Campinas é o quarto melhor município do país para investimentos em inovação

Campinas é a 4ª melhor cidade do país para investir em inovação, de acordo com o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) - Brasil 2023, elaborado pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap), instituição ligada ao governo federal. O relatório apresenta a avaliação dos 101 municípios mais populosos do país, organizados de acordo com as melhores condições para empreender. "O ICE é uma ferramenta muito importante para que o governo identifique os gargalos existentes e o que precisa ser feito para estimular e garantir maior competitividade às nossas empresas", explica a presidente da Enap, Betânia Lemos.

De acordo com a 7ª edição do estudo, que é feito desde 2014, as principais vantagens de Campinas são: proporção de mestres e doutores em Ciência & Tecnologia, média de investimentos do Banco Nacional De Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), infraestrutura tecnológica, proporção de funcionários em C&T e contratos de concessão do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). As avaliações são feitas com base em dados de órgãos públicos federais de economia e educação de 2018 a 2022.

"Quando se pensa nos ingredientes que proporcionam a inovação, é necessária alguma concentração de talentos que estejam alocados no mercado de trabalho, que, por meio de investimentos em estruturas tecnológicas, podem gerar produtos e serviços de alto valor agregado", destaca o relatório do Enap. O ICE aponta Campinas com a nota 7,992, enquanto a líder no ranking das cidades empreendedoras em Inovação é Florianópolis (SC), com 8,334.

A segunda colocação é de outra cidade da região, Limeira, que aparece com a nota 8,067, e Campina Grande (PB), que ocupa o terceiro lugar, recebeu o conceito 7,993. "Não é de hoje que se advoga a importância da atividade empreendedora para a inovação de produtos e serviços, em que negócios que desenvolvem novas tecnologias acabam ocasionando o que Schumpeter [Joseph Schumpeter, um dos mais importantes economistas da primeira metade do século 20] chamou de destruição criativa. Para esse autor, empreendedores inovadores são capazes de obter vantagens competitivas em relação aos seus concorrentes tecnologicamente desatualizados", analisa o Enap.

"Por essa razão, muitos ecossistemas empreendedores buscam desenvolver condições que propiciem não só novos empreendimentos, mas empreendimentos inovadores. Nesse contexto, algumas abordagens apontam que a inovação opera de forma aberta, indo além dos limites das empresas", completa o estudo. "Campinas já tem um importante ecossistema de inovação e a Prefeitura está criando estímulos de diversas formas para potencializar este diferencial", afirma a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação, Adriana Flosi.

"Temos universidades que são referências, quatro parques científicos e tecnológicos, 21 institutos de ciência, tecnologia e inovação - uma das mais expressivas concentrações da América Latina - e a criação do HIDS, Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável. Além disso, fomos premiados como Top 3 no Prêmio Nacional de Inovação. Sem dúvidas, somos referência neste setor", completa. "Um dos grandes avanços que a análise econômica experimentou nas últimas décadas foi o reconhecimento da importância do capital humano para o desenvolvimento econômico", destaca Luciano Rossini, consultor que participou da organização e revisão da pesquisa.

Multinacional nasceu aqui

O resultado do ICE foi divulgado poucos dias após Campinas apresentar um projeto para fazer valer sua posição de referência nacional e internacional de inovação tecnológica para atrair novos investimentos. A proposta da Prefeitura envolve agentes públicos e privados para destacar seu ecossistema formado por indústrias, centros de pesquisa e universidades.

Uma das líderes mundiais em sistemas de comunicações ópticas é uma multinacional que nasceu e continua em Campinas. Fundada há 22 anos e instalada no Polo de Alta Tecnologia, a empresa tem escritórios e parcerias em vários países, além de clientes em todo o mundo. A companhia encerrou o ano de 2022 com o melhor resultado de sua história. A receita líquida foi de R$ 365 milhões, crescimento de 6,4% em relação a 2021.

Resultado de sua estratégia de expansão internacional, a receita líquida procedente das vendas ao exterior registrou um aumento de 67% no ano passado em comparação ao ano anterior, alcançando a marca de R$ 77,2 milhões. A empresa investe, em média, 13% de sua receita anual em pesquisa e desenvolvimento. "Um dos exemplos de resultado do nosso investimento elevado em P&D é o transponder standalone de 400 Gb/s por canal óptico (800 Gb/s no total), lançado no início deste ano", destaca o diretor de Tecnologia da companhia, Roberto Nakamura.

É uma solução destinada a atender às principais demandas de provedores regionais relacionadas à evolução de suas redes: alto desempenho, disponibilidade e flexibilidade para expansão de forma rápida. "Também está em análise o desenvolvimento de novos produtos, plataformas de software, serviços especiais e soluções RAN para redes 4G e 5G. Essas soluções poderão ser desenvolvidas pela própria empresa, ou por meio de parcerias e aquisições de outras", diz CEO e diretor de Relações com Investidores, Carlos Raimar.

Ranking geral

O ICE 2023 aponta Campinas como a 28ª cidade mais empreendedora do país no ranking geral. A avaliação leva em consideração sete quesitos: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso à Capital do Estado, inovação, capital humano e cultura empreendedora. Fora a inovação, a melhor posição do município é em infraestrutura (10ª lugar), enquanto a pior é em cultura empreendedora (71ª).

O Estado de São Paulo concentra 28 das 101 melhores cidades para empreender. À frente de Campinas, que aparece na 8ª posição do ranking estadual, estão os municípios de São Paulo, que ocupa o 1º lugar na listagem nacional, Osasco, Jundiaí, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, Santo André e Piracicaba.

Para o diretor titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, ações lançadas pelo governo estadual para estimular o desenvolvimento econômico e a reindustrialização podem ajudar a região a atrair novos investimentos. "Temos uma expectativa positiva em relação a essas medidas", disse. Entre elas estão - redução de impostos para diversos setores para aumentar a competitividade com outros estados, criação de grupos de coalizão para promover o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de todas as regiões e a formação de um conselho para orientar ações, políticas e diretrizes para incentivar a nova industrialização a partir de seis pilares de atuação: energia, infraestrutura, crédito, tributação, capacitação profissional e digitalização.

Uma pesquisa feita pelo Ciesp Campinas mostra que 33% das empresas consideram que o11 decretos para redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) vão aumentar a competitividade da indústria regional. Os cortes válidos até o final de 2024 beneficiam os setores de bebidas à base de aveia; embalagens metálicas; medicamentos para tratamento de fibrose cística; pá carregadeira de rodas, escavadeira hidráulica e retroescavadeira; tanquinhos de lavar roupa; informática; data center; bebidas à base de leite; e energia elétrica.