REGULARIZAÇÃO DE DÍVIDAS

Caminhão da Serasa atende duas mil pessoas no Centro de Campinas

Atendimento foi estendido por mais uma semana devido à grande procura

Isadora Stentzler/ [email protected]
10/09/2023 às 10:37.
Atualizado em 10/09/2023 às 10:37
Uma extensa fila se formou na manhã de ontem no Largo da Catedral, onde a Serasa oferece serviços de regularização de dívidas por meio de um caminhão rosa; serviço estará disponível no local por mais uma semana (Kamá Ribeiro)

Uma extensa fila se formou na manhã de ontem no Largo da Catedral, onde a Serasa oferece serviços de regularização de dívidas por meio de um caminhão rosa; serviço estará disponível no local por mais uma semana (Kamá Ribeiro)

O Caminhão da Serasa, que oferece renegociação de dívidas, atendeu 2.069 consumidores e firmou 2.464 acordos em um período de cinco dias no Largo da Catedral. Inicialmente planejado para encerrar suas atividades no sábado (9), o programa foi estendido por mais uma semana devido à grande procura da população local. Campinas é a única cidade do interior do Brasil a receber o caminhão, que normalmente circula apenas pelas capitais. A cidade conta com 434 mil residentes inadimplentes, apresentando uma média de dívida por pessoa de R$ 6 mil, um índice superior à média nacional.

"Campinas abriga quase 500 mil pessoas com dívidas, cuja média é uma das mais altas do país, chegando a R$ 6 mil por indivíduo. Além disso, a quantidade de endividados é significativamente alta. Isso motivou a população a buscar nossa ajuda para regularizar suas pendências e restaurar seu acesso ao crédito", observa André Bonardo, especialista da Serasa.

Segundo Bonardo, as negociações mais procuradas envolvem faturas de bancos, serviços de telefonia e varejistas. No entanto, não são oferecidos serviços de renegociação para dívidas relacionadas a contas de luz, água ou protestos. Ele também ressalta que descontos de até 95% do valor das dívidas estão sendo aplicados.

No Brasil, existem 71,41 milhões de pessoas endividadas, representando 43,72% da população, com uma dívida média por pessoa de R$ 4.923,97. O total das dívidas dos brasileiros soma R$ 351,6 bilhões. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) anual, publicada em janeiro deste ano pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o perfil típico da pessoa endividada no Brasil é uma mulher com menos de 35 anos, ensino médio incompleto, residente nas regiões Sul ou Sudeste, e cuja família possui renda de até dez salários mínimos.

Na série histórica que teve início em 2011, o ano de 2022 registrou um recorde preocupante: 77,9% das famílias estavam endividadas, representando um aumento de 7 pontos percentuais em relação a 2021 e um significativo aumento de 14,3 pontos em comparação com 2019, período pré-pandemia de covid-19. O índice mais baixo foi observado em 2018, quando 60,3% das famílias estavam endividadas.

Interior do caminhão rosa da Serasa que recebeu ontem mais de duas mil pessoas e fechou 2.464 acordos em um período de cinco dias de atendimento no Centro (Kamá Ribeiro)

Interior do caminhão rosa da Serasa que recebeu ontem mais de duas mil pessoas e fechou 2.464 acordos em um período de cinco dias de atendimento no Centro (Kamá Ribeiro)

A pesquisa anual Peic também apontou que 17,6% dos endividados consideraram-se em situação de muito endividamento, o patamar mais elevado já registrado na série histórica. Além disso, entre as famílias com renda mais baixa, duas em cada dez comprometeram mais da metade de sua renda mensal para quitar suas dívidas, enquanto esse índice foi reduzido pela metade entre aqueles com rendimentos mais elevados. Isso sugere que o superendividamento está concentrado, predominantemente, entre os segmentos mais economicamente vulneráveis da população.

De acordo com o estudo, em média, ao longo de 2022, o brasileiro gastou R$ 302 em dívidas a cada R$ 1 mil de renda. No total, 70% das famílias comprometeram pelo menos 10% de sua renda com pagamentos de dívidas. Alarmantemente, mais de 1/5 dos endividados precisaram destinar, no mínimo, metade de seu salário para quitar suas dívidas.

