Câmara fecha 5º mês com 5 mil solicitações a Jonas

Preocupados em atender seus eleitores, os vereadores de Campinas mantêm uma prática antiga e protocolam diariamente pedidos ao prefeito Jonas Donizette (PSB) para realização de limpezas e melhorias pela cidade. Na nova legislatura, de janeiro até agora, foram protocolados 5.141 pedidos, uma média de mil por mês e cerca de 33 por dia.

Os campeões em apelar ao prefeito são os parlamentares que compõe a base de governo na Câmara e estão próximos ao chefe do Executivo. A prática é uma tradicional e eficiente moeda de troca entre a Câmara e o governo. Contemplados por serviços pela cidade, Jonas tem consolidado sua base de apoio no Legislativo.

Junto ao montante de reivindicações também estão outras produções dos parlamentares ao longo desses cinco meses. Até agora, foram criadas sete comissões para discutir e estudar diversos temas que vão desde a desativação da penitenciária do São Bernardo até a segurança das casas noturnas em Campinas. Dados da Câmara também apontam que até maio, 196 projetos de lei foram apresentados, além de 193 moções para dar nomes às ruas e praças, parabenizar ou homenagear cidadãos. Apesar da produção, o número de reivindicações representa apenas 3% da quantidade de projetos de lei protocolados.

Os pedidos são os mais variados: vão desde poda e extração de árvores, limpeza e reformas de praças e áreas de lazer, passando por sinalização de trânsito e colocação de lombadas até solicitações de ronda da Guarda Municipal em bairros da periferia.

O campeão de pedidos feitos ao Executivo é o vereador Cidão Santos (MD) que, até agora, protocolou 630 indicações. O vereador, que é veterano na Casa, afirma que o número alto reflete seu “mandato atuante”. Apesar de compor a base de governo na Câmara, ele admite que tem de cobrar as melhorias. “O governo está atendendo de acordo com as suas condições. Mas a gente cobra, fala direto com o secretário”, diz o vereador. Mas ele nega que suas reivindicações sejam atendidas antes que as de seus colegas.

Reportagem publicada pelo Correio no início do mês de maio flagrou placas distribuídas pelo vereador Vinícius Gratti (PSD) em uma praça que recebia limpeza no bairro Jardim do Trevo, seu reduto eleitoral. A propaganda informava que a pequena reforma na área era uma indicação sua e expôs inclusive o número do seu pedido. Embora avaliada como legal por especialistas, sua prática revelou a preocupação do vereador em divulgar o que tem feito desde que foi eleito. Na região do bairro Boa Vista, o parlamentar Jorge dos Santos Montanari (PSDB), o Jorge da Farmácia, também distribuiu anúncios pelo bairro apoiando reformas e mutirões de limpeza realizadas pelos moradores e pela Prefeitura.

Para o vereador Antônio Flores, líder do PSB na Câmara, há por parte de alguns dos seus colegas certo exagero nos pedidos feitos ao governo. Toda semana ele se reúne com secretários e com representantes da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) e Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) para levar as reivindicações. “O efeito é muito maior, tem de ser levada coisas relevantes. A porta aberta para seus pedidos, afirma Flores, não é um privilégio por pertencer ao mesmo partido do prefeito. “A porta está aberta para quem bate", disse.

Mas o vereador do PT, Ângelo Barreto, não compactua dessa opinião. Ele compõe a bancada de oposição ao governo e afirma que não é atendido e que o prefeito "tomou conta da Câmara”. Barreto protocolou até agora 12 pedidos ao Executivo. "O prefeito tomou conta da Câmara e agora tem que atender aos pedidos da base. Está controlando a Câmara por meio disso, que não é democrático. “Dos vereadores que compõe a bancada de oposição, o petista Carlinhos Camelô é o que mais pechinchou: foram 118 até agora. Em seguida, está o vereador Carlos Roberto de Oliveira, o Carlão do PT, com 23 pedidos, seguidos de Pedro Tourinho (PT), 20 protocolados, e Paulo Búfalo (PSOL), com 64 reivindicações.