HABITAÇÃO

Campinas foi a 2ª região do Estado em lançamentos de novos imóveis em 2022

Somente a metrópole foi responsável por 3.120 empreendimentos imobiliários

Edimarcio A Monteiro/ [email protected]
25/05/2023 às 08:48.
Atualizado em 25/05/2023 às 08:48
Novo empreendimento imobiliário que está sendo construído na Avenida Aquidabã, na região central de Campinas, integra a lista de 3.120 unidades habitacionais na cidade (Alessandro Torres)

Novo empreendimento imobiliário que está sendo construído na Avenida Aquidabã, na região central de Campinas, integra a lista de 3.120 unidades habitacionais na cidade (Alessandro Torres)

A microrregião de Campinas ficou em 2º lugar no Estado de São Paulo em lançamentos de novos empreendimentos imobiliários em 2022, com 8.366 unidades, o que representou 15,72% do total – 53.220 – e um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 3,548 bilhões. Ou seja, uma em cada sete unidades foi lançada em um dos cinco municípios analisados – Campinas, Hortolândia, Indaiatuba, Sumaré e Valinhos -, onde residem 2,14 milhões de habitantes. 

Os dados constam da “Pesquisa do Mercado Imobiliário” divulgada na quarta-feira (24) pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais (Secovi) e mostram que a parcela regional ficou atrás apenas da Região Metropolitana de São Paulo, que teve 13.193 unidades lançadas, com VGV de R$ 5,372 bilhões. Na região, Campinas teve o maior número de novas unidades habitacionais que chegaram ao mercado, com 3.120, o equivalente a 37,29% dessa fatia.

“Esses números mostram a importância do setor imobiliário na geração de investimentos, na arrecadação de tributos e desenvolvimento das cidades”, disse a diretora regional e de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi, Kelma Camargo. Um dos novos empreendimentos é de um conjunto de 42 novas casas dentro de um condomínio de alto padrão às margens da Rodovia Dom Pedro I, em Campinas.

As opções são de imóveis de 288 a 362 metros quadrados com até cinco suítes. Os compradores poderão utilizar toda a infraestrutura do residencial, incluindo o clube, o que inclui quadra de tênis e beach tennis, quadra poliesportiva, local para coworking, piscina com raia de 25m, espaço kids e gourmet, SPA/sauna, salão de festas, bar, academia, entre outras opções.

“Campinas é uma praça muito importante no segmento imobiliário para a empresa atualmente. Alguns estudos apontam para a relevância de investimentos em imóveis de alto padrão na região e a companhia está atenta para o desenvolvimento social e econômico local”, afirmou o CEO da empresa responsável pelo empreendimento, Klaus Monteiro. 

MERCADO

O estudo mostra que das dez regiões do Estado analisadas, sete apresentaram queda nos lançamentos no passado. Apesar da alta representatividade, a região teve uma redução de 39,4% em comparação às 13.803 unidades lançadas em 2021. A maior queda foi na de Jundiaí, 63,7%, onde o total de novas unidades caiu de 3.568 para 1.296. De acordo com a pesquisa do Secovi, apenas as regiões do Grande ABC (17,3%), São José do Rio Preto (14,2%) e Região Metropolitana de São Paulo (6,5%) tiveram alta.

Mesmo assim, com exceção da RMSP, as outras apresentaram números absolutos menores do que da região de Campinas. No Grande ABC, foram lançadas 6.559 unidades em 2022, enquanto em São José do Rio Preto, 3.891. O estudo traz ainda uma análise do perfil dos imóveis lançados no Estado no último trimestre de 2022. Na região, os edifícios residenciais lançados tiveram 60 m² de área privada média, com ticket médio de R$ 461.298. O preço médio por m² foi de R$ 7.433.

Foi o segundo maior valor no Estado, com a liderança ficando com Baixada Santista, onde os apartamentos tiveram área privada média de 76 m² e preço de R$ 601.673. Nesse caso, o preço médio do m² ficou em R$ 7.867. Na região de Campinas, os apartamentos de dois e três dormitórios lideraram os lançamentos, com participação de 17,7% cada um. Em terceiro lugar, ficaram os imóveis de quatro dormitórios, com 15,5%, com os de um tendo participação de 12,2%.

