Um quarto óbito ocorrido na terça-feira à noite está sendo investigado pelas autoridades
Área próxima à Fazenda Santa Margarida, localizada no distrito de Joaquim Egídio, onde as três vítimas fatais da febre maculosa participaram de um evento chamado "Feijoada do Rosa" no dia 27 de maio (Alessandro Torres)
A Secretaria Municipal de Saúde confirmou na terça-feira (13) três mortes causadas pela febre maculosa e um quarto óbito também está sendo investigado pelas autoridades de saúde do município. As quatro vítimas fatais participaram de um evento chamado "Feijoada do Rosa", que ocorreu na Fazenda Santa Margarida, localizada no distrito de Joaquim Egídio. Segundo a Prefeitura, a propriedade está enfrentando um surto de febre maculosa e o distrito é considerado uma área de risco. A Secretaria de Saúde informou que reforçará as medidas de combate à doença tanto no distrito quanto em outros locais da cidade, onde há a presença do carrapato-estrela, transmissor da bactéria causadora da enfermidade.
Na segunda-feira, o Instituto Adolfo Lutz confirmou, por meio de exames, que a febre maculosa foi a responsável pela morte de uma dentista de 36 anos, residente em São Paulo. Na terça-feira, a Secretaria de Estado da Saúde confirmou que os outros dois óbitos em investigação, do namorado da dentista, de 42 anos, residente em Jundiaí, e de uma mulher de 28 anos de Hortolândia, também foram causados pela doença. Os três frequentaram o mesmo evento, a "Feijoada do Rosa", realizada na Fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, no dia 27 de maio. Todos faleceram no mesmo dia, em 8 de junho.
Ainda está em andamento a investigação de um quarto caso, envolvendo uma adolescente de 16 anos, residente em Campinas, que faleceu na terça-feira após ser hospitalizada em um serviço de saúde privado do município em 9 de junho. O caso estava sendo tratado como suspeita de febre maculosa, dengue, leptospirose ou meningite. No entanto, diante da divulgação dos casos pela imprensa, a família entrou em contato na terça-feira com a Secretaria de Saúde, mencionando a presença da adolescente no evento da Fazenda Santa Margarida.
A Secretaria de Saúde de Campinas adotou uma série de medidas para prevenção, informação e mobilização contra a febre maculosa. Em relação à Fazenda, a realização de eventos só será permitida novamente quando for apresentado um plano de contingência ambiental e de comunicação. Os responsáveis pelo local foram notificados sobre a importância de informar sobre o risco de febre maculosa aos participantes.
A Rede do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) emitiu um alerta para as redes Cievs nacional e estadual, a fim de informar e alertar todas as vigilâncias, devido à presença de muitas pessoas de outras cidades no evento. Na semana passada, a Prefeitura intensificou as ações de comunicação e mobilização contra a febre maculosa nos parques de Campinas.
Sempre que surgem casos da doença, a população se preocupa com esses locais devido à presença de capivaras. Embora esses animais não transmitam a doença, eles podem transportar o carrapato-estrela, vetor da febre maculosa, assim como bois, cavalos e cachorros, de um lugar para outro. É importante ressaltar que as capivaras são animais silvestres protegidos por lei, e qualquer manejo desses animais requer avaliação técnica e legal. Tentar capturá-las ou matá-las é crime. Com a recente reabertura de alguns parques em Campinas que estavam fechados, recomenda-se evitar áreas com gramado, especialmente se estiverem mais altas.
"A visitação aos parques faz parte da vida e é importante. A febre maculosa é uma doença tratável, portanto, se houver contato com carrapatos e surgirem sintomas febris, podemos tratá-la. No entanto, se for possível evitar ir a um parque e, por exemplo, rolar na grama, se aproximar de capivaras ou frequentar áreas com grama mais alta, é o ideal. É melhor permanecer nas áreas pavimentadas e nos passeios."
Andrea von Zuben afirmou que a Prefeitura aumentará a comunicação em todos os parques e outras áreas com vegetação, aumentando o número de placas e avisos existentes sobre a presença de carrapatos e o risco de transmissão da febre maculosa. As ações de comunicação, que serão intensificadas na próxima semana, também incluem a distribuição de cartazes em farmácias e centros de saúde, além da veiculação de um vídeo explicativo sobre a doença, a ser distribuído em escolas, unidades de saúde e redes sociais.
Os sintomas da febre maculosa incluem febre alta, dores musculares, inchaço e vermelhidão nas mãos e nos pés. É importante destacar que a febre maculosa é uma doença tratável, mas o tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível. Caso alguém apresente febre após visitar uma área rural nos últimos dois a 15 dias, é fundamental procurar um médico imediatamente assim que os sintomas aparecerem e informar sobre a presença nessa região de risco, para que o tratamento com o antibiótico específico seja iniciado.