INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

Campinas é a 7ª cidade do país em número de startups

Considerando apenas os municípios que não são capitais em seus estados, metrópole ocupa a segunda colocação

Edimarcio A. Monteiro [email protected]
21/10/2023 às 10:24.
Atualizado em 21/10/2023 às 10:24
De acordo com o estudo, o Brasil conta hoje com 12.040 startups, com os segmentos de tecnologia (3.655), serviço (3.014) e varejo (1.760) liderando o ranking; as empresas-filhas da Unicamp bateram recorde de faturamento anual, chegando a R$ 25,9 bilhões em 2023, 32% a mais que em 2022 (Alessandro Torres)

De acordo com o estudo, o Brasil conta hoje com 12.040 startups, com os segmentos de tecnologia (3.655), serviço (3.014) e varejo (1.760) liderando o ranking; as empresas-filhas da Unicamp bateram recorde de faturamento anual, chegando a R$ 25,9 bilhões em 2023, 32% a mais que em 2022 (Alessandro Torres)

Campinas é a 2ª cidade do país com maior número de startups fora as capitais, de acordo com a pesquisa “Inovação em Movimento: um mapa sobre as Startups no Brasil em 2023”. O número coloca Campinas entre as sete cidades brasileiras com a maior quantidade desse tipo de empreendimento, todas localizadas nas regiões Sudeste e Sul.

O município conta com 239 empresas recém-criadas relacionadas à inovação e a um modelo disruptivo no mundo dos negócios, de acordo com o levantamento realizado pela Cortex, especializada em inteligência de vendas B2B (empresa para empresa), e a Endeavor. Considerando o TOP 10 das cidades, o município está à frente de três capitais – Florianópolis (237), Brasília (222) e Recife (138).

“Quando uma startup atinge uma comprovação do seu modelo de negócio, ela está num momento de inflexão de crescimento, o que chamamos de scale-up. Ela não apenas cresce, mas contribui com o país, aumentando a inovação de produtos e serviços, gerando mais e melhores empregos”, afirmou Andressa Schneider, head de Insights da Endeavor Brasil, rede global de apoio à empreendedoras e empreendedores que participou da elaboração da pesquisa. De acordo com o estudo, o Brasil conta hoje com 12.040 startups, com os segmentos de tecnologia (3.655), serviço (3.014) e varejo (1.760) liderando o ranking.

PREMIAÇÃO

O empreendedorismo nessa área levou Campinas a ganhar o prêmio por estar entre as dez cidades com maior concentração de open startups por habitantes, segundo o 100 Open Startups 2023, o maior e mais prestigiado ranking de inovação da América Latina. O levantamento considerou 66 negócios instalados na cidade que tiveram, neste ano, contratos de open innovation, modelo onde as empresas estão dispostas a cooperar com terceiros para encontrar soluções inovadoras para o seu negócio, perfazendo 1.954 pontos no ranking.

Campinas foi contemplada como uma das Top 25 Open Cities, premiação recebida nesta semana, no Rio de Janeiro, pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos) e pela secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação, Adriana Flosi. Das 66 empresas avaliadas, cinco foram premiadas no Top 100 Open Startups ou Top Categorias. “É uma notícia fantástica estar entre as 10 do Brasil. Campinas é a capital da inovação e tecnologia”, afirmou o prefeito. “Essa premiação não é só da prefeitura, é das instituições e do povo de Campinas. Um grande orgulho para a cidade”, disse, por sua vez, Adriana Flosi.

A 100 Open Startups é a plataforma digital de open innovation, pioneira e líder na América, que já facilitou mais de 1 milhão de interações. Elas resultaram em mais de mais 100 mil acordos e R$ 7 bilhões em contratos entre startups e corporações. Atualmente, são mais de 32 mil startups e 7 mil corporações participantes da plataforma.

Para o CEO de uma empresa de mapeamentos de mercado com tecnologia geoespacial e design de informação, Lucas Baldoni, o prêmio conquistado por Campinas é resultado de um ecossistema local “que favorece o empreendedorismo, pesquisa, tecnologia, inovação e a interação entre esses agentes. Campinas tem 20 institutos de pesquisa que ajudam as empresas a encontrar soluções rápidas para suas necessidades”.

