Somente em agosto, foram ofertadas 1.659 vagas, segundo dados do Caged
A construção civil foi o segundo setor que mais gerou postos de trabalho formais ao longo deste ano, sendo superada somente pela indústria; a evolução do nível de emprego em Campinas contribui para a constituição de um ambiente de crescimento econômico sustentável (Denny Cesare)
Campinas foi a cidade do interior paulista e a quarta do Estado de São Paulo que mais criou empregos em agosto. O município registrou a criação de 1.659 vagas com carteira assinada, de acordo com o balanço divulgado pelo Observatório PUCCampinas, baseado no Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. O resultado ficou atrás apenas de três cidades da Região Metropolitana de São Paulo: a capital, que liderou o ranking com 20.122 postos de trabalho, seguida por Osasco (2.345) e Guarulhos (2.026). Santo André completou o top cinco paulista com 1.432 contratações.
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) encerrou agosto com 2.416 empregos criados. Para a economista Eliane Navarro Rosandiski, pesquisadora de emprego do Observatório PUC-Campinas, "os números são muito interessantes", principalmente pelo desempenho positivo na indústria e construção civil, que pagam salários mais elevados e impactam positivamente outros setores, criando um ambiente de crescimento econômico sustentável. Estes setores estão entre os que mais geraram empregos este ano, com a indústria ocupando a segunda colocação, com 7.057 novos postos na RMC no acumulado de janeiro a agosto, e a construção civil em terceiro lugar, com 6.499.
"Esses dois setores, estando na liderança, marcam um processo de retomada da economia mais sustentável. A indústria porque é boa pagadora e gera valor na economia, e a construção por ter um efeito multiplicador gigante", explicou a economista, que também é professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Campinas. Por gerarem uma renda mais alta, proporcionam aumento no consumo, desde o mercado do bairro, salão de beleza até a aquisição de bens duráveis, influenciando o desempenho positivo de outros setores.
RENDA
Os dois setores são responsáveis por puxar a média salarial regional para cima, pagando até 16,19% acima da média salarial para os contratados. Em agosto, a média dos admitidos foi de R$ 2.356,11, alta de 8,98% em comparação aos R$ 2.162 pagos no mesmo mês de 2023. O aumento foi superior à inflação acumulada em 12 meses encerrados em agosto, que foi de 4,24%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A média paga aos novos trabalhadores da construção civil foi de R$ 2.737,63, enquanto na indústria foi de R$ 2.691,95, conforme o Observatório PUC-Campinas. Com isso, contribuem para a geração de empregos em outros setores. No acumulado de 2024, os serviços geraram 17.006 novos empregos na RMC, com o comércio responsável pela criação de outros 2.484 postos de trabalho. A agropecuária foi o único setor a fechar com saldo negativo, com demissões superando as admissões, registrando o fechamento de 134 postos de trabalho de janeiro a agosto.
Para Eliane Rosandiski, o cenário econômico é positivo para a manutenção da alta do emprego até o final do ano. Indicadores como inflação sob controle e crescimento acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos, contribuem para isso, explicou a economista. Há alguns riscos nesse caminho, como a alta da taxa básica de juros, mas até agora não mostraram força para frear o bom desempenho da economia, apontou ela. No mês passado, a Selic subiu 0,25 ponto percentual, o primeiro aumento desde agosto de 2022. A taxa passou de 10,5% ao ano para 10,75%, com o Banco Central sinalizando novas altas até dezembro.
Para Eliane Rosandiski, o cenário econômico é positivo para a manutenção da alta do emprego até o final do ano. Indicadores como inflação sob controle e crescimento acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos, contribuem para isso, explicou a economista. Há alguns riscos nesse caminho, como a alta da taxa básica de juros, mas até agora não mostraram força para frear o bom desempenho da economia, apontou ela. No mês passado, a Selic subiu 0,25 ponto percentual, o primeiro aumento desde agosto de 2022. A taxa passou de 10,5% ao ano para 10,75%, com o Banco Central sinalizando novas altas até dezembro.
Essa situação leva à falta de mão de obra no setor. O mestre de obras Nélio Lopes Rosa afirmou ter seis vagas abertas para contratação em uma obra de duas torres residenciais no bairro Mansões Santo Antônio. O número representa praticamente 10% dos 56 funcionários da obra, entre contratados pela construtora e terceirizados. A construção dos edifícios, um de 10 e outro de 11 andares, está prevista para ser concluída em 2026.
"Está difícil contratar. Emprego tem, mas não tem quem se interessa", afirmou o mestre de obras. Segundo ele, a rotatividade entre os funcionários mais jovens é alta. "Eles entram, ficam alguns meses e saem. Hoje, quem se preocupa mais com a estabilidade é quem tem mais de 40 anos", disse. Para Nélio Rosa, as oportunidades no setor são boas para quem se dedica. Ele começou na construtora como pedreiro, passou para encarregado, contramestre e hoje é mestre de obras.
CIDADES
De acordo com a pesquisadora do Observatório PUC-Campinas, o desempenho do emprego na RMC em agosto não foi melhor por causa de Vinhedo, que registrou o fechamento de 1.656 postos de trabalho. O resultado foi reflexo das 1.708 demissões no setor industrial, principalmente nos segmentos de gás e eletricidade. Os outros setores tiveram alta no município: agropecuária (1), comércio (16), construção (7) e serviços (28).
Ela explicou que pesquisou para tentar achar uma explicação para o grande volume de dispensas, mas não encontrou nenhum fator extraordinário. "A região somente não teve uma situação melhor no agregado do emprego porque tivemos uma queda em Vinhedo. Eu tentei ver o que poderia ter acontecido para perder esse volume gigante de emprego, mas não achei nada. Achei estranho. Isso parece algum erro de preenchimento e vamos ter uma revisão desse dado", afirmou Eliane Rosandiski.
Outras duas cidades da RMC também tiveram saldo negativo de empregos em agosto: Nova Odessa (-72) e Santa Bárbara d'Oeste (-78). Em Nova Odessa, o resultado foi devido às 134 demissões no comércio e outras 25 em serviços. Já em Santa Bárbara, ocorreram 250 dispensas no setor de serviços. Os outros 17 municípios da Região Metropolitana tiveram alta na geração de emprego.
Além de Campinas, em agosto, destacaram-se Indaiatuba, com a criação de 414 vagas, Paulínia (372), Americana (339) e Valinhos (218). Na RMC, quatro setores tiveram alta nas contratações: serviços (1.852), comércio (578), construção civil (473) e agropecuária (238). O único desempenho negativo na região foi na indústria (-725), influenciado por Vinhedo.
EMPREGOS NA RMC EM AGOSTO
Município --------------------- Número de vagas
Americana ------------------- 339
Artur Nogueira -------------- 20
Campinas -------------------- 1.659
Cosmópolis ------------------ 134
Engenheiro Coelho -------- 16
Holambra ----------------------144
Hortolândia -------------------186
Indaiatuba -------------------- 414
Itatiba -------------------------- 93
Jaguariúna ------------------- 125
Monte Mor ------------------- 107
Morungaba ------------------- 33
Nova Odessa --------------- 72
Paulínia ----------------------- 372
Pedreira ----------------------- 154
Santa Bárbara d´Oeste -- 78
Santo Antônio de Posse - 43
Sumaré ------------------------- 165
Valinhos ------------------------- 218
Vinhedo ------------------------ 1.656
TOTAL -------------------------- 2.416
Fonte: Observatório PUC-Campinas