Agora já são quatro pessoas que morreram este ano por causa da doença
Rua Dom Jaime de Barros Câmara, no Conjunto Habitacional Padre Anchieta, onde seis pessoas foram contaminadas pelo mosquito da dengue; febre, dor e moleza no corpo (Kamá Ribeiro)
A Prefeitura de Campinas confirmou ontem que mais três pessoas morreram em abril por causa da+ dengue. Anteriormente, em maio, um óbito já havia sido confirmado, portanto a cidade acumula quatro mortes pela doença neste ano. Todas as vítimas faleceram em abril. No dia 5 de abril, um homem de 84 anos, morador da região Sul, morreu pela doença em um hospital da rede privada. No dia 24, um residente da região Norte, de 41 anos, faleceu em outro município. Ainda houve outro óbito ocorrido em hospital particular, também homem, de 77 anos, e morador da região Leste.
Com as quatro mortes confirmadas, 2022 é o quarto ano com mais vítimas da dengue desde 2007. O ano com mais mortes foi 2015, com 22, seguido de 2014, quando dez pessoas morreram, e 2019, com seis vítimas. Estes também foram os três anos com mais casos de dengue, com 65,6 mil, 42,1 mil e 26,3 mil respectivamente.
Em relação aos casos, 2022 é o quinto ano no levantamento. Em apenas duas semanas, foram confirmados mais 1.113 casos de dengue no município de Campinas, totalizando até o dia 13 de junho 8.561 contaminações em 2022. Desde o início do ano, e até o dia 13, também foram nove casos de chikungunya (seis importados e três autóctones) e nenhum registro de zika.
Com uma incidência de 701,7 casos de dengue já confirmados a cada 100 mil habitantes em Campinas, essa média geral do município é superada em duas regiões da cidade: a situação mais complicada é a da região Noroeste, que registra uma incidência de 961,6 - a maior da cidade - e um total de 1.701 casos, correspondendo a um crescimento de 23,97% em apenas duas semanas; em seguida, aparece a região Norte, que registrou 1.954 casos e uma incidência de 838,8 por 100 mil habitantes, uma elevação de 11,59%.
Nas demais regiões, a situação é um pouco mais tranquila, com médias de incidência abaixo da registrada em toda a cidade. A região Sudoeste apresenta uma média de 641,3 casos a cada 100 mil habitantes, Sul, 589, e Leste, 563,7. Embora seja a terceira colocada em incidência de contaminados, a Sudoeste é a que tem menos casos no total: 1.396. A Sul, quarta colocada no ranking da dengue, é a que apresenta mais diagnósticos positivos: 1.962. Por fim, 1.462 moradores da região Leste se contaminaram com a doença desde o início do ano.
Maior incidência
Os locais de abrangência dos centros de saúde Satélite Íris 1, San Martin, Vila Padre Anchieta, Jardim Rosália, São Vicente, Jardim Conceição, Vila 31 de Março e Santos Dumont são os que têm maior incidência da doença. O Correio Popular percorreu durante a tarde de ontem algumas ruas da Vila Padre Anchieta e conversou com lideranças locais e com a população. Enquanto alguns disseram estar em uma situação mais tranquila, sem conhecimento de casos de dengue na vizinhança e dentro de casa, outras pessoas relataram ou já terem sido contaminadas neste ano ou conhecerem alguém que ficou doente.
Na Rua Dom Jaime de Barros Câmara, no Conjunto Habitacional Padre Anchieta, a conselheira local de saúde, Angela Mariana Oliveira Concoruto, contou que foram pelo menos seis casos na vizinhança. Ao contrário dos anos anteriores, a percepção é a de que a dengue atingiu mais o bairro em 2022.
Há 12 anos trabalhando em um comércio desta rua, Cleber Nogueira comentou que não pegou, mas que dois amigos foram contaminados há cerca de um mês. Ao lado dele, estava uma garota de 10 anos que se recuperou da doença há apenas duas semanas. Ela descreveu que os principais sintomas foram febre e dor e moleza no corpo.
Outro morador da região, que não quis se identificar, contou que pode ter se contaminado por um descuido. Assim como os demais, ele recebeu visita de agentes que estavam em busca de criadouros, porém não os deixou entrar em casa. Poucos dias depois, o homem sentiu-se mal e descobriu que estava com dengue. Ele afirmou ter ficado duas semanas com sintomas, mas agora está recuperado.
Esforço conjunto
A Prefeitura informou que o trabalho contra as arboviroses, como chikungunya, zika, dengue, doenças causadas pelo Aedes aegypti, é ininterrupto e que, de 1º de janeiro de 2020 a 31 de maio deste ano, foram realizadas 1.443.677 visitas a imóveis para controle de criadouros. Além disso, mais de 415 mil construções em áreas de transmissões foram nebulizadas e quase 110 mil toneladas de resíduos foram recebidos nos ecopontos da cidade. Outras 64 mil toneladas de resíduos, alguns despejados irregularmente, foram recolhidas em ações cata-treco.
De acordo com levantamento do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), 80% dos criadouros estão dentro de casa. Por isso, a luta contra as arboviroses depende de um esforço conjunto do poder público e da população.
Trocar a água dos vasos de plantas a cada dois dias, além de não deixar água acumulada em objetos como latas, pneus e garrafas são algumas das recomendações para evitar a proliferação do mosquito e a criação de focos dentro de casa. Outra orientação é que a caixa d'água seja bem vedada e que os vasos sanitários não utilizados permaneçam fechados por conta da água parada.
Febre alta, dores nas articulações, atrás dos olhos e nos músculos, dores de cabeça, náusea, perda de apetite e manchas avermelhadas são alguns dos principais sintomas da dengue.