Ação Social

Campinas ajuda a calçar africanos

Célula local da Fraternidade sem Fronteiras arrecada chinelos para carentes de Moçambique

Rogério Verzignasse
01/09/2018 às 19:16.
Atualizado em 22/04/2022 às 06:01
Célula local da Fraternidade Sem Fronteiras arrecada chinelos para carentes em Moçambique (Lizandra Perobelli)

Célula local da Fraternidade Sem Fronteiras arrecada chinelos para carentes em Moçambique (Lizandra Perobelli)

“A carência também dói nos pés dos moradores de Moçambique”. A frase, forte, é uma forma que um grupo de voluntários encontrou para convencer o campineiro a doar chinelos, que serão distribuídos pelo interior do país africano. E, se a intenção era comover, a campanha acertou em cheio. Impressionados com as fotografias veiculadas em sites e cartazes, os doadores brotaram por todo canto. Em pouco menos de um mês, já foram arrecadados três mil pares. A entidade responsável pela ação é a organização não-governamental Fraternidade sem Fronteiras (FSF), fundada em 2009. O grupo arrecada mantimentos e donativos em cerca de 50 células espalhadas pelo País, e os encaminha a comunidades carentes de nações paupérrimas. A campanha dos chinelos foi idealizada por voluntárias campineiras. A comissária de bordo Talita Viera e a servidora pública Mônica Yuri participaram de uma “caravana” pela África e ficaram chocadas com o que viram. “As pessoas andam de pés descalços, se ferem, desenvolvem verminoses, necroses e tétano”, afirma Mônica. “Se a gente ajuda a calçar uma criança, a protegemos.” E a opção pelos chinelos é simplesmente cultural. Em campanhas anteriores já foram arrecadados tênis e sapatos, por exemplo. Mas o calçado fechado deixa o moçambicano da roça incomodado. Eles querem chinelos mesmo. E assim foi feito. Os caixotes com pares doados chegam sem parar. O terceiro andar do prédio onde funciona a sede da ONG em Campinas está forrado de chinelos. Mas se espera arrecadar bem mais. De acordo com uma projeção feita com base no cadastro de pessoas assistidas pela ONG, ainda são necessários mais sete mil pares. O grupo A Fraternidade sem Fronteiras não tem uma única fonte fixa de renda. Cada ação, cada campanha, é financiada com dinheiro dos próprios voluntários. Eles é que vão pagar, por exemplo, as despesas para o transporte dos chinelos até a África. A sede da célula campineira, por exemplo, funciona em um prédio de três andares da Rua Costa Aguiar, a duas quadras da Estação Cultura. “O imóvel foi cedido gratuitamente à ONG”, afirma o empresário Ranieri Dias, de 49 anos, dirigente local da entidade. No térreo, funciona um bazar, onde são vendidas roupas novas e peças usadas em bom estado. No segundo piso, fica o “saldão” com roupas e calçados bem simples, a preços muito baixos. No terceiro, funciona o estoque de peças doadas. É onde as doações passam por triagem e os caixotes de chinelos estão guardados. No entanto, a ONG tem poucos voluntários em Campinas. Só 30, que se revezam no bazar nas manhãs de segunda-feira e sábado. Cada um trabalha no dia que pode. “A gente sonha envolver mais gente, abrir as portas todos os dias da semana. E vamos conseguir. Quem conhece o trabalho feito por aqui adere ao grupo”, afirma o dirigente.

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