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‘Caminhos Convergentes’ mostra pesquisas artísticas em exposição coletiva

Metal, vidro, telas, fios, fotos e tintas são alguns dos materiais presentes na mostra onde nove artistas revelam emoções, preocupações e costumes, utilizando a linguagem da arte

Da Redação/ [email protected]
04/04/2024 às 15:38.
Atualizado em 04/04/2024 às 15:38
A exposição traz obras que destacam os desenhos delicados da porcelana, utilizam imagens de nadadoras para provocar a reflexão sobre o mergulho nas profundezas das águas e ressaltam as cores fortes e a musicalidade presentes em Cuba (Divulgação)

A exposição traz obras que destacam os desenhos delicados da porcelana, utilizam imagens de nadadoras para provocar a reflexão sobre o mergulho nas profundezas das águas e ressaltam as cores fortes e a musicalidade presentes em Cuba (Divulgação)

Usando técnicas e materiais diferentes, nove artistas se reúnem semanalmente no Tote Espaço Cultural, em Sousas, para realizar pesquisas, experimentos e discussões sob a coordenação da artista e curadora Norma Vieira. O resultado dessas iniciativas individuais está sendo compartilhado de maneira coletiva na exposição “Caminhos Convergentes”, que será inaugurada na sexta-feira (5), às 18h30. São 25 obras, entre pintura, instalação, site-specific (obras criadas de acordo com o ambiente num espaço determinado) e vídeo, como apresentação do trabalho do Grupo de Arte do Tote durante o ano de 2023. A entrada é gratuita. 

Norma explica que “a pesquisa individual se juntou ao coletivo onde o compartilhamento de experiências foi se apresentando em pesquisas diversificadas, durante o processo criativo de cada artista do grupo, que tem sua linguagem própria e, algumas vezes, todos trabalham em conjunto para novas experiências e novas técnicas”. No texto curatorial, ela chama a atenção para as características empregadas nas obras de cada artista.

Cesar Ferrer, com suas pinturas, exibe seus entrelaçados coloridos, como fios que se apresentam em cabeças femininas correndo soltos, rebeldes, instigantes. Linhas que perscrutam a natureza e explodem em cores. Movimentos de ondas que vão e que vêm sugerindo uma imensidão. 

Renata Zangelmi desvela das paredes descascadas das ruas cubanas tempos ancestrais e sociais. Cores fortes resistem ao tempo e contagiam a atmosfera quente e exuberante onde a musicalidade se faz presente. “Imagens trabalhadas digitalmente velam e revelam a história cubana, sua riqueza e complexidade: a herança afro-diaspórica, a colonização espanhola, os anos sob influência dos Estados Unidos e a Cuba da revolução. São sedimentos simbólicos de uma história formada, sobretudo, do elemento humano, do espírito comunitário de um povo que ainda resiste à sua condição de isolamento”, afirma a artista. 

Flavio Gordon traz na gênese de suas linhas, sejam elas na dureza do metal ou na maciez das imagens orgânicas, a sua formação de arquiteto e, também, sua vivência com as florestas. Falando de um tempo de transformação da vida por meio da fotografia, ele extrapola para a instalação onde denuncia a devastação da natureza com folhas já sem vida, vazias, inertes.

Vera Orsini, com habilidade, mostra paisagens delicadas e transparentes elaboradas com sobreposição de camadas de vidro e fotografia, desafiando os visitantes a pensarem a passagem do tempo. Tempo esse que em Vestígios Inviolados preserva a natureza no entrevidros. “Tão frágeis e tão potentes! Desafios de vida latente que insistem em se fazer presentes em translúcidas cores, tão poéticas como a própria artista.” 

Li Annicchino, no amadurecimento de sua pesquisa pictórica, apresenta em grandes formatos a experiência com as cores e a reafirmação da linguagem da pintura. Em gestos viscerais, como ela própria se expressa: “sinto um fervor dentro de mim, minhas mãos esquentam, meu coração acelera, tenho que pintar”. E assim surgem, vindos dessa emoção, as cores vibrantes que se mesclam em manchas cheias de vida.

Iara Gonçalves, com a fluidez das imagens tão femininas, tece e evoca memórias que carrega de sua própria ancestralidade, onde gestos construtivos se repetem através da linha, do bordado, do corte e da costura no DNA que a própria artista carrega e transborda para sua descendência, no percurso artístico próprio e pessoal.

Lídia Madeira estimula a pensar as dores do soldado que habita em cada pessoa. Essa dor dilacerante que faz com que lutem nas trincheiras da vida sem saber da vitória ou da rendição. Mas, em sua batalha, as cores e as pinceladas são as armas que maneja com maestria, pulsantes de vida. Sua instalação convoca a imagem que o presente não deixa desertar.

Marília Ferraz observa os gestos femininos em cúmplices momentos de vaidade e proximidade. Memória de tempos tão representativos onde a pausa e o cafezinho se faziam presentes e hoje, na velocidade do mundo contemporâneo, são quase esquecidos. A repetição dos desenhos delicados dos serviços de porcelana se agiganta como suplicando para um retorno do afeto, da pausa e da emoção.

Com suas obras, Sintia Cunha faz mergulhar literalmente nas profundezas das águas. “Quem são essas nadadoras que nos habitam com cabeças e pés desordenados? Juntas nesse universo onde no trampolim cada um terá que esperar a sua vez. Divertidas como Barbies, são faceiras, bem-humoradas. Seus olhos e alma se escondem em óculos que as protegem no imenso mergulho nas frias águas, para emergirem num suspiro profundo de retorno à vida”, destaca a artista.

PROGRAME-SE

Exposição “Caminhos Convergentes” 

Quando: abertura, dia 5, das 18h30 às 21h 

Visitação guiada com os artistas às quartas-feiras, das 14 às 17h. Aberto às quintas e sextas das 14h30 às 17h e aos sábados das11h às 13h até o dia 3 de maio

Onde: Tote Espaço Cultural, na Av. D. Maria Franco Salgado, nº 260, Sousas

Entrada gratuita 

Informações: Whatsapp (19) 98351 0084 

(19) 98148 7444

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