65 anos

Brinco de Ouro é uma coleção de grandes histórias

Estádio inaugurado em 1953 transformou completamente a configuração urbana da cidade

Rogério Verzignasse
10/06/2018 às 09:40.
Atualizado em 28/04/2022 às 12:15
O Brinco de Ouro na época da inauguração: sem as arquibancadas atrás dos gols, estádio foi inaugurado quando nem havia casas no loteamento  (Fernando Pereira da Silva/Acervo Pessoal)

O Brinco de Ouro na época da inauguração: sem as arquibancadas atrás dos gols, estádio foi inaugurado quando nem havia casas no loteamento (Fernando Pereira da Silva/Acervo Pessoal)

A coleção de fotos emociona quem é bugrino. Ou qualquer amante do futebol. O Brinco de Ouro aparece do meio do nada. Não havia o bairro elegante ao redor. Nem avenida congestionada às margens do córrego. O acervo tem outras fotos tocantes. Arquibancadas lotadas, craques inesquecíveis, cartolas levantando a taça. Aquele estádio — primor de arquitetura na época em que foi projetado — acaba de completar 65 anos. O dono de imagens é Fernando Pereira da Silva. Bugrino, voluntário, historiador. É um daqueles apaixonados pelo clube. O homem tem na memória o jogo inesquecível contra o Palmeiras na decisão de 78; fala da decepção de perder nos pênaltis a final de 86 para o São Paulo; da chance única de ver o incomparável Flamengo de Zico em 82. Aquelas arquibancadas testemunharam grandes episódios. E o cidadão teve a paciência de escrever, em capítulos, a história do Brinco, e postá-la em grupos virtuais. Como também se dispôs a alimentar o próprio site do clube, com um texto rico sobre o patrimônio arquitetônico. Está tudo ali. A venda do antigo Pastinho, as campanhas para a compra de materiais de construção, o improviso das arquibancadas de madeira atrás dos gols, a construção do tobogã. Hoje no entanto, o Fernando não vai ao Brinco. Ele anda meio decepcionado. O clube, ele sabe, em crise, negociou o próprio estádio para quitar as dívidas. E hoje a própria diretoria só espera, dos compradores, a construção de uma nova arena, em um terreno que ainda não foi escolhido. Por conta disso, não há investimentos na preservação do imóvel, nem em projetos de modernização. Não se sabe se o Brinco chega aos 80, por exemplo, É certo, no entanto, que o futuro não será ali. Ainda assim, quem é bugrino de coração prefere não pensar no que pode ou não acontecer. Ainda circulam pelo Brinco pessoas que se esforçam para deixar tudo no lugar. Ou que se oferecem para trabalhar de graça, voluntariamente. Como a dona de casa Cristina Mazotti, sócia do clube há 50 anos, e há dez responsável pela organização do Memorial, próximo da entrada das cativas. Ela conta a história de cada taça. Mostra orgulhosa o troféu do Brasileirão de 78, protegido por uma vidraça. Por ali também circula gente como o estudante João Gustavo Leite de Assis, devidamente vestido com o agasalho verde, explicando a importância de cada fotografia antiga. Ele foi o “guia turístico” , por exemplo, do paranense Ricardo Ferrer, que chegou de Foz de Iguaçú e fez questão de passear no Brinco na última semana. O João, aliás, mergulha por conta nos alfarrábios. E conta com detalhes a história daquele jogo de camisa de 1917, com listras verticais, trazido de Milão por um dirigente italiano do Bugre. “Eu amo esse lugar. Não saio daqui. Adoro saber das pessoas que se doaram pelo clube”,disse. 

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por