Informais são contra a ação da Prefeitura que proíbe a venda de produtos na Rua Treze de Maio
Na sessão, os ambulantes levantaram cartazes em protesto (César Rodrigues/AAN)
Cerca de 50 camelôs protestaram nesta quarta-feira (11) na sessão da Câmara de Campinas contra a ação da Prefeitura que proíbe a venda de produtos na Rua Treze de Maio antes da abertura das lojas e após o fechamento. A prática é antiga, mas ultimamente tem gerado reclamações de que o grande volume de mercadoria espalhada na rua atrapalha o serviço da Guarda Municipal (GM) e da Polícia Militar (PM), que não conseguem trafegar pela via. Os ambulantes negam e afirmam que a presença deles no Centro à noite contribui com a segurança. O protesto teve apoio de alguns parlamentares que defenderam os camelôs na tribuna. O Sindicato dos Informais vai procurar nesta quinta-feira (12) a direção da Serviços Técnicos Gerais (Setec), que fiscaliza o uso do solo público, para que o comércio seja permitido. Durante a sessão desta quarta, eles apresentaram um abaixo-assinado com cerca de 2 mil nomes em apoio à venda das mercadorias. O documento traz assinaturas de gerentes das lojas, funcionários e dos consumidores. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Setec informou que a operação no Centro começou terça-feira (10) e vai continuar por tempo indeterminado. Antes de esse embate vir à tona na imprensa na última semana, não havia fiscalização, principalmente pela falta de funcionários da Setec. Os camelôs se instalam na Treze de Maio pela manhã, antes dos fiscais chegarem, das 6h às 8h, e no final da tarde, depois das 18h, quando já foram embora. Além de não ter licença para usarem aquele espaço como ambulantes, os camelôs comercializam também produtos sem nota fiscal. Eles espalham lonas na rua para expor a mercadoria que vai desde roupas a perfumes e objetos eletrônicos. Na sessão, os ambulantes levantaram cartazes em protesto. "Isso é perseguição com a população" e "preconceito contra os camelôs", constavam nas faixas que foram levadas pelos manifestantes. Os vendedores afirmam que estão tendo prejuízos desde que a fiscalização foi intensificada no local desde terça-feira (10). "Não temos onde trabalhar. Nesses dias não estamos vendendo nada", disse uma ambulante. A maior parte dos vendedores que usam a Treze de Maio é camelô que possui banca dentro do camelódromo, mas na área onde há pouco movimento - próximo à Rua Jaime Ulhôa Cintra. Essa região sofre com os problemas de degradação do Centro de Campinas e permanece às moscas desde que um acesso ao Terminal Central, pela Rua Senador Saraiva, foi aberto, o que fez com que o fluxo de pessoas nessa parte do camelódromo caísse de forma significativa. "Se essas pessoas não forem para a Treze de Maio, eles não vendem nada. Estamos lutando pelo direito das pessoas trabalharem", disse a presidente do sindicato Maria José Salles. O vereador Carlinhos Camelô (PT) defendeu os ambulantes na tribuna e afirmou que os comerciantes não são contra a venda de mercadoria à noite. "Eles não reclamam. Trabalhando lá depois das 19h não atrapalha ninguém. Isso que acontece é uma coisa pessoal contra os camelôs. Esse trabalho sustenta famílias", disse o vereador. AssociaçãoO diretor da Associação Comercial e Industrial (Acic), Edvaldo de Souza, afirmou nesta quarta durante o programa de debate na Câmara, à tarde, que a entidade não vê problemas na venda na Treze de Maio, desde que seja após o fechamento das lojas. Seu posicionamento contraria a fala da presidente da associação, Adriana Flosi, em entrevista ao Correio nesta semana que afirmou que a permanência dos ambulantes no local atrapalha o patrulhamento da PM e GM. A Acic chegou a solicitar providências a Setec. Adriana afirmou que a segurança na região está comprometida.