INVESTIGAÇÃO

Câmara vai "intimar" pais de jovens que atacaram plenário

Corregedoria quer saber se menores foram induzidos à violência na ocupação do plenário no mês passado

Bruna Mozer
19/09/2013 às 08:04.
Atualizado em 25/04/2022 às 02:53
Na quarta-feira (18) um grupo protestou usando máscaras de Campos Filho e Sérgio Benassi: não houve violência ( Leandro Ferreira/AAN)

Na quarta-feira (18) um grupo protestou usando máscaras de Campos Filho e Sérgio Benassi: não houve violência ( Leandro Ferreira/AAN)

A corregedoria da Câmara de Campinas vai chamar para serem ouvidos os pais de 30 jovens, menores de idade, que participaram de uma ocupação do plenário no mês passado. O objetivo é que, a partir dos depoimentos, seja apurado se os menores foram induzidos ou usados na manifestação por vereadores, assessores, funcionários da Casa ou até ativistas do movimento. Os depoimentos estão marcados para a próxima quarta-feira. A “intimação” será feita por meio de correspondência pelos Correios e começará hoje. Porém, os pais não são obrigados a comparecer.Até agora, sete vereadores que procuraram a Corregedoria de forma espontânea foram ouvidos. Porém, os nomes não foram revelados. Entre os menores de idade estão jovens de 14, 15 e 16 anos. Ontem, alguns manifestantes assistiram à sessão mascarados, mas não houve confusão. Nas máscaras, eles estamparam o rosto do presidente da Casa, Campos Filho (DEM), e do secretário de Transportes, Sérgio Benassi.O ato, que aconteceu no dia 7 de agosto, terminou em quebra-quebra do plenário. Móveis e instalações elétricas foram danificados. Cerca de 150 jovens, parte deles com o rosto coberto, invadiram a Câmara e pediam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as planilhas da tarifa do transporte público. O protesto terminou com uma ação da Polícia Militar (PM), que retirou os manifestantes à força do local. Todos foram parar na delegacia e identificados. A polícia iniciou investigação para indiciar os culpados pelos atos de vandalismo.Segundo o vereador Marcos Bernardelli (PSDB), que pediu a investigação à corregedoria, a proposta é ouvir dos pais se os jovens foram induzidos por outras pessoas. “Como são menores de idade, partimos do pressuposto que foram induzidos, mas vamos apurar.” A proposta não é mover ações judiciais (por danos materiais) contra os adolescentes por, supostamente, terem sido manipulados por outras pessoas. Se forem identificados os maiores ou até pessoas de dentro do Legislativo, a Câmara pretende iniciar processo para ser ressarcida financeiramente. Estima-se que o prejuízo tenha sido de R$ 50 mil.O tucano evitou falar sobre as suspeitas. No entanto, o principal alvo dos vereadores após o ato na Câmara passou a ser o parlamentar Paulo Bufalo, do PSOL. Isso porque o movimento foi organizado e teve a participação maciça de vários militantes do seu partido. Entre eles, a suplente e ex-vereadora Marcela Moreira, que também foi parar na delegacia. Além disso, Bufalo foi visto transitando no plenário durante a manifestação, mas não há, até agora, qualquer indício de que tenha organizado o ato ou motivado as ações mais violentas.Outro vereador, o petista Pedro Tourinho, também foi alvo dos parlamentares por sua possível proximidade com o grupo. Os dois chegaram a ir até a delegacia para acompanhar o registro dos boletins de ocorrência. Ontem o petista voltou a dizer que está tranquilo e negou ter cometido qualquer irregularidade. A reportagem não conseguiu contato com Bufalo ontem, mas em entrevista anterior ao Correio ele também negou qualquer envolvimento com a manifestação. ProcessoO processo na corregedoria começou na semana da manifestação. Bernardelli afirma que só serão ouvidos os pais dos menores por se tratar de uma fase específica da investigação. “Nosso foco são os menores porque precisamos saber quem são os envolvidos, quem pode ter incitado a violência.” Na tribuna, Bernardelli foi além e sinalizou que os menores foram estimulados a participar do ato. “Como é covarde, é rasteiro usar menores. A comissão ainda vai apurar, estamos no caminho correto e vai ser maravilhoso ouvir os pais e mães desses menores”, disse.Outros vereadores também saíram em defesa da corregedoria e chegaram a defender os pais dos jovens, pressupondo que não sabiam que os filhos participaram do movimento. Luiz Henrique Cirilo (PSDB) afirmou que a medida dará uma resposta à população. Jorge Schneider (PTB) disse que a atitude representa um “desgosto” aos pais desses adolescentes. Veja também Manifestantes atiram pedra contra a Câmara; clima é tenso Neste momento começa a chover, os vereadores estão reunidos no Plenário e a sessão está suspensa Câmara confirma ações contras vândalos Campos Filho adiou para os próximos dias o valor do prejuízo aos cofres públicos provocado por manifestantes

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