COBRANÇA

Durante a apresentação da pesquisa, a direção do Secovi cobrou da Prefeitura de Campinas mudanças na legislação e na tramitação dos processos para agilizar a aprovação dos empreendimentos imobiliários. Segundo a diretora regional do sindicato, “são sugestões para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida.” Para Kelma, as medidas tomadas até agora pela administração “não estão tendo efeitos práticos, o que nos deixa muito preocupados.”

A entidade apresentou 17 reivindicações divididas em dois blocos, andamento e aprovação dos processos e revisões urgentes. Nesse último quesito, ela pede alinhamento das mudanças das legislações mal-interpretadas, como da expansão urbana, “rigidez exagerada” da legislação da Área de Proteção Ambiental (APA) Campinas e mudança no Plano de Manejo da APA do distrito do Campo Grande. Segundo o diretor de Intermediação Imobiliária e Marketing do Secovi, Daniel Aranovich, pontos como esse “estão afugentando investimentos de Campinas”.

Quanto a tramitação, a entidade pleiteou maior agilidade e melhoria nos processos de aprovação de loteamentos, incorporações e regularizações e criticou o valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). “O sucesso de um empreendimento depende muito da rapidez com que chega ao mercado. A demora, além do custo financeiro do investimento feito na compra de um terreno, faz com que ele fique sujeito a (concorrência de) outros lançamentos, mudanças na economia nacional e aumentos dos preços dos insumos”, disse Aranovich.

Os dados do Secovi mostram que as 3.120 unidades residenciais lançadas em Campinas no ano passado são o número mais baixo dos últimos três anos. O resultado representa uma queda de 56,3% em relação as 7.146 unidades de 2021, que foi o melhor do triênio. Em 2020, o total chegou a 4.504.

Presente à reunião da entidade empresarial, a secretaria de Planejamento e Urbanismo de Campinas, Carolina Baracat Lazinho, disse estar sempre aberta a discutir o aprimoramento dos procedimentos administrativos e legais, mas argumentou que a queda nos lançamentos está relacionada também ao cenário político-econômico nacional no ano passado e que mudanças já foram implantadas e apresentaram resultados.

“Temos que considerar a economia nacional, as mudanças que já estavam ocorrendo e as incertezas políticas naquele momento”, justificou a secretária. “Nós temos muito o que melhorar, mas tivemos muitos avanços nos últimos dois anos e meio”, acrescentou. Ela citou como exemplo a implantação do Grupo de Análise de Loteamentos (GAL), o que reduziu, em 2022, o tempo médio da análise prévia desse tipo de empreendimento para 7 meses, contra 56 meses em 2014.

Carolina acrescentou que houve investimento na digitalização dos processos para reduzir o tempo de tramitação dos processos, com investimentos em novos softwares, equipamentos e treinamento da equipe. De acordo com a secretaria, isso resultou no aumento na emissão de alvarás de aprovação, execução e conclusão de obras, além de reforma sem acréscimo de área, cadastramento de gleba e de uso.

O maior aumento foi no de Certificado de Conclusão de Obras (CCO). Os 1.624 documentos emitidos em 2022 representam um aumento de 45,22% em relação aos 1.119 do ano anterior e de 86,38% sobre os 872 de 2020. O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), também participou da reunião do Secovi e pediu a realização de um novo encontro em 15 dias para apresentar novas medidas para melhorar os procedimentos administrativos.

Ele também defendeu os resultados apresentados pela secretária de Planejamento e argumentou que Campinas tem o metro quadrado de área muito caro e isso prejudica novos empreendimentos. “Perdemos investimentos para Paulínia, Jaguariúna”, disse. Saadi citou como exemplo para os empresários a instalação em Paulínia do maior data center do Hemisfério Sul de uma multinacional norte-americana, que iniciou as obras em março passado, um investimento de US$ 2 bilhões (R$ 9,19 bilhões).

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por