A Prefeitura de Campinas intensificará as ações de combate à proliferação do Aedes aegypti ? mosquito transmissor da dengue
A Prefeitura de Campinas intensificará as ações de combate à proliferação do Aedes aegypti — mosquito transmissor da dengue —, prioritariamente, nos bairros das regiões Noroeste e Norte do município. No atual momento, a região que mais preocupa o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) é a do Campo Grande, que lidera o número de casos com um percentual de 38%. Barão Geraldo, Taquaral e Sousas também estão em estado de alerta para uma eventual epidemia da doença. Segundo a Prefeitura, o número confirmado de casos de dengue na cidade ainda não é epidêmico, mas é muito preocupante, já que somente nos três primeiros meses deste ano, o total de casos supera todos os registros da doença do ano passado inteiro — são 556 casos confirmados em 2019, contra 301 de 2018. Ainda há outros 1.390 casos sob investigação e que aguardam respostas. Embora avalie que a dengue não seja o fator mais preocupante da Saúde no momento, a diretora do Devisa, Andrea Von Zuben, disse que o aumento neste ano ficou acima do esperado, considerando-se a média histórica da década. Ela explica também que todos os casos da doença no município neste ano são do vírus tipo 2 (DEN-2), o que preocupa ainda mais as autoridades. “Quando você pega um tipo de dengue, você fica imune a ele automaticamente. O problema é que como o tipo 2 não circulava na cidade há muito tempo, praticamente 100% dos moradores estão suscetíveis a serem contaminados”, revela. Por esse motivo, Andrea afirma que é fundamental que a população de Campinas elimine possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti e que dê preferência às unidades básicas de saúde (UBSs) na hora de procurar um atendimento diante da apresentação dos sintomas da doença, que incluem: febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas, vômito ou diarreia, entre outros. “Ao contrário da última epidemia, este ano vamos fazer ações de forma localizada. No caso da região noroeste, há diversas reuniões ocorrendo, visitas em residências, acesso às unidades de saúde, entre outros”, comenta. O secretário de Saúde, Carmino de Souza, explica que o objetivo das ações de prevenção é evitar que novos óbitos sejam registrados no município. “Cada morte é uma grande derrota”, disse. Entre os grupos que mais preocupam estão: idosos e crianças, por não terem imunidade adequada. Além disso, ele ressalta também que, por enquanto, não foram registradas ocorrências graves no município e que Campinas vai disponibilizar, ainda esta semana, três salas exclusivas para hidratação. “Uma será próxima do Hospital Mário Gatti, outra na região do Campo Grande e uma na região do Ouro Verde. Ainda vamos decidir os locais”, informa. A pasta projeta entre 3 mil e 5 mil casos de dengue neste ano, um intervalo que representa, cerca de 10 a 15 vezes menos que o registrado em 2014 e 2015, quando a cidade enfrentou a maior epidemia de sua história, com 107,7 mil confirmações de dengue. Em 2014, foram 42.109 casos confirmados e 65.634 em 2015. Nesses dois anos, houve o registro de 32 pessoas mortas por causa da doença. SAIBA MAIS A dengue é uma doença causada por um vírus e transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. Ao todo, existem quatro tipos de dengue, de acordo com os quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A transmissão acontece durante a picada de um mosquito infectado com vírus. Após a picada, os sintomas não são imediatos, já que o vírus possui um tempo de incubação que dura entre 5 a 15 dias. Passado esse tempo, começam a surgir os primeiros sintomas, que podem incluir dor de cabeça, febre alta, dor no fundo dos olhos e dor no corpo. Crescimento da doença no Brasil chega aos 264% A disparada dos casos de dengue não se restringe a Campinas. Dados do Ministério da Saúde divulgados na segunda-feira apontam que o Brasil registrou 229.064 ocorrências apenas nas 11 primeiras semanas deste ano. O número significa um aumento de 264% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 62,9 mil casos. A incidência da dengue no País até 16 e março é de 109,9 casos por 100 mil habitantes. As mortes provocadas pela doença acusaram aumento de 67%, passando de 37 para 62 — a maioria no estado de São Paulo, com 31 óbitos, informou o ministério. O número representa 50% do total de todo o País. Apesar do aumento expressivo no número de casos, a situação ainda não é classificada pelo Governo Federal como epidemia. O último cenário de epidemia identificado no País, em 2016, segundo o Ministério da Saúde, teve 857.344 casos da doença entre janeiro e março. “É preciso intensificar as ações de combate ao Aedes aegypti (mosquito transmissor da doença) para que o número de casos de dengue não continue avançando no País”, destacou o Ministério. Alguns estados têm situação mais preocupante, com incidência maior que 100 casos por 100 mil habitantes: Tocantins (602,9 casos/100 mil habitantes), Acre (422,8 casos/100 mil habitantes), Mato Grosso do Sul (368,1 casos/100 mil habitantes), Goiás (355,4 casos/100 mil habitantes), Minas Gerais (261,2 casos/100 mil habitantes), Espírito Santo (222,5 casos/100 mil habitantes) e Distrito Federal (116,5 casos/100 mil habitantes). Ainda de acordo com os dados do Ministério, o Sudeste apresenta o maior número de casos prováveis (149.804 casos ou 65,4 %) em relação ao total do País, seguido pelas regiões Centro-Oeste (40.336 casos ou 17,6 %); Norte (15.183 casos ou 6,6 %); Nordeste (17.137 casos ou 7,5 %); e Sul (6.604 casos ou 2,9 %). O Centro-Oeste e o Sudeste apresentam as maiores taxas de incidência de dengue, com 250,8 casos/100 mil habitantes e 170,8 casos/100 mil habitantes, respectivamente. (Da Agência Brasil) MPF cobra informações de municípios da região de Jales Ontem, o Ministério Público Federal (MPF) cobrou informações das prefeituras de 22 municípios na região de Jales, noroeste do estado de São Paulo, sobre medidas adotadas para o combate à dengue. Segundo o MPF, cidades da região vêm registrando altos índices de infestação do mosquito Aedes aegypti, que transmite a doença — algumas áreas, inclusive, enfrentam epidemias. No município de Fernandópolis, uma idosa infectada morreu há duas semanas. As prefeituras têm prazo de 10 dias para indicar quais providências estão tomando neste ano com o objetivo de reduzir os riscos de transmissão da dengue. O MPF pede também um levantamento sobre os casos registrados da doença e a aplicação de multas a moradores que mantenham focos de proliferação do mosquito, como recipientes descobertos que acumulem água parada. O estado de São Paulo registrou, do início deste ano até o último dia 15, 36.791 mil casos de dengue. A Prefeitura de Bauru informou na última semana que foram registrados 6.008 casos de dengue no município desde o início deste ano. A Divisão de Vigilância Epidemiológica confirmou 10 mortes pela doença, além de nove óbitos que ainda são investigados pelo Instituto Adolfo Lutz. Dez cidades do interior paulista concentram 56,9% dos registros da doença. Além de Bauru, estão em estado de atenção as cidades de Araraquara (3.275); São José do Rio Preto (3.239); Andradina (2.401); Barretos (1.900); Fernandópolis (1.260); São Joaquim da Barra (1.251); São Paulo (665); Agudos (660) e Palestina (636). (AE)