CAMPINAS

Caçambeiro pagará descarte de resíduos

Prefeitura de Campinas vai começar cobrar dos caçambeiros o despejo de entulhos na Usina de Resíduos de Materiais (URM),

Bruna Mozer
02/03/2013 às 09:29.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:29
Caminhão descarta entulho na URM (Élcio Alves)

Caminhão descarta entulho na URM (Élcio Alves)

A Prefeitura de Campinas vai começar cobrar dos caçambeiros o despejo de entulhos na Usina de Resíduos de Materiais (URM), na estrada da Mão Branca. Essa é mais uma tentativa do governo em regularizar a área que está superlotada e recebe materiais inadequados para reciclagem. A Prefeitura promete transferir fiscais para controlar o que é despejado. Para entrar na usina, os caçambeiros também terão que fazer um cadastro e instalar um chip (nos moldes do sistema Sem Parar dos pedágios) para que sejam registrados todos os veículos que entrarem no local. A previsão é que as medidas entrem em vigor no próximo mês.

O valor da taxa ainda não foi definido, segundo o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Dimas Paulella. Segundo ele, está sendo feita uma pesquisa de preços em cidades onde esse despejo já é pago. O preço será cobrado por tonelada.

Mesmo sem o valor definido, o setor de locação de caçambas afirma que esse custo a mais será repassado aos clientes. Hoje, o aluguel de uma caçamba por sete dias varia entre R$ 140,00 e R$ 200,00. “Não tem como não repassar (o valor), estão há três anos sem reajustar. Tudo subiu: diesel, borracheiro”, disse o presidente da Associação dos Caçambeiros de Campinas, Leandro Ramos. Ele aprova a cobrança desde que o valor seja revertido para a usina.

Sem cobrar pelo despejo, a URM atrai empresas de várias cidades da região, principalmente de Hortolândia e Sumaré, que estão mais próximas, o que tem causado a superlotação. “A cobrança, com certeza, vai inibir a vinda de pessoas de fora, que estimamos em torno de 20%, 30%”, disse Paulella. Segundo ele, com capacidade para receber despejo de cem caminhões por dia, entram na usina aproximadamente 500.

Despejo irregular

O problema na URM é antigo. O local foi projetado para receber entulhos da construção civil e, por meio de uma parceria com cooperativas, reciclar esse material com maquinários que estão instalados no local. No entanto, o resultado tem ficado aquém do esperado, principalmente porque, junto com os restos da construção civil, são jogados materiais orgânicos (restos de alimentos), telhas de amianto, restos de jardinagem, gesso, entre outros.

A usina tem capacidade para reciclar somente materiais da construção como tijolos, areia, madeira etc. A proposta inicial da URM é transformar esses resíduos, que são usados pela própria Prefeitura na manutenção das vias da cidade.

A presença de fiscais, segundo o secretário, deverá ser a saída para evitar esse despejo irregular. Mais quatro pessoas deverão ser enviadas para lá. Hoje não há nenhum controle do que é depositado. O motorista do caminhão apenas preenche o documento informando o que contém em sua caçamba, sem haver nenhuma inspeção.

O presidente da Associação das Cooperativas de Reciclagem de Campinas, José Carlos de Sousa, afirma que 60% do que é despejado na usina não é da construção civil e, por isso, impossível de ser reciclado. “Antes, os cooperados conseguiam tirar R$ 1,2 mil por mês. Hoje a média é de R$ 500,00”, disse. Os cooperados são responsáveis por fazer a triagem do material e encaminhar para as máquinas que fazem a reciclagem.

Sousa estima que apenas 10% do que é depositado na área chega ser reciclado. Em reportagem publicada pelo Correio mês passado, catadores que trabalham no local afirmavam que as máquinas, que são da Prefeitura, passavam dias sem operar. “Não consegue reciclar muita coisa porque o maquinário não foi feito para aqueles materiais”, disse o presidente da Associação das Cooperativas de Campinas.

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