NOVA PESQUISA

Campinas está entre as 30 melhores cidades para os idosos

Avaliação foi feita considerando as cidades com mais de 100 mil habitantes que oferecem melhor qualidade de vida para a população com 60 anos ou mais

Cibele Buoro/ [email protected]
26/11/2023 às 11:57.
Atualizado em 26/11/2023 às 11:57
Prefeitura inaugurou em setembro a primeira unidade do Centro Dia da Pessoa Idosa; acolhimento, proteção e convivência com outras pessoas para diminuir isolamento social são alguns dos propósitos do espaço (Kamá Ribeiro)

Prefeitura inaugurou em setembro a primeira unidade do Centro Dia da Pessoa Idosa; acolhimento, proteção e convivência com outras pessoas para diminuir isolamento social são alguns dos propósitos do espaço (Kamá Ribeiro)

Campinas está entre as 30 melhores grandes cidades para as pessoas com 60 anos ou mais viverem. O dado foi revelado por uma pesquisa do Instituto de Longevidade, que analisou 326 cidades que atenderam à categoria definida pelo órgão como "cidade grande", ou seja, com mais de 100 mil habitantes. Dentro do recorte por número de habitantes foram avaliados 23 indicadores, em três variáveis: Saúde, Socioambiental e Economia. Campinas ficou na 29ª colocação entre os municípios que oferecem melhor qualidade de vida para a população idosa.

O gerente do Instituto de Longevidade, Antonio Leitão, explicou que o estudo utilizou dados públicos disponíveis em fontes oficiais, como INSS, IBGE, Ministério da Saúde, Ministério da Fazenda, Tesouro Nacional, entre outros. 

No indicador "Longevidade esperada aos 60 anos", que está dentro da variável "Economia", Campinas obteve um bom desempenho, como explica Leitão, ficando em uma posição ainda superior, 25ª entre as 326 cidades. Ainda na área da Economia, a variável "Produção de Riqueza municipal" mostra o município em 46º lugar, com nota 80,14, sendo que a pontuação máxima é de 100 pontos. 

Na variável Socioambiental, Campinas obteve a melhor posição no indicador "Telecomunicações", ficando na 30ª posição. Em relação ao setor da Saúde, com as melhores cidade para que a pessoa com 60 anos ou mais possa receber cuidados adequados, destaque para a categoria "Profissionais de Saúde", com Campinas na 17ª colocação. O município também conseguiu ficar em uma melhor posição em relação ao ranking geral na categoria "Cobertura Vacinal", ocupando a 28ª posição. 

Para Leitão, a pesquisa do Instituto Longevidade pode ser interpretada como um painel de acompanhamento da efetividade de políticas públicas voltadas ao segmento idoso, pelos gestores públicos, e de controle social, pela sociedade. “Este índice é uma ferramenta essencial para que as autoridades e a sociedade civil compreendam as necessidades das pessoas idosas e possam implementar ações eficazes para garantir que elas vivam mais e com qualidade de vida nas nossas comunidades.”

POLÍTICAS PÚBLICAS 

Para a secretária de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas, Vandecleya Moro, a mudança no perfil etário da população de Campinas tem sido um desafio interdisciplinar e interdepartamental. Ela explica que, no âmbito interdisciplinar, o envelhecimento da população exige atenção para temas de saúde pública, inclusão social, mobilidade urbana, meio ambiente, educação, cultura, esportes, habitação, entre outros tópicos de reflexão. Já como desafio interdepartamental, abrange ações integradas das secretarias de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, de Saúde, de Transportes, de Cultura e Turismo, de Habitação, de Comunicação, de Educação, de Serviços Públicos, de Esporte e Lazer e de Segurança Pública.

Em relação às políticas públicas específicas para a população com idade a partir de 60 anos, Vandecleya relata que a Prefeitura de Campinas dispõe do Centro Dia da Pessoa Idosa Maria Gonzalez Alvarez, inaugurado em setembro deste ano. “Essa unidade é a primeira, mas certamente o aumento da demanda levará à expansão desse serviço.”

