transporte

BRT: obras devem começar neste mês

Para viabilizar projeto, 350 famílias foram desalojadas da Ocupação Joana D?Arc, no Cidade Jardim

Beatriz Maineti
cidades@rac.com.br
03/03/2018 às 15:30.
Atualizado em 22/04/2022 às 15:04

Máquina usada na demolição da Ocupação Joana D?Arc, que existia há cerca de 6 anos: moradores realocados (Leandro Ferreria/AAN)

Na última quarta-feira, 350 famílias foram desalojadas da Ocupação Joana D’Arc, no bairro Cidade Jardim, para viabilizar obra do Bus Rapid Transit (BRT, trânsito rápido de ônibus, em português). A invasão existia há cerca de 6 anos, e os barracos dos moradores tinham sido construídos às margens do extinto Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), com estrutura própria, que incluía água, luz e esgoto. De acordo com a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), a expectativa é de que as obras no local comecem ainda neste mês. Entretanto, após as 350 famílias serem retiradas do local, muitas delas deixaram seus animais de estimação para trás, descuidados e sem alimentação. Organizações não governamentais (ONGs) de cuidado animal foram chamadas para fazer o resgate dos cães, que, agora, passam por tratamentos para adoção. A Ocupação Joana D’Arc existia desde 2012, quando famílias vindas da ocupação Aguabi, na região do Parque Oziel e Monte Cristo, tiveram de sair de suas casas devido à uma reintegração de posse. Antes das 350 famílias ocuparem o local, a área era usada como desova de veículos roubados e de outros frutos de crime. A Prefeitura entrou com um processo de reintegração de posse em 2013, porém a coordenação da comunidade, que era feita pela Associação Comuna Urbana Joana D’Arc, ligada ao Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTB), conseguiu prorrogar a ocupação, assumindo o compromisso de não construir casas permanentes, ou seja, de alvenaria. Com a desocupação, muitas famílias saíram às pressas, e deixaram seus animais de estimação em condições precárias. A presidente e fundadora da ONG Amor de Bicho, Ana Carolina Pimenta, de 43 anos, conta que os animais estavam sem condições de sobrevivência no local. “Fomos chamados para resgatar uma cadela com seus seis filhotes. Porém, ao avaliarmos a situação no local, percebemos que não poderíamos deixar outros animais em situação de risco”, conta Ana Carolina. Ao todo, a ONG Amor de Bicho resgatou nove animais, sendo a mãe e seus seis filhotes, e mais dois cães adultos. Um dos animais, uma fêmea recém castrada, estava com uma grave infecção em sua incisão. “Provavelmente, a família que cuidava dela não lhe deu os remédios de forma correta, e infeccionou. Não conseguia comer, e sentia muitas dores, por isso teve que ficar internada por dois dias”, afirma a presidente da ONG. Agora, conta Ana Carolina, Sabrina, a cadelinha, está bem e tem passado por tratamento para poder ser colocada para adoção. A ONG Amor de Bicho faz os tratamentos e exames necessários nos animais que são resgatados para, só então, disponibilizá-los para suas feiras de adoção. Outro cachorro que está passando pelo mesmo processo de Sabrina é Lennon, batizado em homenagem ao ex-beatle John Lennon, que foi encontrado no local da ocupação amarrado a uma cerca. “Ele estava com muito medo e cheio de carrapatos, então o trouxemos para a ONG para que ele tivesse os cuidados necessários. Por estar cheio de carrapatos, um hemograma indicou que ele estava com a doença do carrapato, e já está passando pelo tratamento”, contou Ana Carolina. A fundadora da ONG confessou que, a cada dia que passa, a situação fica mais difícil para quem trabalha com esse segmento. “Chego a receber 20 e-mails por dia pedindo resgate, mas nós temos um limite estrutural, e um limite financeiro, também, que nos impede de ajudar todos que gostaríamos”, desabafou. “Nós nos sentimos como se estivéssemos correndo atrás do próprio rabo, já que nunca atingimos nosso objetivo”, conclui Ana Carolina. Assim como a Amor de Bicho, outras organizações também interviram em favor dos animais e resgataram os que estavam em situação crítica. De acordo com uma nota publicada no site da Secretaria de Habitação de Campinas, as famílias retiradas da Ocupação Joana D’Arc passaram a receber o auxílio-moradia emergencial, que consiste em R$ 558,00, para que possam se estabelecer em outro local. O processo se deu por meio de um cadastramento feito pelos moradores da ocupação, para que o valor pudesse ser repassado a eles, de acordo com a nota. Após o recolhimento dos animais em situação de risco pelas ONGs, o Departamento de Proteção e Bem Estar Animal (Dpbea), ligado à Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, transportou os bichos que ainda estavam no local para seus respectivos donos em seus novos lares. Essa ação sempre ocorre em casos de desocupação. De acordo com algumas pessoas que estavam ontem no local retirando os restos de seus barracos, todos os animais foram retirados, pelo Dpbea ou por ONGs de assistência animal.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por