SUSTENTABILIDADE

Câmara de Paulínia é a primeira da RMC a adotar energia solar

Também está sendo instalado um ecoponto para abastecimento de veículos elétricos

Isadora Stentzler/ [email protected]
02/07/2022 às 09:33.
Atualizado em 02/07/2022 às 09:33
Funcionários instalam as placas voltaicas — no total de 230 — na cobertura do estacionamento da Câmara Municipal de Paulínia, que entrarão em funcionamento até o mês de agosto, para fornecer energia solar ao prédio (Camara dos Vereadores Paulinia)

Funcionários instalam as placas voltaicas — no total de 230 — na cobertura do estacionamento da Câmara Municipal de Paulínia, que entrarão em funcionamento até o mês de agosto, para fornecer energia solar ao prédio (Camara dos Vereadores Paulinia)

Com 230 placas voltaicas já instaladas e investimentos de R$ 1,48 milhão, a Câmara Municipal de Paulínia passará a funcionar com energia solar no prazo de até 60 dias. Com esta e outras ações do Programa Câmara Verde, a sede do Poder Legislativo não só se tornará a primeira a implementar essa medida na Região Metropolitana de Campinas (RMC), como também caminha para se consolidar como uma das mais sustentáveis do Brasil.

Segundo o presidente da Câmara, Fábio de Paula Valadão (PL), cerca de 230 placas fotovoltaicas foram adquiridas por meio de um processo licitatório e foram instaladas, em maio, na cobertura do estacionamento dos funcionários e visitantes. 

Quase a totalidade dos equipamentos comprados é importada, o que demandou investimento total de R$ 1,48 milhão. A projeção é que o sistema de energia solar se autopague em aproximadamente seis anos, devido à economia que deve chegar a 85% nas contas de energia elétrica da Casa. Com tempo de vida útil estimado em 25 anos, as placas devem garantir pelo menos 19 anos de energia a baixo custo, após o retorno do investimento.

Para ter noção do impacto, hoje, o Legislativo paulinense gasta cerca de R$ 288 mil anuais com as contas de luz e, conforme as projeções, com o uso da energia solar, o valor cairá para R$ 43,2 mil. 

No aspecto ambiental, a energia solar implicará na redução de 42 toneladas por ano da emissão de CO2 atmosfera. “Ao longo de 30 anos, a queda estimada de liberação de dióxido de carbono na atmosfera será de 1.260 toneladas, equivalente a mais de 100 mil árvores plantadas”, disse o presidente do Legislativo, Fábio Valadão.

Para a instalação das placas, foi necessário remover 11 árvores que estavam no estacionamento. Como compensação ambiental, foram plantadas 140 novas mudas, parte delas no entorno da Câmara. Todas elas são árvores frutíferas e incluem espécies com frutos como acerola, limão, cereja, amora, jabuticaba, pitanga, goiaba e ponkan.

Câmara Verde

Não sozinha, a iniciativa caminha ao lado de outros projetos, que devem transformar a sede do Poder Legislativo de Paulínia em uma das mais sustentáveis do Brasil. Toda essa instalação integra o projeto Câmara Verde, que reúne um conjunto medidas aprovadas em março deste ano pelos vereadores. 

Dentre as propostas, destacam-se a modernização da estrutura física do prédio, digitalização de documentos (para redução no consumo de papéis), uso sustentável dos recursos hídricos, irrigação de jardins com água de reuso, uso sustentável da energia, utilização adequada dos veículos públicos, coleta seletiva, logística reversa na destinação final de suprimentos e outras metas sustentáveis. 

A energia solar foi um dos primeiros passos. Junto dela, já estão em fase final a instalação de um ecoponto na área da Câmara, para o abastecimento de carros elétricos, e um poço para aproveitamento de água. Tanto o sistema de energia solar como o ecoponto aguardam autorização da CPFL Energia para entrarem em funcionamento. 

Na recepção da Câmara, será colocado um aparelho de televisão para divulgar a economia de recursos gerada pela produção de energia solar. A TV também terá um formato on-line para que internautas acessem as mesmas informações.

Outros temas debatidos pela Câmara Municipal de Paulínia incluem ainda a implantação do projeto da Câmara Verde em condomínios, praças, parques públicos e Unidades Básicas de Saúde (UBS).

“A iniciativa é extremamente vantajosa para o meio ambiente e aos cofres públicos. Seremos a primeira Câmara da região a contar com o sistema, que será paradigma para outros Legislativos do País”, frisou Valadão.

Segundo ele, a iniciativa de Paulínia tem atraído o interesse de outras cidades da Região Metropolitana de Campinas. Recentemente, uma comitiva da Câmara Municipal de Pitangueiras realizou uma visita ao local a fim de conhecer o projeto e aderir ao modelo.

Energia limpa

A professora titular do Departamento de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ana Flávia Ferreira, afirmou que o tema é extremamente importante para o meio ambiente porque, com a instalação dos painéis fotovoltaicos para a captação de energia solar, a Câmara vai gerar energia limpa e economizar na conta de luz. De acordo com a especialista, em um dia de muito Sol, os painéis poderão gerar mais eletricidade e o excedente poderá ser direcionado para a rede elétrica comum, impondo mais intensidade na cadeia de energia limpa. 

“Essas medidas da Câmara de Paulínia são muito louváveis, mas digo que o Brasil ainda engatinha nesse tema e muitos dos equipamentos são importados da China. Há um custo bem expressivo no começo que, depois, pode ser otimizado com uma economia expressiva nas contas de luz. Cerca de 80% da energia gerada no mundo ainda vem da queima de combustíveis fósseis e o planeta não suporta mais isso”, frisou. 

Segundo a docente, seria necessário que esse modelo de captação de energia fosse direcionado a outras Prefeituras e Câmaras do País. “É o primeiro passo que está sendo dado.”

Outros projetos

Desde 2021, o Legislativo paulinense conta com o projeto “Câmara sem papel”, que resultou em economia de papel, de manutenção de impressoras e na aquisição de cartuchos de tinta. A estimativa era que 12 mil folhas circulassem pela Câmara anualmente.

O projeto teve início com o certificado digital, um arquivo eletrônico com validade jurídica, que garante proteção a transações e serviços via internet, e assinatura digital.

Para isso, todos os gabinetes receberam chave de acesso e começaram a digitalizar suas propostas de indicação, requerimentos e moções. Na segunda etapa, foram incluídos os projetos de lei e outros documentos. 

Uma equipe terceirizada também analisou o acervo de cada departamento da Casa, a fim de organizar os documentos e verificar o que podia ou não ser descartado. Todo o processo de gestão arquivística foi acompanhado por uma comissão composta por servidores legislativos. Os documentos foram mantidos ou descartados de acordo com a tabela de temporalidade, determinada por normas do Conselho Nacional de Arquivos. 

Neste ano, a Câmara está terminando a digitalização de todo o acervo a fim de suprimir a demanda de papel. Paralelo a isso, também já está em funcionamento um mecanismo de reuso da água do ar-condicionado, que passou a ser destinada à irrigação e manutenção dos jardins. 

Segundo o presidente da Câmara, além de garantirem uma política sustentável, essas iniciativas reduzem os gastos públicos, que podem ser direcionados a projetos de maior impacto à população. 

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