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Brasília faz 45 anos com fãs apaixonados

Sucesso nas ruas brasileiras ao longo das décadas de 1970 e 1980 e nas rádios de 1990, a Brasília está completando 45 anos de existência em 2018

Henrique Hein
25/06/2018 às 07:43.
Atualizado em 28/04/2022 às 13:49
O mecânico Ariovaldo da Silva fazia de tudo para rodar no modelo do tio quando tinha apenas 13 anos (Leandro Torres)

O mecânico Ariovaldo da Silva fazia de tudo para rodar no modelo do tio quando tinha apenas 13 anos (Leandro Torres)

Sucesso nas ruas brasileiras ao longo das décadas de 1970 e 1980 e nas rádios de 1990, a Brasília está completando 45 anos de existência em 2018. Atualmente, apenas 330 mil exemplares do modelo estão circulando no Estado de São Paulo, de acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-SP). Campinas é a quarta cidade com o maior número de unidades, com 7.297 veículos registrados. É com carinho e emoção que o mecânico Ariovaldo da Silva, de 53 anos, e o comerciante Mauro Sebastião, de 58 anos, relembram minuciosamente cada detalhe da época em que o carro chegou em suas respectivas casas, há mais de quatro décadas. Hoje "cinquentões", ambos os proprietários reforçam a paixão e os momentos de alegria ao lado de suas Brasílias - uma amarela e outra azul. Silva conta que dava um jeito de parar tudo que estava fazendo quando tinha 13 anos só para rodar com o automóvel pela cidade com seu tio. Ele comenta que ia com ele para todos os lugares possíveis. "Eu fazia questão de sair com meu tio só pelo prazer de poder andar na nossa Brasília de tudo quanto era jeito: na frente, no banco traseiro e até no porta-malas. É bem verdade que isso só foi possível porque naquela época não haviam tantas leis de trânsito e era permitido andar sem cinto de segurança. Se fosse hoje em dia, eu tava perdido", ri o mecânico. Ele recorda que no começo seu tio dirigia sozinho o veículo, mas que com o tempo, ele se viu obrigado a "dar o braço a torcer" para satisfazer a vontade de seus familiares. "Essa Brasília passou de mão em mão, de geração em geração, por várias décadas, até chegar em mim, dez anos atrás. Hoje, ela está com 47 mil quilômetros rodados e é 100% original, pois sempre me preocupei em mexer o mínimo possível nas peças - as revisões e as pinturas foram as únicas modificações feitas por mim ao longo de tantos anos", revela. Já Sebastião conta que seu pai comprou a Brasília quando ele era apenas um adolescente de 14 anos. Ele lembra que seu veículo completou 42 anos e que faz parte de todos os momentos bons e ruins de sua vida. "Eu sou de uma família de cinco irmãos e sempre fui o que mais dirigi e o que mais cuidei dela. Quando meu pai morreu, a Brasília acabou ficando de herança para mim. Hoje, uso ela apenas para algumas atividades para não deixá-la parada o tempo inteiro", comenta. Questionado se seria capaz de vender o carro um dia, o comerciante sequer titubeou na resposta. "Eu nunca vou me dispor dela, porque é um carro que tem um valor sentimental imenso na minha vida. Não vendo ela por dinheiro algum", explica. Por sua vez, Silva revela que não teve a mesma sorte de Sebastião. Emocionado, ele revela que precisou, com dor no coração, tomar uma das decisões mais difíceis de toda sua vida: se separar de sua fiel companheira. "Infelizmente, eu não tenho mais como ficar guardando a minha Brasília, porque a loucura do dia a dia não me permite rodar mais com ela para lá e para cá como antigamente", pondera Silva, que depois de alguns segundo de pausa para respirar, completa o raciocínio. "Ao mesmo tempo que não quero me despedir, não acho justo deixar ela jogada de qualquer jeito por aí. Penso que faço o mais correto, que é passar o bastão para alguém que possa cuidar bem dela, tanto quanto eu cuidei. Infelizmente, hoje não tenho mais como dar atenção para uma das minhas maiores paixões", explica o mecânico. Um sucesso ao longo do tempo O modelo Brasília, da Volkswagen, foi lançado pela primeira vez em 8 de junho de 1973. O carro tinha como destaques o bom espaço interno, a ampla visão proporcionada pela grande área envidraçada e o baixo consumo de combustível - seu motor de 1.6v com 65 hp rodava as entradas brasileiras fazendo até 11 km/l. O nome, claro, homenageava a moderna capital brasileira, fundada 13 anos antes do lançamento do popular automóvel. Na época, o modelo custava pouco mais que o Fusca, embora este fosse mais moderno e espaçoso. Quem quisesse adquirir o item precisava desembolsar Cr$ 20.830,00 - cerca de R$ 19 mil, em valores atualizados pelo IPC-FIPE. Em 1995, uma "Brasília amarela com roda gaúcha" virou febre em todo o Brasil na música "Pelados em Santos", da cômica banda Mamonas Assassinas. A canção tornou-se uma das mais conhecida do grupo, que arrastava multidões por onde se apresentava. A Brasília também chegou a ser fabricada no México, onde rapidamente ganhou fama depois de aparecer em episódios do seriado “Chaves”. Ao longo dos anos, o veículo passou por inúmeras reestruturações leves até deixar de ser descontinuado em 1982 - mais de 1 milhão de unidades foram produzidas e comercializadas ao longo dos anos de fabricação. SAIBA MAIS As dez cidades com mais Brasílias no Estado Posição          Cidade           Número de veículos 1ª              São Paulo                  136.247 2ª              Guarulhos                  7.866 3ª            Santo André                 7.391 4ª             Campinas                  7.297 5ª          S. B. do Campo              6.310 6ª       S. José dos Campos           4.117 7ª             Sorocaba                    3.999 8ª              Osasco                      3.864 9ª          Ribeirão Preto                3.585 10ª            Jundiaí                      2.976

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