QUASE 15 MIL CASOS

Campinas decreta estado de emergência devido à dengue

Medida é uma resposta ao avanço da doença, que já matou 3 pessoas este ano

Da Redação
08/03/2024 às 10:07.
Atualizado em 08/03/2024 às 10:07
Os centros de saúde, UPAs e outras unidades de atendimento básico da rede municipal vem registrando intenso movimento por causa do aumento dos casos de dengue em Campinas (Rodrigo Zanotto)

Os centros de saúde, UPAs e outras unidades de atendimento básico da rede municipal vem registrando intenso movimento por causa do aumento dos casos de dengue em Campinas (Rodrigo Zanotto)

A Prefeitura de Campinas anunciou na quinta-feira (7) que, diante do aumento dos casos de dengue, que já somam 14,8 mil ocorrências, decidiu seguir a iniciativa do governo do Estado e declarar estado de emergência. Esta medida foi tomada em resposta ao avanço da doença, que já matou três pessoas somente este ano. Seguindo o exemplo de Jaguariúna, como já adiantado pelo Correio Popular na edição de quinta-feira (7), a cidade poderá agora implementar ações com maior agilidade e receber recursos adicionais do governo federal.

O decreto de estado de emergência em Jaguariúna, que já registra 778 casos confirmados, 91 em fase de investigação, e um caso considerado de sinal de alarme, foi oficializado na quinta-feira (7) na Imprensa Oficial do município. O Decreto Municipal nº 4.666 declara a situação de emergência na saúde pública do município e estabelece medidas mais assertivas no combate à doença.

Nesta sexta-feira (8), uma reunião emergencial será realizada para discutir o avanço da dengue na Região Metropolitana de Campinas (RMC), envolvendo representantes das 20 cidades afetadas. O encontro foi convocado pelo presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC e prefeito de Jaguariúna, Gustavo Reis (MDB), juntamente com o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos).

Em Campinas, a decisão de decretar estado de emergência foi tomada na manhã de quinta-feira (7), após uma reunião entre o prefeito Dário Saadi e os gestores da Secretaria de Saúde. Até o momento, a cidade já contabiliza 14.838 casos confirmados de dengue neste ano, resultando em três óbitos pela doença, além de dois casos importados de chikungunya.

A situação de emergência concede autorização para a adoção de todas as medidas administrativas e assistenciais necessárias para conter o aumento dos casos de dengue. Isso engloba a alocação de recursos financeiros, a agilização na aquisição de insumos como soro e materiais para nebulização, o pagamento de horas extras e a possível contratação de pessoal para reforçar a assistência em saúde. O decreto também viabiliza o recebimento de apoio financeiro do Ministério da Saúde, cujo valor ainda será confirmado, para fortalecer as ações de prevenção e combate à doença.

Na última terça-feira, o governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Saúde, anunciou o decreto de emergência em saúde pública devido à dengue, após recomendação do Centro de Operações de Emergências (COE). Isso se deu em razão do Estado ter atingido a marca de 300 casos confirmados da doença por 100 mil habitantes na segunda-feira. Tal decreto possibilita que tanto o Estado quanto os municípios implementem medidas com maior celeridade e, igualmente, possam receber recursos adicionais do governo federal. Cada município, considerando sua situação epidemiológica específica, pode utilizar essa medida estadual para decretar emergência em nível local.

CASOS EM CAMPINAS E NA RMC

Em apenas dois meses, Campinas já ultrapassou o total de casos registrados em todo o ano de 2023, que foram 11.504, resultando também em três mortes. Pela primeira vez na história, o município detectou a circulação simultânea de três sorotipos da dengue: DEN 1, DEN 2 e DEN 3. Apesar disso, a maioria dos casos ainda é do tipo 1, embora os demais possam levar a formas mais graves da doença. Desde o início de outubro, a cidade tem experimentado condições climáticas consideradas ideais para o desenvolvimento e a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e do Zika Vírus.

A Secretaria Municipal de Saúde de Campinas observou um aumento significativo nos casos confirmados de dengue nas últimas semanas, resultando em três mortes pela doença. As projeções indicam a possibilidade de que o pico da epidemia ocorra no mês de abril.

