Academia de boxe, esporte que nunca saiu de moda, revela craques e ajuda manter contas de clube
Flavia Figueiredo é tetracampeã brasileira na categoria peso médio (Leandro Ferreira/AAN)
Pouca gente se dá conta. Mas ali na Rua Dr. Ricardo, pertinho do terreno da antiga estação rodoviária de Campinas, existe um clube que atravessou um século, e ainda hoje é opção de lazer para os trabalhadores. Há bailões a preços populares. Arrasta-pé três vezes por semana, a preços populares. O povo da terceira idade adora. O mais interessante é que, para pagar as despesas, o clube conta com o dinheirinho que entra das mensalidades pagas por alunos de uma academia de boxe. É, o velho boxe. Nunca saiu de moda. O ringue foi instalado há 28 anos. Revelou e continua revelando atletas. E, o mais importante, é que o esporte abre as portas para a garotada da periferia. E os livra das más companhias, periferia afora. Por conta do serviço prestado à sociedade, a Prefeitura e diversos patrocinadores investem na formação de atletas e de cidadãos. Atualmente, por exemplo que está à frente da academia é Jeferson Merim Meida, de 38 anos, Morador da região do Jardim Yeda, ele teve origem bem humilde e pensava até em a abandonar a escola no final do Ensino Médio. Mas foi ali, treinando no Botafogo e representando Campinas nas competições, que ele ganhou bolsa de estudos para a sonhada Educação Física, na Faculdades Anhanguera. E ele está mesmo acostumado à luta. Ele fala que o momento é de crise, muitos alunos deixaram o ringue porque falta dinheiro para a mensalidade e para o transporte. Então, é ele mesmo quem pega no pincel e pinta paredes e os corners do ringue. Foi ele mesmo quem arrumou, com um amigo, o letreiro da fachada da academia. Ah, claro, os colchonetes espalhados pelo chão e os sacos de pancada pendurados nas vigotas estão velhos. A turma por ali espera por uma alma caridosa para renovar os equipamentos. Enquanto a ajuda não chega, o grupo se vira como pode, com o que tem. Feras E olha que, apesar da simplicidade, a academia revelou atletas de primeira. Como a Flávia Figueiredo tetracampeã brasileira de boxe na categoria peso médio, que segue treinando por ali todos os dias. Ademir de Jesus Machado (atleta ainda na ativa) e Altamiro José da Silva (que já deixou os ringues) são os professores do pedaço, ao lado do Jeferson Meida. Outra revelação importante foi Luiz Fernando Caetano da Silva, que descobriu o esporte ali na Dr. Ricardo. Como atleta amador, ele foi tricampeão paulista e tricampeão brasileiro dos meio-médio ligeiros, entre os anos de 1989 e 1991. Também disputou os Jogos Panamericanos de 91, em Havana. Na época em que colecionava cinturões. passou por ringues na Rússia, França, Alemanha, Inglaterra, Itália, Dinamarca. Hoje o rapaz, de 52 anos, mora nos Estados Unidos.