Coleção é constituída por 20 diferentes espécies nativas da Mata Atlântica
O plantio de mudas de espécies da Mata Atlântica no bosque criado pela Replan contou com a participação de funcionários da refinaria e de estudantes de uma escola pública de Paulínia (Gustavo Tilio)
A Refinaria de Paulínia (Replan), a maior do país, plantou um bosque com duas mil mudas de árvores no gramado próximo à sua portaria, na Rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332). O novo espaço verde terá um número de exemplares proporcional ao do Bosque dos Jequitibás, umas das áreas de lazer mais visitadas em Campinas. O plantio fez parte das comemorações de 50 anos da unidade e das ações da Petrobras dentro de sua política de preservação ambiental, que prevê investimentos em diversos projetos entre 2023 e 2027.
O plantio teve a participação de funcionários da Replan e de cerca de 40 estudantes de uma escola estadual de Paulínia. A atividade contou com o acompanhamento técnico do Projeto Semeando Água, do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), parceiro apoiado pela estatal. O objetivo da iniciativa é reverter o processo de degradação de rios e nascentes do Sistema Cantareira, principal fonte de abastecimento de água da região de Campinas. A ação busca, ainda, promover a educação ambiental e o manejo florestal sustentável.
Ao todo, mais de 20 espécies diferentes de árvores nativas da Mata Atlântica, bioma predominante na região, foram plantadas no bosque. Entre elas estão palmeira jerivá, paineiras e ipês de diversas cores. Para o gerente geral em exercício da Replan, Raphael Franco de Campos, ação "mostra a atuação da Petrobras como empresa socioambiental preocupada com o meio ambiente e com as pessoas".
O coordenador para refino da área de Responsabilidade Social, Israel Gomes de Oliveira, ressalta o impacto ambiental no longo prazo, deixando um legado para as futuras gerações. "O manejo florestal vai permitir uma significativa captura de carbono, além de gerar um conforto térmico na área de entrada da refinaria", diz. A coordenadora de Educação Ambiental do Projeto Semeando Água, Andrea Pupo, explica que os jovens que participaram da criação do bosque florestal são beneficiários do projeto Semeando Água, através da escola climática de Paulínia.
"A escola climática é uma iniciativa de educação ambiental mantida em Paulínia com a parceria da Petrobras. Lá, os alunos aprendem ações de mitigação e adaptação às mudanças do clima. O plantio de árvores é uma dessas ações. Então, eles estão aprendendo tudo isso e é muito legal poder envolvêlos em uma iniciativa prática", afirma. A estudante do 7º ano do ensino fundamental Ketellyn dos Santos, de 13 anos, moradora de Paulínia, foi uma das alunas da escola que participou da ação realizada pela refinaria.
"Ficamos muito entusiasmados quando soubemos na escola que a gente viria participar da formação de um bosque. Além de fazer bem para o meio ambiente, tem aquela coisa; quando a gente passar pela rodovia daqui um tempo, a gente vai dizer: Nossa, eu que ajudei a desenvolver esse bosque!", afirma. Depois da formação do bosque, o IPE manterá uma consultoria quanto aos cuidados que essa área exigirá nos próximos anos.
A área conta com 2 mil exemplares, número que equivale à coleção presente no Bosque dos Jequitibás, um dos parques mais importantes de Campinas (Gustavo Tilio)
Investimentos
A Petrobras anunciou um investimento de R$ 13,1 milhões em cinco novos projetos de conservação de florestas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. As iniciativas fazem parte do Programa Socioambiental da empresa, que já contribuiu para a recuperação ou conservação direta de mais de 175 mil hectares de florestas e áreas naturais, área equivalente a 175 mil estádios de futebol. O programa contempla áreas naturais da Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga e Cerrado, contribuindo para a remoção líquida ou emissões evitadas de cerca de 1,3 milhão de toneladas de dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2).
Essa quantia é praticamente igual a todo o CO2 liberado por ano pela frota de veículos circulante em Paulínia, que é de 1,4 milhão de toneladas, de acordo com estudo da Secretaria Estadual de Energia. A queima de combustível fóssil é uma das principais fontes de poluentes e de gases que causam o efeito estufa. Paulínia está em quarto lugar entre os municípios com maior emissão no Estado de São Paulo.
