Biblioteca da Unicamp retoma atendimento

O atendimento ao público na Biblioteca Prof. José Roberto do Amaral Lapa do Centro de Memória da Unicamp (CMU) será retomado parcialmente na próxima segunda, a princípio no período da tarde. O espaço fechou as portas no início desta semana, devido à falta de funcionário, por conta da aposentadoria das duas bibliotecárias que vinham se revezando nas atividades do setor. Desde 2015, o departamento perdeu nove funcionários. Na tarde de anteontem, a Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) e a Biblioteca Central Cesar Lattes (BC-CL) determinaram o deslocamento de um bibliotecário vinculado à BC-CL para dar meio expediente diário junto ao acervo do CMU. Em nota, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) deixou claro que, no seu entendimento, a interrupção do atendimento - anunciada no último dia 19 - foi uma determinação unilateral da direção da CMU. Teresa Atvars, coordenadora-geral da Unicamp, destaca que "a questão ganhou uma dimensão injustificada. Se a direção do CMU tivesse trazido o problema até a Reitoria antes de decidir pela suspensão das atividades da biblioteca, o mesmo recurso teria sido usado, o que teria evitado uma série de transtornos e boatos". Diretor em exercício do CMU, o professor Jefferson de Lima Picanço disse que todos estão felizes, apesar de ser uma medida paliativa. "A Reitoria se mostrou sensível aos nossos pedidos e aos da sociedade. Esperamos manter esse canal de comunicação aberto e, mediante a resolução da crise, melhorar gradativamente nosso atendimento, aproveitando a competência que nossos funcionários sempre demonstraram". Valéria Martins, coordenadora associada da Biblioteca Central, explica que o atendimento parcial será inicialmente a tarde, por ser o período de maior procura pelo acervo. Contudo, uma avaliação, de acordo com o movimento, irá definir se esse é o melhor horário. SUSPENSÃO GEROU MOBILIZAÇÃO Em nota, o CMU informou ter recebido inúmeras manifestações de apoio e solidariedade de pesquisadores, representantes políticos, entidades e associações da área, após a divulgação que o atendimento ao público na biblioteca seria suspenso. Na própria Unicamp, os docentes do Departamento de História, o Arquivo Edgard Leuenroth (AEL) e o Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulalio (CEDAE) publicaram notas solicitando a reabertura do espaço. Na Câmara de Campinas, uma moção de apelo à reitoria foi proposta pelo vereador Elias Azevedo (PSB). "A direção do CMU considera que a mobilização da sociedade foi fundamental para a solução apresentada, agradece os apoios e manifestações de solidariedade recebidos, e informa que seguirá negociando com a Administração Central formas para solução definitiva dos problemas relacionados à reposição do quadro funcional do órgão", encerra o texto. DOAÇÃO DEU ORIGEM À BIBLIOTECA A biblioteca do Centro de Memória da Unicamp (CMU) foi fundada em 1986, a partir do acervo doado pelo pesquisador João Falchi Trinca, que era o dono de um dos mais completos conjuntos bibliográficos sobre Campinas. No dia 25 de agosto de 2000, a biblioteca ganhou o nome do professor José Roberto do Amaral Lapa (um dos seus idealizadores), falecido poucos meses antes. Voltada para área de ciências humanas e especializada em história regional, a biblioteca reúne mais de 11 mil livros publicados a partir de 1771; jornais e revistas datadas desde a segunda metade do século 19; mapoteca com plantas de Campinas e outras regiões do Estado; partituras do maestro Carlos Gomes e outros materiais impressos. Além de garantir o acesso da população em geral ao acervo, a biblioteca promove projetos de pesquisa e extensão, exposições e eventos culturais.