Esse geógrafo transformou em negócio o seu doutorado apresentado em 2019 na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Inicialmente ele começou a atuar sozinho, usando o geoprocessamento para elaborar estudos de mercado customizados para empresas. A iniciativa prosperou e dela nasceu uma startup instalada na Inova, a agência de inovação da Unicamp que, desde 2003, registrou 1.276 patentes vigentes, das quais 129 apenas em 2021, e 197 contratos de licenciamento em vigor.

Hoje, a empresa de Lucas Baldoni emprega 10 pessoas, número que, dependendo da demanda de projetos em andamento pode chegar a 16. Para personalizar os trabalhos, ela utiliza profissionais de outras áreas de conhecimento para ampliar e aprofundar as análises, como cientistas sociais, historiadores e especialistas em administração e vendas.

“Deciframos a história que os dados contam gerando informações sob medida”, disse o CEO.

A startup, hoje, presta serviço em áreas como mercado imobiliário, alimentos, educação, franquias, telecomunicações, parques tecnológicos, ambiental e eleitoral. “Estou feliz, satisfeito com um negócio que idealizamos e que saiu do papel, e se tornou um negócio que dá oportunidades para outras pessoas. Está dando resultado.”

RECORDE

A startup de Baldoni é uma das 18 instaladas na Unicamp. Ao todo, no ano passado, elas empregavam 313 pessoas, número três vezes maior do que em 2018. Esse é um dos exemplos de empreendimentos nascidos na Unicamp que crescem e se tornam negócios de sucesso.

As chamadas empresas-filhas da Universidade Estadual de Campinas bateram recorde de faturamento anual, chegando a R$ 25,9 bilhões em 2023. O dado consta em relatório divulgado pela Inova. O resultado representa aumento de 32% em relação a 2022, com as 1.156 empresas ativas gerando 47.156 postos de trabalho. São 2.532 novos empregos no último ano, o que dá a média de um criado a cada pouco mais de 3 horas.

Se considerar que a carga tributária total do país é 33,71% - englobando tributos federais, estaduais e municipais -, as empresas-filhas recolheram R$ 8,7 bilhões em impostos.

“Esse valor é mais do que o dobro do orçamento da Unicamp para este ano. Isso prova que ela mais do que se paga. Não é uma despesa, é um investimento”, disse o diretor-executivo associado da Inova, Renato Lopes. O orçamento da universidade para este ano é de R$ 3,3 bilhões.

O relatório reúne dados consolidados das empresas fundados por alunos, ex-alunos, docentes ou funcionários da Unicamp, além de empresas criadas a partir de tecnologias da universidade, conhecidas como spin-offs acadêmicas, ou incubadas e graduadas pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp). O mapeamento surgiu em 2006 e, desde então, a Inova acompanha a progressão e o amadurecimento dos empreendimentos, como o de uma empresa de desenvolvimento e produção de equipamentos para a área veterinária. Ela surgiu em 2008 na Incamp, onde ficou até 2010. Depois migrou por várias locais e hoje ocupa um galpão próprio de 1,2 mil metros quadrados em Paulínia. Somente nos últimos três meses, ampliou o número de colaboradores em 25%, chegando a 25 pessoas na equipe. À frente estão um casal e seus quatro filhos. “Em 2015, todos nós decidimos deixar nossos empregos para se dedicar exclusivamente à empresa”, explicou Glauco José Rizzanti Pereira, sócio e diretor de Desenvolvimento. Ele saiu de uma empresa de telecomunicações para atuar no negócio da família.

Dos seis membros, quatro são ex-alunos da Unicamp – os pais e dois dos filhos. A empresa tem planos para continuar crescendo. Os próximos passos programados são desenvolver e produzir equipamentos para a área médica humana e incrementar as exportações. Os primeiros já foram dados com vendas para o Uruguai e Estados Unidos.

De acordo com o Relatório de empresas-filhas da Unicamp de 2023, 93,1% das sedes estão na região Sudeste. Desse percentual, 95% delas têm sua sede localizada no Estado de São Paulo, especialmente nas Regiões Metropolitanas de Campinas (57,6%) e Piracicaba (3,1%). A segunda maior concentração de empresas-filhas fica na Região Metropolitana de São Paulo (23%).

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