ACESSIBILIDADE

Cadeirantes pedem ajustes no teatro Castro Mendes

ONG vê problemas em rampa, estacionamento e espaço na plateia do prédio recém-reformado

Cecília Polycarpo Cabalho
16/03/2013 às 06:30.
Atualizado em 26/04/2022 às 00:26
Local para cadeirantes no piso térreo não é sinalizado e fica segregado (César Rodrigues/AAN)

Local para cadeirantes no piso térreo não é sinalizado e fica segregado (César Rodrigues/AAN)

Cadeirantes que vão a espetáculos no Teatro Castro Mendes, em Campinas, ainda encontram dificuldades de acessibilidade.

Mesmo após a reforma, que demorou seis anos para ser concluída e custou R$ 10,43 milhões aos cofres da Prefeitura, portadores de deficiências dizem enfrentar rampas íngremes, obstáculos, segregação e falta de sinalização adequada.

Segundo a Prefeitura, as obras foram acompanhadas pela Comissão Permanente de Acessibilidade, que consideraram a reforma adequada, com a ressalva da colocação futura do piso tátil. No entanto, os trabalhos foram criticados pela Centro de Vida Independente (CVI), organização não governamental (ONG) campineira que luta pelos direitos de portadores de deficiência.

Um dos principais problemas apontados foi a rampa que dá acesso à parte inferior da plateia. Ela foi considerada íngreme pela cadeirante Ilda Palermo, presidente do CVI. Pela regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a inclinação em caso de reformas deve ser inferior a 8,33%. O cálculo para se chegar ao limite máximo considerado pela entidade é feito com a multiplicação da altura do desnível por 100, dividido pelo comprimento do trecho.

Nesta sexta-feira (15), a primeira informação da Secretaria de Cultura ao Correio foi de que esse percentual de inclinação da rampa era de 12,5%. Depois de questionada sobre o trecho estar fora das normas, a pasta informou que o desnível era de 20 centímetros, e a inclinação de 4%.

Já a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Imobilidade disse que irá fazer nova aferição da rampa. Outro problema apontado pela presidente da ONG foi o espaço reservado para cadeiras de rodas no teatro, que não tem demarcação no piso inferior e fica em local separado do restante da plateia.

A Secretaria de Cultura afirmou que a sinalização será feita até o fim do mês. No piso superior, há dois espaços reservados e acesso por elevador.

Em uma das vagas de carro reservadas para cadeirantes em frente ao teatro, uma placa de sinalização da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), colocada atrás do espaço, dificulta o estacionamento, segundo Ilda. “O Castro Mendes foi reformado recentemente, com o apoio de uma comissão de acessibilidade, e com dinheiro público. Me assustei quando me deparei com tantos empecilhos.”

A secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Imobilidade, pasta criada na atual gestão, Emanuele Alkmin, afirmou que o Teatro Castro Mendes ainda carece de adequações para o conforto de pessoas com deficiência, mas está dentro dos padrões de acessibilidade a cadeirantes. Uma das principais mudanças pendentes seria o piso tátil para deficientes visuais, que ainda não tem data para ser colocado.

Emanuele explicou ainda que o local destinado às cadeiras de rodas na plateia inferior é adequado e não tem cadeiras fixas para facilitar a locomoção dos portadores de deficiência em caso de emergências. “Quando se tem um incêndio, por exemplo, o cadeirante precisa de um corredor livre, para rápida locomoção. O posicionamento foi uma questão de segurança.” Para a secretária, a cidade tem muitos problemas sérios de locomoção e a pasta está promovendo as adequações por ordem de prioridade. “Temos que resolver os obstáculos mais graves.”

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