ADESÃO

Campinas é incluída no programa anticrack estadual

Clínicas da cidade podem se cadastrar para receber R$ 1,3 mil por mês para tratar dependentes

Cecília Polycarpo
cecília.cebalho@rac.com.br
26/06/2013 às 23:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 10:36

Campinas aderiu nesta quarta-feira (26) ao programa do governo estadual que dá a comunidades terapêuticas R$ 1.350,00 por mês para cada dependente de crack tratado.

Apelidado pela população de “bolsa crack”, o convênio se chama Cartão Recomeço, pois oferece às entidades um cartão por usuário, com a quantia a ser gasta no tratamento do vício.

O programa atenderá inicialmente 11 cidades e custará R$ 4 milhões mensais para o Estado. O cartão deve estar disponível no município em 70 dias, após a Administração cadastrar as comunidades interessadas.

Cerca de 500 famílias campineiras, com integrantes usuários de crack que querem se desintoxicar, mas que não têm condições financeiras para custear o tratamento, devem ser beneficiadas.

O tratamento será de seis meses, tempo considerado adequado para a recuperação, segundo o secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Rogerio Hamam.

“São R$ 45,00 por dia para o paciente se tratar. Existe um estudo aprofundado que aponta que seis meses é o tempo estimado para desintoxicação”, disse o secretário, que esteve em Campinas para assinar o convênio com o prefeito Jonas Donizette (PSB).

Antes do programa começar de forma efetiva, a Prefeitura vai montar uma equipe técnica para fazer a ponte entre os usuários e as comunidades terapêuticas. Além disso, os profissionais serão responsáveis por fiscalizar as entidades.

“A equipe vai fazer o acolhimento e credenciamento dessas pessoas. Vamos contar com a ajuda também dos equipamentos já existentes de tratamento na rede pública, como os Caps (Centro de Atenção Psicossocial), para identificar os usuários que querem a internação”, explicou a secretária municipal de Cidadania, Assistência e Inclusão Social, Jane Valente.

Caberá ao Estado selecionar as entidades que estarão aptas a receber o benefício. De acordo com Jane, o cartão não vai incluir internações compulsórias.

O gestor técnico da Instituição Padre Haroldo, Cesar Rosolen, afirmou que o cartão deve ajudar comunidades terapêuticas que enfrentam dificuldades financeiras. A entidade, que destina 12 das 110 vagas de internação para a Prefeitura, tem hoje uma dívida que soma R$ 600 mil.

“Atendemos muita gente de baixa renda e precisamos da ajuda de mantenedores para continuar o tratamento de qualidade. O recurso do Estado deve ajudar a cobrir o nosso déficit”, disse Rosolen, que já cadastrou a entidade para receber o Cartão Recomeço.

O recurso deve preencher 70 vagas que hoje estão ociosas na instituição, segundo o gestor. “Temos um índice de recuperação de 50%, maior que os 30% apontados pela Organização Mundial de Saúde em internações de seis meses”, completou.

Críticas

No entanto, o Cartão Recomeço enfrenta grande resistência entre profissionais que trabalham no Sistema Único de Saúde e lidam todos os dias com dependentes químicos. O psicólogo e especialista em gestão de saúde pública, Bruno Emerich, afirmou que o sistema vai contra a política de tratamento comunitário e longitudinal de usuários de drogas, preconizada pelo governo federal.

“O modelo de comunidade terapêutica, de isolamento, não deixa de ser análogo ao modelo manicomial. Além disso, muitas dessas comunidades têm viés religioso, o que vai contra as políticas de um Estado laico.”

Outra crítica do especialista é o difícil controle social dentro dessas comunidades, uma vez que elas têm um modelo de tratamento de portas fechadas.

“Existem denúncias de maus tratos em comunidades, difíceis de serem comprovadas, porque elas têm o aval do Estado para o tratamento. A fiscalização nas entidades não é fácil”, afirmou.

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