QUEDA

Cai o número de mortes no trânsito

A cidade de Campinas registrou ao longo do ano passado 65 mortes no trânsito, de acordo com dados divulgados ontem pelo Caderno de Acidentalidade

Henrique Hein
08/05/2019 às 07:49.
Atualizado em 03/04/2022 às 22:42

A cidade de Campinas registrou ao longo do ano passado 65 mortes no trânsito, de acordo com dados divulgados ontem pelo Caderno de Acidentalidade da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec). Trata-se do menor índice já apontado desde 2003, quando a companhia começou a computar os dados. Na comparação com 2017, o município reduziu em 24,4% o número de mortes em acidentes de trânsito. Foram 86 ocorrências na época: 21 a menos do que o balanço divulgado em 2018. Na avaliação do prefeito Jonas Donizette (PSB), a redução apresentada no levantamento é um reflexo direto das medidas de melhorias na educação de motoristas e dos investimentos nas áreas de fiscalização e de engenharia de trânsito da cidade. "Foram 21 vidas poupadas em um ano. Imaginem se uma dessas vidas fosse de algum ente querido de vocês? (…) É um número a se comemorar, mas que só será perfeito quando o total de vítimas for zero", ressaltou o prefeito. O secretário de Transportes e presidente da Emdec, Carlos José Barreiro, comemorou os números, mas informou que a companhia está preocupada com os acidentes que envolvem os motociclistas, já que a categoria foi a principal vítima fatal do trânsito em 2018, com 29 óbitos (45% do total). De acordo com o levantamento, em 100% dos casos, as vítimas de motos foram homens, sendo que a maioria deles era de jovens, entre 18 e 23 anos (35%). Segundo Barreiro, alguns dos condutores mortos não tinham sequer habilitação. "Temos feito muitas ações, mas os resultados seguem longe do que gostaríamos. Os motociclistas seguem sendo os campeões de mortes." Questionado sobre as ações de prevenção que podem ser tomadas, Barreiro ressaltou que, durante a campanha Maio Amarelo, várias atividades serão realizadas na cidade com o objetivo conscientizar os motociclistas para o uso correto dos equipamentos de segurança como capacetes, luvas e joelheiras. "Embora pareçam indispensáveis, eles salvam vidas se forem usados corretamente. A moto, diferentemente do carro, não precisa de uma colisão para matar. Uma simples queda já é mais do que suficiente", afirmou. Velocidade alta e o álcool Outro ponto que preocupa a Administração são os acidentes ocorridos em decorrência da transgressão da velocidade máxima das vias e do alto consumo de bebidas alcoólicas. Juntos, esses dois fatores foram responsáveis por causar 51% do total de mortes do trânsito campineiro ao longo do ano passado. Os mais jovens são as principais vítimas destas duas categorias. De acordo com o Caderno de Acidentalidade, em 2018, nas áreas urbanas do município, 52,92% das infrações de trânsito se concentraram na categoria transitar em velocidade superior à permitida. Em contrapartida, mais da metade dos 38 jovens — entre 16 a 29 anos — que foram mortos em acidentes de trânsito no ano passado estava embriagada enquanto dirigiam. Deste total, 19 (51%) passaram por exames que detectaram dosagem alcoólica proibitiva. Além disso, em todo o perímetro urbano do município, o número de autuações por embriaguez ao volante atingiu um em cada 19 veículos fiscalizados em 2018. "O consumo de bebidas alcoólicas antes de dirigir é um problema muito sério. Estudos científicos mostram que quem bebe acima do permitido perde a capacidade de reação diante de um imprevisto no trânsito", alertou Barreiro. População x Frota Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Campinas tem hoje aproximadamente 1,2 milhão de habitantes. O Caderno de Acidentalidade da Emdec informou que até o final do ano passado, o número da frota de veículos automotores da cidade estava em cerca de 897 mil. Ou seja, um índice de motorização de 75 veículos para cada 100 habitantes. De acordo com Barreiro, nem em países de primeiro mundo, como Nova York, nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa é tão alta como em Campinas. Ele explica que nos últimos anos, o crescimento da frota na cidade é quatro vezes maior que o da população. "Em 2003, a cidade tinha uma frota de 435 mil veículos para pouco mais de um milhão de habitantes. Hoje, o número da frota praticamente dobrou, enquanto o crescimento da população não acompanhou o mesmo ritmo", frisou. Agentes darão o exemplo aos motoristas Durante a apresentação dos dados do Caderno de Acidentalidade de Campinas, o secretário de Transportes e presidente da Emdec, Carlos José Barreiro, revelou que a companhia de trânsito está organizando uma campanha para que todos os motoristas da Emdec respeitem o direito das pessoas atravessarem na faixa pedestre. Segundo ele, o funcionário que não respeitar a determinação será punido e terá que passar por curso de reciclagem. "A educação e o exemplo têm que vir de nós. Vamos fiscalizar e, eventualmente, tomar medidas contra os agentes que não pararem os veículos para que os pedestres possam atravessar na faixa", revelou. SAIBA MAIS O Movimento Maio Amarelo nasceu em 2014 com a proposta de chamar atenção da sociedade para o alto índice de mortos e feridos no trânsito em todo o mundo. A iniciativa tem a meta definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) com a promulgação da Década de Segurança Viária (2011-2020).

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