NOVO CAMELÓDROMO NO COMPLEXO FERROVIÁRIO

Camelôs aguardam autorização para iniciar obras de shopping

Aprovação do Condepacc precisa ser publicada no Diário Oficial do Município

Thiago Rovêdo
01/04/2022 às 14:45.
Atualizado em 01/04/2022 às 14:45
O objetivo da construção do shopping popular em parte do pátio ferroviário da antiga Fepasa é transferir para o local todos os camelôs do Centro de Campinas, visando a promover a revitalização da área central (Ricardo Lima)

O objetivo da construção do shopping popular em parte do pátio ferroviário da antiga Fepasa é transferir para o local todos os camelôs do Centro de Campinas, visando a promover a revitalização da área central (Ricardo Lima)

O Sindicato dos Empreendedores Individuais de Ponto Fixo Público e Móvel de Campinas (Sindipeic) confirmou que está apenas aguardando a autorização do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) para iniciar as obras do shopping popular da categoria dentro da estrutura do pátio ferroviário. O projeto, que inclui a restauração do prédio no qual os camelôs do Centro da cidade irão se instalar, já está pronto.

De acordo com o vereador Carlinhos Camelô (PSB), representante da categoria, assim que o Sindipeic tiver o aceno positivo por parte do poder público, o projeto do shopping popular será protocolado no Departamento de Urbanismo (DU). As obras, que estavam previstas para começar em janeiro, então atrasadas e ainda não há uma previsão de quando serão iniciadas.

A Prefeitura de Campinas confirmou, no início de fevereiro, que a situação do tombamento de áreas do pátio ferroviário se tornou um entrave para o início das obras do shopping popular no local.

"Quando a gente pegou para realizar o projeto, tinha um vazio tombado ali. Tudo era tombado. Absolutamente tudo. No nosso projeto, o barracão vai ser restaurado, dentro de todos os procedimentos do Condepacc. Vamos manter o patrimônio histórico de Campinas da mesma forma. Ninguém vai mexer nisso e esse assunto nunca foi nem comentado por ninguém", afirmou Carlinhos.

Para a construção do shopping popular, já existe um contrato que foi assinado no final de novembro, no valor de R$ 128,2 milhões, entre a Administração Municipal e a empresa Engemon Comércio e Serviços Técnicos Ltda., responsável pela obra. Pelo acordo firmado entre os representantes dos camelôs e a Prefeitura, por meio de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), o novo espaço de comércio popular será construído na área do pátio ferroviário.

"Estamos esperando a oficialização da autorização do Condepacc ser publicada no Diário Oficial e vamos levar o projeto ao Departamento de Urbanismo para iniciar a construção", completou Carlinhos.

Os investimentos na construção do centro de compras serão custeados por microempreendedores. Cerca de 1,2 mil camelôs cadastrados na Prefeitura que trabalham na região central serão transferidos para o novo prédio. A previsão é que o novo shopping popular conte com 1.687 boxes comerciais e cinco entradas pelo calçadão.

Procurado, o Condepacc afirmou, por meio de nota oficial, que vai se pronunciar após análise dos técnicos e quando o assunto entrar na pauta de reunião, sem data prevista.

Outra área

No dia 17 de março, o Condepacc aprovou, por unanimidade, mudanças em resoluções que tratam do tombamento do pátio ferroviário, permitindo agora o desenvolvimento de projetos em 38.330 metros quadrados, o equivalente a 12,36% da área total de 310 mil m². A decisão foi publicada no Diário Oficial do dia 25.

Os empreendimentos poderão ser instalados na parte hoje ocupada pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) na Rua Dr. Sales de Oliveira, na Vila Industrial. Eles poderão ser instalados na chamada parte vazia, onde não há construções, sendo que os projetos deverão incorporar os prédios tombados existentes no entorno, mas sem alterá-los.

No total, o pátio ferroviário tem 46 construções, algumas centenárias. O primeiro bloco foi construído em 1872. As duas principais mudanças aprovadas pelo Condepacc são a que suprime os espaços vazios na área tombada e a que trata do espaço tombado no subsolo, o sítio arqueológico.

O próximo passo a ser dado pela Secretaria de Patrimônio da União (STU) é o desmembramento da área para a abertura do leilão que definirá a empresa vencedora da alienação e responsável pelo empreendimento. Essa parte do complexo poderá ser usada para a implantação de empreendimentos imobiliários, como edifícios residenciais ou comerciais, como shopping center.

Complemento

O pátio ferroviário se tornou uma polêmica desde que a Prefeitura decidiu revitalizar a área em seu entorno. Nesta semana, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/ SP) abriu duas investigações para apurar dois projetos que envolvem o tema - em ambos, o órgão afirma que não há um responsável técnico.

O primeiro deles é a requalificação dos 920 metros da Avenida Campos Sales. As obras serão divididas em ciclos com duração prevista de dois meses em cada trecho, com início em agosto e término em cerca de 12 meses. A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) informou que a arquiteta responsável é Maria Rita Silveira de Paula Amoroso.

O outro projeto questionado pelo CAU se dá na requalificação urbana do pátio ferroviário, onde devem ser implantados uma pista de skate, teatro de arena, centro de memória, instituição de ensino, entre outros pontos. A Emdec disse que se trata, por enquanto, de um projeto conceitual, apresentado inicialmente à Secretaria do Patrimônio da União (SPU), responsável pela área. Ainda é uma proposta, um estudo interno para o desenvolvimento do projeto com outros setores (público-privado).

Por fim, o arquiteto e urbanista Antonio Carlos Gomes protocolou uma denúncia no Ministério Público do Estado de São Paulo. O documento defende que as mudanças aprovadas pelo Condepacc podem desconfigurar o patrimônio arquitetônico do local e prejudicar a expansão de projetos ferroviários.

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