O serviço é fruto da parceria entre a Administração Pública Municipal e Conselho Municipal do Idoso (CMI), que destinou R$ 2 milhões para a construção e início das atividades. O público-alvo do serviço são pessoas idosas, com 60 anos ou mais, que estejam em situação de risco pessoal e social e cujos direitos foram violados ou ameaçados. Também estão contempladas pessoas idosas que necessitam de assistência ou de equipamentos especiais para atividades diárias, como alimentação, mobilidade e higiene. São priorizados idosos com um risco iminente de rompimento de vínculos familiares.

Vandecleya afirma que o Centro Dia da Pessoa Idosa Maria Gonzalez Alvarez tem como propósito o acolhimento, inclusão, proteção social, convivência, melhoria da qualidade de vida e alívio para os cuidadores domésticos. O serviço busca evitar a institucionalização precoce dos idosos e fomentar sua autonomia, reduzindo a possibilidade de isolamento social. O Centro Dia está referenciado ao Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS).

A Prefeitura de Campinas, segundo Vandecleya Moro, também realizou a ampliação em 54% da oferta de vagas nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) em junho de 2022, chegando à capacidade de atendimento de 200 pessoas. Antes eram 130 vagas.

A cidade também igualmente está bem posicionada nos rankings do “Programa Viver – Envelhecimento Ativo e Saudável” e do “Programa de Equipagem Conselho da Pessoa Idosa”, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que colocam Campinas em posição de destaque na avaliação nacional. Em ambos, a cidade está em 25º lugar em todo o País e em 3º lugar no Estado, precedida de São Paulo e Guarulhos. 

Para atender a população idosa da cidade, a gestão municipal firmou parceria entre o CMI e o Diagnóstico da Situação da População Idosa no Município, que está disponível para consultas. “Nesse contexto, a inauguração do Centro Dia da Pessoa Idosa e os investimentos na ampliação das vagas nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) já representam passos nesse sentido. Há toda uma rede de apoio composta de diversas secretarias que visam ir ao encontro dessas demandas”, diz Vandecleya.

POPULAÇÃO

A falta de acessibilidade é um empecilho para Adélio Ribeiro da Silva sair de casa. Ele sofreu mais de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e depende de sua mulher para se locomover pela cidade. Para ele, que paga aluguel, Campinas é uma das cidades da região metropolitana com maior custo de vida. Silva e a família não desfrutam de nenhum tipo de lazer em razão das condições financeiras da família. “O orçamento não permite", lamenta.

O casal Roberto Betti (67) e Carmem Silva Baldo Betti (64), ambos aposentados, aproveitam as opções de programação para pessoas da terceira idade disponibilizadas pela Prefeitura. Carmem é frequentadora do Centro Social Romilia Maria, localizado no Jardim das Oliveiras, em Campinas. Ela conta que faz ioga, artesanato, participa de bingos e palestras. “Gosto de Campinas, eu tenho aproveitado muitas oportunidades de lazer”, opina a aposentada.

Segundo o Censo 2022 do IBGE, Campinas tem 209.267 idosos (60 anos ou mais). São 88.027 homens (42,1% da população idosa) e 121.240 mulheres (57,9%). Em relação à população de Campinas, o censo revelou novidades de perfil do público com 60 anos ou mais. Em 2010, havia 185.893 pessoas com 60 anos ou mais em Campinas. Os dados de 2022 mostraram uma população de 209.267 pessoas, 23.374 a mais que no censo anterior. 

O Censo apontou, também, que a população feminina com mais de 60 anos prevalece sobre a masculina. São 121.240 (57,9% desta população) idosas e 88.027 idosos (42,1% desta população). Em 2010, eram 107.160 idosas (57,6%) e 78.733 idosos (42,4%).

Os números revelam ainda que essas 209.267 pessoas idosas representam 18,4% da população de Campinas. Em 2010, a população com 60 anos ou mais representava 15,9% do total da população, um crescimento relativo de 2,5 pontos percentuais em relação à contagem anterior.

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