tradição

Boi Falô leva dois mil para Barão

A 24ª festa do Boi Falô, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas, atraiu mais de duas mil pessoas na manhã e tarde de ontem

Henrique Hein
20/04/2019 às 10:00.
Atualizado em 04/04/2022 às 09:17

A 24ª festa do Boi Falô, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas, atraiu mais de duas mil pessoas na manhã e tarde de ontem, na Escola Estadual Barão Geraldo de Rezende. Além das homenagens ao boi, o ponto alto do evento, mais uma vez, foi a distribuição de 600 quilos da tradicional macarronada com sardinha e anchova ao molho de tomate, preparada e distribuída por cerca de 30 voluntários. A festa contou ainda com o som de grupos musicais. Por volta das 11h, já havia muita gente na fila esperando para pegar o almoço, oferecido de maneira gratuita à população. Enquanto o alimento não ficava pronto, muitos aproveitaram para posar para fotos em frente ao boneco do boi ornamentado com flores - personagem da lenda que dá nome à festa. O alimento, como manda a tradição, foi abençoado pelo padre monsenhor Roberto, antes de ser servido a população, por volta do meio-dia. No momento da reza, o macarrão foi batizado com água benta e um pedido de proteção aos fiéis foi realizado. A população Morador de Barão Geraldo há 13 anos, o técnico de laboratório Leandro Cintra, de 37 anos, curtiu ontem pela primeira vez a festividade ao lado da esposa Leandra e da filha Heloísa - que tem apenas 10 meses. Ele conta que quando se tornou pai passou a frequentar mais espaços e festas culturais, para que sua filha pudesse aprender um pouco sobre a cultura regional. “Já tinha ouvido falar da Festa do Boi Falô e tinha curiosidade de participar. Está tudo muito bem organizado. É um ambiente bem gostoso para família mesmo" , disse. Casados há 57 anos, os aposentados Wilson Cortela de Oliveira, de 83 anos, e Nadir Costa de Oliveira, de 75, , fizeram questão de comparecer a festa no começo da tarde. "Os organizadores são supereducados com a gente, que somos idosos. Estamos nos sentindo como se estivéssemos em casa" , comentou Wilson. Questionados sobre o porquê de apenas Nadir estar comendo o macarrão, a aposentada cutucou o marido. “Ele não gosta de macarrão, mas como eu adoro e ele me ama, viemos pra cá" , riu. A lenda A lenda do Boi Falô nasceu em 1888, na fazenda Santa Genebra, de propriedade do Barão Geraldo de Rezende. Um dos escravos que trabalhava nas plantações de cana-de-açúcar e café foi obrigado pelo capataz a ir ao pasto e atrelar um boi para arar a terra, em uma Sexta-feira Santa. O escravo, chamado Toninho, foi então colocar a canga no animal, que estava deitado sob uma árvore. Por mais que o escravo insistisse, o boi não saía do lugar. Neste momento, o animal olhou para o escravo, deu um mugido alto e disse: "Hoje é dia santo, é dia do Senhor, não é dia de trabalho". O escravo saiu correndo para sede da fazenda, gritando: "O boi falô, o boi falô!" . Segundo a lenda, o capataz ainda teria tentado castigar Toninho pela insubordinação, mas ele correu para a Casa Grande à procura do Barão Geraldo de Rezende que, ao ouvir o relato, teria lhe dado razão e ordenado que ninguém trabalhasse naquele dia. A lenda faz parte do folclore do distrito de Barão Geraldo. O túmulo do escravo Toninho, ao lado da sepultura do barão,é um dos mais visitados no dia de Finados, principalmente pelas pessoas que querem alcançar uma graça.

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