, segundo ele, apenas 2% de seus clientes são do mercado internacional.
As empresas interessadas receberão treinamento, consultoria e adequação ao competitivo mercado de exportação para todos os segmentos, desde produtos agrícolas até os de base tecnológica, informou a diretora de Relação Internacionais da Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Econômico, Beatriz Sanches Pereira.
Ela acredita que em 2014 a cidade já poderá ter uma avaliação do impacto que a preparação para a internacionalização de empresas irá gerar.
Beatriz informou que o projeto, uma das metas dos 100 dias de governo de Jonas, visa incrementar a competitividade das empresas, disseminar a cultura exportadora, ampliar o acesso a produtos e serviços de apoio já disponíveis nas instituições de Governo e setor privado.
Também está nos planos introduzir melhorias técnico-gerenciais e tecnológicas, contribuir para a elevação dos níveis de emprego e renda, promover a capacitação para a inovação e promover a interação e a cooperação entre as empresas e instituições de apoio.
Sistema
A Informática dos Municípios Associados (IMA) desenvolveu um sistema para apoiar o processo de cadastramento das empresas interessadas, que também permitirá fazer a avaliação e classificação do nível de maturidade de internacionalização e organização das atividades a serem desempenhadas durante o processo, conforme a metodologia definida para o projeto.
O professor de Relações Internacionais da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP), Moacir Miranda, disse que o movimento de internacionalização de empresas ainda é incipiente no Brasil e que a ação da Prefeitura será importante para alavancar produtos no mercado externo.
“A Prefeitura agindo como indutora de competitividade vai levar as empresas a aproveitarem esse momento positivo do Brasil”, afirmou.
As empresas, segundo Luiz Fernando Caetano de Almeida, assessor do Ministério das Relações Exteriores,terão ainda ajuda do Itamaraty no exterior, com 130 embaixadas à disposição. Ele sugeriu uma atenção especial aos novos mercados, como os da África, que não tem parque industrial e que pode ser um bom caminho para o País exportar produtos de maior valor agregado.
Guia ensina a aproveitar incentivos
Junto com o Exporta Campinas, a Prefeitura lançou nesta quarta-feira (3) o Campinas Incentiva - um guia para orientar e facilitar as pessoas e empresas a terem acesso às leis federais e estaduais de incentivo à cultura e ao esporte. O guia, segundo a assessora da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Andréa de Jesus, traz informações sobre como funcionam os diversos instrumentos de incentivo, como escrever uma proposta, e o funcionamentos dos instrumentos legais.