nova visão

Bosque: zoológico será desativado

O zoológico do Bosque dos Jequitibás começará a ser desativado progressivamente - animais que morrerem não serão mais substituídos

Maria Teresa Costa
28/03/2019 às 10:37.
Atualizado em 04/04/2022 às 20:46

O zoológico do Bosque dos Jequitibás começará a ser desativado progressivamente – animais que morrerem não serão mais substituídos. A estimativa é que, em no máximo dez anos, não exista mais, naquela área, bichos em cativeiro. Um projeto de lei também está sendo preparado pelo Gabinete do Prefeito para proibir, em Campinas, o funcionamento de estabelecimentos que mantêm cães apenas para reprodução, com fins comerciais. Será a primeira cidade de grande porte do País a abolir criações em cativeiro, disse o prefeito Jonas Donizette (PSB). As medidas atendem reivindicações de defensores dos animais e estão sendo discutidas há, pelo menos, quatro meses. O Bosque abriga cerca de 200 animais em cativeiro e mais de 100 vivem soltos na área, como macacos, bichos-preguiça, aves e cotias. A proposta, segundo o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, é não repor mais os animais que morrerem. “Os mamíferos que temos lá, como os felinos, hipopótamos e macacos são muito velhos e já não reproduzem mais. Quando morrerem, não serão substituídos”, informou. Com as aves será adotado o mesmo procedimento. “As aves que temos em exposição foram encaminhados ao Bosque pela Polícia Ambiental a partir de apreensões ou de denúncias de maus-tratos. Elas chegam feridas, com asas quebradas e nossos veterinários cuidam e depois elas acabam ficando no recinto próprio em exposição”, disse. De acordo com Paulella, essas aves não têm condições de serem reintroduzidas na natureza, porque também estão velhas, e não conseguiriam sobreviver. O Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal da Prefeitura, segundo o Gabinete do Prefeito, construirá um recinto para receber e cuidar da saúde dos animais encaminhados pela Polícia Ambiental, mas dentro de outro perfil. Depois de cuidados, serão reintroduzidos na natureza. Para manter os animais em cativeiro, a Prefeitura gasta R$ 60 mil em alimentos por mês. Só o hipopótamo come cerca de 200 quilos por dia De acordo com o secretário do Verde, Rogério Menezes, o fechamento do zoológico municipal é demanda antiga da sociedade e da proteção animal. “O fechamento será feito por lei, para evitar que, no futuro, outros empreendimentos do gênero venham a se instalar em Campinas”, afirmou. Da mesma forma, disse ele, a proibição de criadouros de cães para fins comerciais, também serão alvo de legislação específica, em função principalmente de denúncias de maus-tratos cometidos por comerciantes. Segundo ele, o Estatuto dos Animais, sancionado em 2017, já mostrava esta preocupação, e agora esse tipo de atividade será proibida em Campinas. O Estatuto proíbe a venda de filhotes não castrados e também exige o cadastramento para criadores de animais. Com a nova lei, esse ponto do Estatuto será modificado. Segundo o prefeito Jonas Donizette, Campinas se tornou referência nacional com várias ações relacionadas à causa animal. Ele citou a criação do Estatuto dos Animais, instrumento que disciplina vários aspectos da convivência dos homens com os bichos em Campinas, buscando minimizar as questões referentes aos maus-tratos. Com ele, a administração municipal passou a ter o poder de fiscalizar, advertir e multar pessoas físicas e jurídicas. Ele falou também o Sistema de Microchipagem e Cadastramento Animal e o Programa de Castração de Animais Domésticos, em que os animais domésticos são cadastrados com dados sobre sua saúde, vacinas aplicadas, nome do responsável, tudo por meio de um microchip implantado na pele. Esse sistema possibilita que os profissionais do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal e os veterinários do Município tenham acesso aos dados dos animais garantindo assim seu bem-estar e cuidados básicos, fornecendo um histórico sobre tratamentos realizados, enfermidades adquiridas, entre outros, proporcionando para esses profissionais informações necessárias para a prática da medicina veterinária preventiva. Já o Samu Animal teve início em março de 2017, para atender animais de rua vítimas de atropelamento, maus-tratos ou gravemente debilitados por doenças. Naquele ano, o serviço atendeu 312 cães e gatos nessas condições e, em 2018, o resgate chegou a atender 600 casos. Na maioria das vezes, os animais sofreram lesões na coluna vertebral e fraturas de membros. Futuro é ter bicho pequeno solto na área O Bosque dos Jequitibás, sem animais em cativeiro, poderá se transformar em um santuário de animais livres. Cerca de 100 animais, entre aves, como galinhas selvagens, patos, araras, além de macacos, seis bichos-preguiça e cerca de 40 cotias vivem soltos na mata e assim continuarão, dentro das novas diretrizes de eliminação de cativeiros, que serão adotadas para aquela área pela Prefeitura. “No futuro, quando não tivermos mais animais em exposição, as famílias que frequentam o Bosque, não terão mais felinos e grandes animais para ver, mas os animais de pequeno porte continuarão lá, livres na natureza”, disse o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella. Segundo ele, esses animais vivem no Bosque porque querem, uma vez que os portões ficam abertos e as aves têm liberdade para voar. Já não cabe mais a existência de zoos como locais de exposição, disse. Esses locais, afirmou, adquiriram outra função: preservação de animais da fauna brasileira com risco de extinção, estudo das espécies e procriação.

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