NOME LIMPO

Quem buscou o serviço no sábado pela manhã na tentativa de limpar o nome ficou satisfeito em poder renegociar dívidas antigas que estavam tirando o sono. Caso de Elizabett Paulino Bergamim, de 75 anos. Recentemente ela soube que estava inadimplente com os cartões de crédito. Eram duas dívidas: uma de pouco mais de R$ 1 mil e outra de R$ 2 mil. "Nem minha conta era. Foi minha sobrinha que extrapolou nos cartões, mas eu vou pagar para limpar o nome. Ganhei um desconto e vou poder parcelar", disse, após ser atendida. No caso dela, as dívidas foram renegociadas e divididas em parcelas de R$ 200, o que encaixa no orçamento familiar sem comprometer a renda.

Dívidas no cartão de crédito como a dela foram as mais citadas pelas pessoas ouvidas pela reportagem em Campinas. Elas eram justificadas como compras que saíram do controle ou até o uso do cartão por outra pessoa da família.

O pedreiro José Francilini, de 38 anos, estava com R$ 10 mil em dívida e o nome já estava sujo nesse tipo de ocasião. "A gente fica um pouco chateado, ainda mais porque não tinha sido eu que fiz a dívida, mas tenho que pagar, é o meu nome", contou. Ele não citou o desconto recebido, mas disse que ficou de acordo com a sua realidade e que poderá regularizar seu CPF dessa forma. 

O desejo de ter de volta o poder aquisitivo e realizar compras parceladas também motivou Sara Regina, de 42 anos, a renegociar. Os cartões chegaram a R$ 12 mil e ela não tinha condições de arcar com a fatura. "Chequei aqui (Largo da Catedral) e meu nome ainda está limpo. Ainda está tranquilo, mas fico preocupado porque preciso comprar parcelado e não posso", afirmou.

Elizabett saiu mais aliviada e contente ontem, após fechar um acordo para o pagamento de duas dívidas de cartão de crédito (Kamá Ribeiro)

Elizabett saiu mais aliviada e contente ontem, após fechar um acordo para o pagamento de duas dívidas de cartão de crédito (Kamá Ribeiro)

CAMINHÃO DA SERASA

Além da renegociação de dívidas, motivo de maior interesse da população, a unidade móvel que está percorrendo o Brasil também dá a possibilidade de consultar a pontuação de crédito (Score), solicitar empréstimo e cartões de crédito e aprender a monitorar os dados pessoais. 

O atendimento retorna na terça-feira (12), das 9h às 18h, e encerra no sábado, dia 16, quando funcionará das 9h às 13h. A Serasa alerta que os atendimentos devem ser feitos dentro do horário e que pessoas que não puderem comparecer presencialmente podem acessar os mesmos serviços a partir dos canais oficiais: www.serasa.com.br, app Serasa no Google Play e App Store ou pelo número WhatsApp (11) 99575-2096.

A entidade ainda alerta para possíveis golpes de criminosos se passando por consultores ou especialistas da Serasa. Eles utilizam aplicativos de mensagens, redes sociais ou sites falsos para oferecer acordos fictícios e descontos apelativos para chamar a atenção do usuário. A Sarasa destaca que é fundamental que os consumidores verifiquem a veracidade do canal e contato pelo qual estão negociando.

"Além do prejuízo financeiro ao pagar um boleto falso, há um impacto emocional gerado pela frustração de cair em um golpe", comenta a gerente de Prevenção a Fraudes da Serasa, Patricia Camillo. Para garantir uma experiência segura, a Serasa adota uma série de medidas preventivas e disponibiliza uma ferramenta que ajuda na identificação de boletos e códigos Pix falsos, chamada Validador de Boletos e Chaves Pix, que pode ser acessada gratuitamente no aplicativo e no site oficial da Serasa. Com informações da Agência Brasil

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