NO BRASIL

Campinas é 7ª colocada entre as cidades mais competitivas

Na Região Sudeste, município ocupa o quarto lugar na pesquisa feita pelo CLP

Rodrigo Piomonte
15/09/2022 às 15:04.
Atualizado em 15/09/2022 às 15:04
O secretário de Finanças, Aurílio Caiado, atribuiu o resultado da pesquisa às ações implementadas pelo Programa de Ativação Econômica e Social (Paes), lançado no ano passado (Kamá Ribeiro)

O secretário de Finanças, Aurílio Caiado, atribuiu o resultado da pesquisa às ações implementadas pelo Programa de Ativação Econômica e Social (Paes), lançado no ano passado (Kamá Ribeiro)

Um ranking sobre a competitividade dos municípios brasileiros, divulgado ontem pelo Centro de Liderança Pública (CLP), apontou Campinas como a sétima cidade brasileira mais competitiva entre 415 municípios brasileiros com mais de 80 mil habitantes pesquisados. O levantamento mede o desenvolvimento e o impacto das políticas públicas municipais diante de sua população. Na Região Sudeste, a cidade está na quarta colocação e subiu duas posições em relação aos dados da última edição, divulgada em 2021. 

O funcionamento da máquina pública e da sustentabilidade fiscal, além da qualidade da educação, inovação e dinamismo econômico, foram os itens que mais contribuíram para a melhora de Campinas no ranking em relação aos dados anteriores. Por outro lado, áreas como meio ambiente, telecomunicações, segurança, acesso à saúde e educação e inserção econômica, onde foram analisados o ingresso ao mercado de trabalho formal e o crescimento dos empregos, são listadas como desafios para a cidade no aspecto da competitividade.

Especialistas destacam como positivo o avanço no ranking, principalmente do ponto de vista econômico. Porém, eles ressaltam a necessidade de haver um esforço maior da gestão pública municipal para garantir a sustentação desse ambiente de competitividade, de modo a acabar com os gargalos que impactam diretamente o desenvolvimento de um município e de seus cidadãos.

O ranking de competitividade dos municípios é uma ferramenta criada para apontar aos gestores públicos os desafios que o município precisa enfrentar para direcionar atuações em áreas de planejamento e melhoria da gestão pública. No total, foram analisados 65 indicadores, distribuídos em 13 pilares temáticos e três dimensões consideradas fundamentais à promoção da competitividade e melhoria das cidades brasileiras.

Na dimensão institucional foi analisado o nível de competitividade do ponto de vista da capacidade de Campinas criar as bases para um funcionamento eficiente da máquina pública. Já a dimensão social levou em conta a competitividade do ponto de vista da capacidade da cidade de fornecer à população condições básicas de bem-estar e qualidade de vida. Nesse aspecto, o levantamento abordou temas ligados à saúde, educação, segurança, saneamento e meio ambiente. 

Por fim, a dimensão economia analisou o nível de competitividade, ou seja, a capacidade de Campinas de produzir bens e serviços, gerar emprego e renda, e proporcionar um bom ambiente de negócio, com infraestrutura básica para o desenvolvimento e uma mão de obra qualificada.

Conforme o relatório, após a análise de todos os indicadores, Campinas apresentou nota 63,44. Dos 13 pilares temáticos analisados, em cinco a cidade avançou no ranking em relação ao levantamento anterior. O destaque foi para a área fiscal. Na sustentabilidade financeira e no funcionamento da máquina pública a cidade cresceu 48 e 65 posições, respectivamente.

Nos oito pilares restantes, Campinas registrou algum tipo de revés em relação às posições listadas no ranqueamento anterior. Telecomunicações, que envolve o acesso à banda larga e telefonia móvel de qualidade, e a área de segurança registraram as maiores perdas no ranking, com 45 e 29 posições, respectivamente.

A cidade melhor classificada no ranking foi Barueri, com nota geral de 68,79. Depois aparecem municípios como Florianópolis, com 67,62, São Caetano do Sul, com 65,16, Porto Alegre, com 64,67, São Paulo, com 64,6 e Curitiba com 63,87.

O prefeito Dário Saadi (Republicanos) comentou o desempenho da cidade no levantamento e reconheceu o avanço na área fiscal como propulsora da competitividade da cidade. Por meio de sua assessoria de imprensa, Dário atribuiu a melhora da cidade no ranking de competitividade às ações do Programa de Ativação Econômica e Social (Paes) e à desburocratização da máquina pública, colocados em prática em sua gestão. "Este resultado mostra a evolução que nosso trabalho já proporcionou. E isso nos motiva ainda mais a seguir em frente. Vamos continuar trabalhando e buscando melhorar a vida das pessoas que vivem em Campinas", disse.

O secretário de Finanças, Aurílio Caiado, também comemorou os caminhos tomados pela gestão municipal do ponto de vista fiscal. "Este crescimento demonstra que estamos no caminho certo. Temos feito o dever de casa mantendo o equilíbrio entre despesas e receitas, sem prejuízo nos serviços prestados à população", disse. A Prefeitura não comentou sobre os apontamentos listados no ranking como os desafios que o município ainda precisa avançar para se tornar mais competitiva. 

Para o economista e professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Cândido Ferreira da Silva, para Campinas se tornar, de fato, um município competitivo é necessário sanar problemas pontuais e, principalmente, garantir a sustentabilidade. "Ser mais competitivo é sempre bom, permite produzir mais, consumir uma quantidade menor de recursos, permite inovar, desenvolver novos produtos e serviços. A competitividade do ponto de vista econômico é sempre bom. Mas a competitividade é um problema do Brasil. O país frente a outras economias é pouco competitivo, porque nos temos problemas básicos na infraestrutura, na mão de obra, no conhecimento, no acesso a máquinas e tecnologia. E se a competitividade é um desafio para o país é um desafio maior ainda para as cidades", disse.

Para o especialista, cabe ao poder público municipal contribuir para transformar a cidade em uma região mais competitiva, embora, esse empenho tenha uma capacidade limitada. "As cidades dependem de ter uma boa infraestrutura urbana, acesso de internet de alta qualidade, ter acesso às escolas, população qualificada, ter universidade e institutos de pesquisa, ter empresas de alta tecnologia, então tudo isso é que vai fazer com que uma cidade ou região seja mais competitiva. Campinas é privilegiada em muitos aspectos, mas precisa avançar em outros", destaca.

Segundo o professor, Campinas é uma cidade dinâmica do ponto de vista econômico, com uma população qualificada, finanças equilibradas, mas também apresenta muitos desafios para se tornar efetivamente competitiva. "Telecomunicações é um aspecto hoje fundamental para uma cidade ser competitiva. Campinas traz problemas ambientais, enfim porque é uma cidade urbana, mas temos uma situação de estresse hídrico, temos a questão da emissão de gases tóxicos, é uma cidade que produz muito lixo e têm dificuldades de descarte. Isso são problemas que de alguma forma a cidade precisa pensar meios para se tornar mais sustentável", explica.

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