Na Região Metropolitana, o total de casos de dengue atingiu 19.478, dos quais 211 apresentam sinais de alarme (indicando possíveis evoluções para formas mais graves da doença) e 13 são considerados graves. Seis óbitos estavam em investigação, e em relação ao número de mortes, apenas dois foram registrados no Painel da Dengue do governo do Estado.

Na última quarta-feira, Dário Saadi, que também é vice-presidente de Saúde da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), enviou um ofício ao Ministério da Saúde solicitando uma audiência com a titular da Pasta, Nísia Trindade Lima, para discutir a liberação de recursos emergenciais aos municípios para o enfrentamento da dengue. Esses recursos seriam direcionados para três finalidades: contratação de agentes para controle da doença, reforço do estoque de soros e insumos para nebulização, entre outros. "A parceria entre o Ministério da Saúde e os municípios é fundamental para o sucesso das ações de prevenção e enfrentamento à dengue", destaca o documento assinado por Dário Saadi e pelo presidente da FNP e prefeito de Aracaju (SE), Edvaldo Nogueira.

ORIENTAÇÕES

Qualquer pessoa que apresentar febre deve buscar imediatamente um centro de saúde para realizar um diagnóstico clínico sobre a causa do sintoma. Por isso, a Saúde faz um apelo para que a população não subestime os sintomas e evite a automedicação, pois isso pode comprometer a avaliação médica, o tratamento e a recuperação.

Para aqueles que suspeitam de dengue ou têm a doença confirmada e manifestam sinais como tontura, dor abdominal intensa, vômitos frequentes, sudorese fria ou sangramentos, é fundamental buscar assistência o mais rápido possível em pronto-socorro ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

A Secretaria de Saúde de Campinas também informou que, somente este ano, foram visitados 24,5 mil imóveis em cinco mutirões e ações de visitas domiciliares, que antecederam esses trabalhos específicos com o objetivo de orientar a população e eliminar os focos de reprodução do mosquito transmissor da doença. O próximo mutirão está agendado para este sábado, 9 de março, a partir das 8h. Os agentes da Secretaria de Saúde percorrerão os bairros Núcleo Residencial Gênesis, Núcleo Residencial Getúlio Vargas, Núcleo Residencial Parque Dom Bosco, Parque São Quirino, Jardim Santana, Vila Nogueira, Cafézinho, Jardim Nilópolis e Capadócia.

JAGUARIÚNA

Na edição de quinta-feira (7), a Prefeitura de Jaguariúna também publicou o Decreto Municipal nº 4.666 na Imprensa Oficial, declarando estado de emergência na saúde pública do município. A medida visa preservar a saúde da população mediante a contenção da propagação de arboviroses, em especial da dengue, chikungunya e zika, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, o decreto prevê medidas excepcionais para o combate à dengue. Uma delas é o ingresso forçado em imóveis públicos e privados que se encontrem abandonados, vazios ou cujos moradores se recusem a permitir o acesso de agentes públicos devidamente identificados, quando necessário para conter a propagação das doenças.

Além disso, o documento determina a suspensão de férias e folgas dos agentes de combate a endemias e agentes comunitários de saúde, que atuarão conjuntamente no combate ao mosquito Aedes aegypti. Segundo o decreto, imóveis abandonados são aqueles que demonstram prolongada ausência de utilização, evidenciada por sinais de falta de manutenção ou relatos de moradores da região.

O decreto também autoriza a adoção de todas as medidas administrativas necessárias para conter a doença, incluindo a compra de insumos e materiais, a doação e cessão de equipamentos e bens, a contratação de serviços emergenciais e de servidores temporários, entre outras. Todas as ações entrarão em vigor com a publicação do decreto.

Entre as justificativas para a publicação do decreto estão o elevado número de notificações dos serviços de saúde do município para casos de dengue, já caracterizados como epidemia, e a necessidade de mobilização da população para combater os focos de reprodução do Aedes aegypti. Este mosquito é o vetor transmissor da dengue, tornando essas medidas essenciais para proteger a saúde pública da cidade.

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