SAÚDE INFANTIL

Campinas fica abaixo da meta vacinal

Queda, que se repete em outros locais, é creditada ao movimento antivacina, ignorância e até Covid

Francisco Lima Neto/AAN
correiopontocom@rac.com.br
10/09/2020 às 09:31.
Atualizado em 28/03/2022 às 16:11

Na cidade, 78% dos pais levaram seus bebês para tomar a BCG, uma das principais do calendário (Cedoc/RAC)

Campinas não atingiu a meta de cobertura vacinal para nenhuma das vacinas obrigatórias para crianças de até 1 ano de idade, segundo dados da Prefeitura. Movimento antivacina, falta de conhecimento das doenças e até a pandemia do novo coronavírus são apontados como causas para o atual cenário. Se a baixa imunização de mantiver, doenças facilmente evitáveis, como a paralisia infantil, podem voltar a fazer vítimas. As vacinas que devem ser tomadas no primeiro ano de vida são: BCG, Hepatite B, Menigocócica Conj.C, Pentavalente, Pneumocóccica, Poliomielite, Rotavírus Humano, Triplice Viral D1. A meta de cobertura vacinal para a BCG é de 90% e para as demais 95%. Contudo, nenhuma delas atingiu a meta na cidade. De acordo com a médica infectologista Valéria Almeida, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, a baixa cobertura vacinal não é um problema apenas de Campinas, mas uma realidade presente em todo o Brasil. "A cobertura vacinal está extremamente baixa no Brasil inteiro. A gente vem observando essa queda na cobertura vacinal nos últimos anos", diz. A diminuição na imunização ao longo dos anos tem vários fatores, segundo a médica. "Pais que estão cada vez trabalhando mais e esquecem, deixam de levar a criança para atualizar a carteira de vacinação. Algumas vacinas estiveram em falta por algum período por atraso na produção, e isso também desestimulou os pais", explica. Outro ponto é uma falsa percepção de baixo risco. "Os pais de agora não conviveram com essas doenças, como a paralisia infantil, por exemplo. Quem tem mais de 50 anos se lembra das sequelas. Mas hoje é difícil alguém que tenha a doença porque a gente teve grande cobertura nas décadas de 80 e 90. As pessoas não viram a doença e têm uma falsa sensação de que a doença não existe. A gente não teve erradicação dessas doenças, apenas a diminuição dos casos", ressalta. "Sem contar outros fatores, como o movimento antivacina, que prega o não benefício dessa prática (vacinação) que é reconhecida como uma das principais causas da redução da mortalidade infantil. Antes as pessoas morriam de sarampo, por exemplo. Mas com a vacinação a mortalidade foi caindo. Essas pessoas são jovens e não viveram essa fase da vida que as pessoas morriam por isso", lembra. Neste ano muita gente também deixou de procurar os centros de saúde por conta da pandemia. "Muita gente se preocupou muito com o vírus, ficou em isolamento e deixou as crianças com as vacinas incompletas. Mas os centros de saúde têm uma porta para casos suspeitos de Covid-19 e outra para vacinação. Eles estão preparados e não há o risco", garante. A baixa cobertura vacinal cria uma população de pessoas suscetíveis a doenças. "Se as crianças não tiverem protegidas contra a pólio, o vírus pode ser introduzido novamente. E se isso acontecer, pode passar para todos que não estão vacinados. A gente tinha eliminado o sarampo, por exemplo, mas dois anos atrás ele foi reintroduzido por pessoas que vieram da Europa", explica. Para reverter esse quadro, de 5 a 31 de outubro haverá uma campanha nacional de multivacinação para que as carteiras de vacina – tanto infantis quanto adultas — sejam atualizadas. "As pessoas precisam comparecer e colocar as vacinas em ordem. Não é porque uma doença está em alta agora, como a Covid-19, que as demais deixam de existir", conclui a infectologista. 

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