Os projetos de conservação beneficiados pelos investimentos foram definidos através de seleção pública promovida pela Petrobras em 2021 e abrangem os projetos Produtores de Água e Floresta; De Olho nos Rios; Guará Vermelho; Olha o Clima, Litoral e Guapiaçu. Eles se somam a 16 outras iniciativas apoiadas pela companhia com a finalidade de conservar florestas, contribuir para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
O projeto De Olho nos Rios, da Associação Mata Ciliar, tem ações na região de Campinas. Ele associa a recuperação ambiental e produção agroflorestal nas bacias hidrográficas dos rios Atibaia e Jaguari, que cortam vários municípios. O objetivo é recuperar perto de 72 hectares, com estimativa de capturar 34,5 mil toneladas de CO2.
Os dois rios fazem parte do Sistema Cantareira, um dos maiores do mundo e responsável pelo abastecimento de água para uma população de 8,8 milhões de pessoas. Além da região de Campinas, ele atende a Região Metropolitana de São Paulo. As ações do De Olhos nos Rios envolvem a restauração florestal, com o consequente plantio de matas ciliares e módulos agroflorestais. Também incentiva a gestão participativa de pequenos e médios produtores rurais e contribui para a geração de trabalho e renda nas áreas atendidas. Para isso, atua nas frentes de capacitação ambiental, plantio e distribuição de mudas para a recomposição das matas e manejo e conservação de Áreas de Proteção Ambiental (Apas) com foco na implantação de sistemas alternativos de agricultura e técnicas de controle de erosão do solo.
Outros projetos
O novo Plano Estratégico (PE), recém-apresentado pela Petrobras para o período de 2023 a 2027, prevê investimentos de US$ 78 bilhões (R$ 408 bilhões), dos quais 5,64% para projetos com foco na transição energética direcionada a iniciativas de baixo carbono. São US$ 4,4 bilhões (R$ 23 bilhões) previstos para a redução de emissões de carbono em suas operações e no Programa BioRefino, voltado para a produção de diesel renovável e bioquerosene de aviação.
A Replan terá uma importância estratégica dentro dessa política ambiental, por ser responsável por aproximadamente 20% de todo o refino de petróleo no Brasil. A planta processa 69 mil metros cúbicos por dia, o equivalente a 434 mil barris. Entre os investimentos previstos para a refinaria nessa área está o de US$ 458 milhões (R$ 2,39 bilhões) para a construção da nova unidade de hidrotratamento de diesel (HDT), que produzirá diesel S-10, que contém menor quantidade de enxofre, é menos poluente e aumenta a durabilidade dos motores dos veículos. Quando estiver pronta, a planta, que começou a ser construída neste semestre, praticamente dobrará a capacidade de produção desse combustível pela Replan.
Ela terá capacidade de refino de 154 mil barris por dia (bpd), com o volume de produção de diesel S-10 sendo ampliado para 300 mil bpd. Com a nova unidade, a Refinaria de Paulínia deixará de produzir o diesel S-500, usado por máquinas agrícolas. O Plano Estratégico da Petrobras prevê ainda reduzir as emissões absolutas de CO2 em 30% até 2030 em todas as suas 12 refinarias, além de diminuir em 40% a captação de água doce e em 30% a geração de resíduos sólidos. No ano passado, a Petrobras usou 220 milhões de metros cúbicos de água, dos quais 151 milhões (69%) são de captação de mananciais e 69 milhões (31%) de reúso.
A estatal prevê reduzir a captação para 91 milhões de m3 até 2030. A empresa projeta ainda aumentar a eficiência na utilização do líquido e também a utilização de água de reúso. Somente nesses quesitos, o objetivo de reduzir o consumo em 18 milhões de m3, o proporcional ao consumo de 100 mil famílias ou 300 mil pessoas. É o equivalente a quase três vezes a toda população de Paulínia, onde a Replan está instalada.