Campinas bate a capital em taxa de mortes pela covid

A pandemia da covid-19 em Campinas traz mais um triste número para a cidade. Dados da Prefeitura de Campinas, divulgados no último dia 9 de abril, por meio do Boletim Epidemiológico Semanal Covid-19, apontam que o município supera a cidade de São Paulo, o Estado e até o país a cada 100 mil habitantes em taxa de incidência e mortalidade provocada pelo novo coronavírus.

A taxa de incidência refere-se ao número de novos casos em uma população em um determinado tempo. E a taxa de mortalidade informa quantas pessoas estão morrendo pela doença em uma determinada população.

Os dados municipais foram apurados pela Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa). Já o comparativo com o Estado, município de São Paulo e país levaram em conta informações coletadas junto a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), do Governo do Estado, e do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), do Ministério da Saúde, que é a ferramenta utilizada pela Vigilância Epidemiológica das cidades para notificação dos casos referente a pandemia.

Os dados

Pelas informações, a incidência da doença apurada em Campinas a cada 100 mil habitantes está em 6.941,4. Na ocasião da divulgação dos dados a cidade registrou 84.695 casos. A população de Campinas, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de pouco mais de 1,2 milhão de habitantes.

No país, a cada 100 mil habitantes, a taxa de incidência do vírus na população é de 6.271,3. No Estado é de 5.656,4. E no município de São Paulo de 5.322,5. Ou seja, em todos os comparativos, levando-se em consideração o total populacional de cada região, a taxa campineira de incidência de casos é superior.

Quando observado a taxa de mortalidade em Campinas, a covid-19 mata 214,6 pessoas a cada 100 mil habitantes. No país a taxa é de 162,9 pessoas a cada 100 mil habitantes, no Estado é de 175,8 e em São Paulo, 193,8.

Na avaliação do médico, André Giglio Bueno, professor da disciplina de Infectologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puc-Campinas), os números apurados chamam a atenção, principalmente, pelo fato de Campinas passar o município de São Paulo. Segundo ele, por algum tempo na pandemia as taxas paulistanas eram maiores.

"Comparar com o Estado e país fica mais a título de curiosidade, pois mistura-se muitas realidades diferentes, municípios de portes muito distintos, locais em momentos diferentes da epidemia. Mas o fato de a mortalidade ser maior do que a do município de São Paulo expõe a extrema gravidade da epidemia em Campinas", explica.

Para a prefeitura, os números expõem a eficiência do trabalho de vigilância em Saúde do município. O Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas (Devisa), informa que nos números estaduais e do país ocorrem muita subnotificação de casos, o que não acontece em Campinas. As subnotificações, segundo a Prefeitura, fazem com que os números não evidenciem a realidade do impacto da pandemia nas regiões comparadas.

Cidade deve alcançar 87 mil contaminados em breve

Nas últimas 24 horas foram mais 660 vítimas e, a continuar nesse ritmo, Campinas estará muito próxima de atingir esse número de doentes

A explosão de novos casos e mortes segue sem dar trégua na cidade. Só nas últimas 24 horas foram registrados 660 novos casos de covid-19, totalizando agora 86.593 pessoas contaminadas desde o início da pandemia. Se o ritmo de contaminação seguir como nos últimos quatro dias, Campinas chega a marca de 87 mil contaminados entre hoje e amanhã.

O município também registrou 34 novas mortes em decorrência do novo coronavírus. Agora, são 2.735 óbitos. Eram 2.701 no levantamento anterior.

Da última sexta-feira até ontem, Campinas registrou 2.455 novas contaminações pela covid-19. No período ocorreram 137 mortes.

Dos novos casos fatais registrados nas últimas 24 horas na cidade, 17 eram mulheres e 17 homens. Trinta deles tinham doenças preexistentes (comorbidades). Com relação à faixa etária, 19 vítimas tinham mais de 60 anos e 15 tinham entre 26 e 58 anos.

O cuidado com as medidas de isolamento social e uso de máscaras deve continuar, pois o colapso no sistema de saúde público provocado pela pandemia ainda não terminou.

Apesar de uma melhora na taxa de ocupação de leitos hospitalares exclusivos para a covid-19 na cidade, a situação ainda é considerada crítica. Campinas encerrou a quarta-feira, com 406 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para pacientes com covid-19 nas redes pública e particular de saúde. Deste total, 364 estão ocupados, o que corresponde a 89,66%.

Há 42 leitos livres, sendo 39 deles na rede privada. Há 34 pacientes contaminados pelo coronavírus em estado grave à espera de leitos de enfermaria e de UTI hoje no SUS municipal. Dos 162 leitos disponíveis no SUS Municipal, 159 estão ocupados, o que equivale a 98,15%. Há três leitos livres. Na rede particular dos 244 leitos disponíveis, 205 estão ocupados, o que equivale a 84,02% de taxa de ocupação. Acima de 85% de ocupação, o sistema é considerado colapsado.