Bom Prato festeja 17 anos e soma 8,5 mi refeições

A unidade campineira do restaurante popular Bom Prato, que oferece refeições completas por R$ 1,00, comemorou ontem seus 17 anos de operação completados no último dia 27. Desde sua inauguração, já foram servidas cerca de 8,5 milhões de refeições. Segundo a nutricionista do local, Jéssica Mariana Luck, 60% da clientela são idosos, 15% pessoas em situação de vulnerabilidade social e o restante se subdivide entre trabalhadores da região central de Campinas e desempregados, que se deslocam até a área para distribuir currículos. O Bom Prato de Campinas, que é gerenciado pelo Centro de Orientação Familiar (COF), serve diariamente 2,4 mil refeições, sendo 2,1 mil almoços, por R$ 1,00; e 300 cafés da manhã, por R$ 0,50. Crianças até seis anos não pagam. Jéssica assegura que a alimentação fornecida é balanceada e de qualidade. O almoço, com 1,2 mil calorias, é composto, em geral, por arroz, feijão, salada, legumes, um tipo de carne, farinha de mandioca, pãozinho, suco e sobremesa. Já no café da manhã, que tem 400 calorias, em média, é oferecido leite com café, achocolatado ou iogurte, pão com margarina, requeijão ou frios e uma fruta. Trabalhando há quase dois anos no Bom Prato, Jéssica afirma que o restaurante promove interação entre diversas classes sociais. “Os idosos se sentem ativos aqui, porque conseguem fazer novas amizades”, disse. A nutricionista se diz realizada profissionalmente por fazer parte deste projeto social. “Vejo moradores de rua orando, antes de comer, para agradecer o alimento”, esclareceu, comentando que pessoas com melhores condições, ocasionalmente, não fazem isso em suas casas. O almoço de aniversário contou com um cardápio especial: Espeto Misto, Farofa Festiva, Salada do COF (repolho bicolor, cenoura, cebola, cheiro verde, maçã e creme de alho), suco de guaraná e a sobremesa será bolo de aniversário. Gerente administrativa do COF, Juliana Segato de Carvalho informou que as portas são abertas as 10h30, quando é liberada a fila de pessoas com atendimento prioritário. Em seguida, às 11h, passam a ser atendidos simultaneamente também os que estão na fila geral. A gestora comenta que grande parte da população desconhece o rigor com que a qualidade da comida é avaliada. “Esse projeto é muito sério. Constantemente, são realizadas fiscalizações aqui”, afirmou. Público-alvo Os clientes são unânimes ao afirmar que são atraídos ao Bom Prato de Campinas pelos pratos saborosos aliados ao custo simbólico da refeição. Wellison Pedro Fonseca Batista, vendedor de 23 anos, que reside na região do Campo Belo, almoçou ontem no local com a esposa, Gabriele Beatriz, e o filho Luan Davi, de apenas dois anos. A família disse que teve uma boa surpresa com o almoço especial de aniversário. "Hoje, está muito bacana por causa do bolo", brincou Batista, que frequenta diariamente o restaurante, por ser próximo da Rua Álvares Machado, onde fica a empresa em que trabalha. Antônio Aparecido dos Santos, de 74 anos, mora em Nova Odessa, mas comparece diariamente na unidade campineira há 15 anos. Apesar de estar aposentado desde 2000, ele segue trabalhando com manutenções elétricas e hidráulicas. José Roberto Mendes, de 39 anos, mora na cidade desde os 13. No momento, nas ruas. "Vivo nas calçadas e lutando para melhorar a minha situação desde que fui demitido no Hospital Ouro Verde há uns seis meses”, disse. Técnico em mecânica, ele culpa a Organização Social Vitale pelo seu atual momento. “Eles roubaram a cidade,” acusa. “Estou recebendo seguro-desemprego ainda, mas não dá para bancar um local. Custa caro viver em Campinas,” encerra. SAIBA MAIS Criado há quase 19 anos, a rede de restaurantes populares Bom Prato é o maior programa de segurança alimentar do Brasil e um dos maiores do mundo em número de refeições servidas. No Estado, o Bom Prato é coordenado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e serve cerca de 93 mil refeições diariamente. Desde a inauguração em 2000, já serviu perto de 223 milhões de refeições e investiu mais de R$ 656 milhões no programa. São 57 unidades em funcionamento, sendo 22 localizadas na Capital, 11 na Grande São Paulo, 17 no Interior e sete no Litoral.