EM DIA DE TROTE

Calouro é socorrido ferido no tórax, mas alega que foi apenas um acidente

Suspeita-se que o jovem tenha sido vítima do trote conhecido como ‘tapete humano’

Da Redação
07/02/2023 às 09:42.
Atualizado em 07/02/2023 às 09:43
Equipe atende o estudante com um ferimento contuso na região torácica (Reprodução)

Equipe atende o estudante com um ferimento contuso na região torácica (Reprodução)

O Corpo de Bombeiros e a Guarda Municipal prestaram socorro e apoio a um estudante que ficou ferido após um trote realizado com os calouros da Universidade Presbiteriana Mackenzie na manhã de segunda-feira (6). O Corpo de Bombeiros foi acionado pouco antes das 9h para uma ocorrência apresentada, inicialmente, como agressão. Chegando ao local, na Praça Euclides da Cunha, próximo à Avenida Brasil, os profissionais depararam com um jovem de 18 anos que estava com um ferimento contuso na região do tórax. O caso foi tratado como um acidente segundo a própria vítima, que não quis prestar queixa por não ter sido um ferimento intencional, de acordo com informações da Guarda Municipal.

Comenta-se que o trote que lesionou o estudante é conhecido como uma espécie de 'tapete humano', ou seja, os calouros ficam deitados, enquanto outros estudantes passam correndo por cima do seus corpos. Até o fechamento desta matéria não havia informações sobre o estado de saúde do jovem. 

Ele foi levado pela Unidade de Resgate e pelo Suporte Avançado do Corpo de Bombeiros para o Pronto-Socorro do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti. A assessoria de imprensa da unidade hospitalar alegou que não informa o estado de saúde dos pacientes. 

Posicionamento

Em nota, a Universidade Presbiteriana Mackenzie afirmou que a ocorrência se deu fora da unidade educacional, uma vez que condena a prática de trotes durante a recepção aos calouros. Até a tarde de segunda-feira, a universidade informou que não tinha informações mais detalhadas, mas que havia a suspeita de luxação na vítima. A instituição garantiu que esteve presente no socorro ao estudante e o acompanhou no hospital até a chegada da família. "A Universidade está apurando informações sobre o ocorrido, sempre atenta a inibir ações violentas e/ou desrespeitosas entre veteranos e calouros."

A Mackenzie está localizada em uma avenida bastante movimentada em Campinas e a chegada do socorro ao jovem chamou a atenção de quem estava trabalhando ou chegava para o trabalho nas redondezas da Praça Euclides da Cunha. Uma mulher disse que viu, logo cedo, um grande grupo de estudantes com cabeças raspadas, indicando tratar-se de calouros, juntos e participando de atividades, porém, apenas quando viu os carros da GM e dos bombeiros é que se deu conta de que algo havia ocorrido.

Um homem disse que chegou um pouco depois das 9h no trabalho e a ambulância estava na praça. Ele trabalha há mais de 10 anos próximo à Avenida Brasil e contou que na segunda-feira mesmo viu outro estudante lamentando a respeito de um trote que recebeu. Para ele, as ações deveriam ser limitadas a brincadeiras, como raspar a cabeça do ingressante, mas que, há muito tempo, as pessoas passam do ponto e promovem trotes violentos e humilhantes. Ele confessa nunca ter visto, mas ouviu muitos relatos ao longo dos anos em que trabalha em um estabelecimento próximo à universidade.

A própria Mackenzie reforçou que condena os trotes e enfatiza os riscos e a necessidade de respeito. Outras universidades também se posicionam contrárias a essa prática. A PUC-Campinas, por exemplo, proíbe trotes dentro do campus e disponibiliza um telefone para que os estudantes possam denunciar eventuais abusos. A instituição costuma apoiar ações de Trote Solidário, promovendo atividades culturais e esportivas e até arrecadação de doações para entidades. E ainda, que há uma resolução normativa que prevê punição a alunos veteranos que praticarem atos agressivos contra os calouros.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por