PLANEJAMENTO

Barragem garante água a Indaiatuba

Município investe R$ 30 milhões na construção de açude para abastecer cidade por mais 30 anos

Maria Teresa Costa
23/10/2013 às 08:06.
Atualizado em 26/04/2022 às 06:39
Máquinas trabalham na remoção de terra para a formação do açude que vai represar a água do Rio Capivari-Mirim: conclusão prevista para 2015 (César Rodrigues/AAN)

Máquinas trabalham na remoção de terra para a formação do açude que vai represar a água do Rio Capivari-Mirim: conclusão prevista para 2015 (César Rodrigues/AAN)

Uma barragem com capacidade para 880 milhões de litros de água começou a ser construída e vai formar um lago de 2,5 quilômetros de extensão — metade dele no bairro Mirim, em Indaiatuba, e a outra metade, no bairro Friburgo, em Campinas. O investimento, de R$ 30 milhões, vai assegurar, a partir de 2015, o abastecimento de Indaiatuba por pelo menos 30 anos, com o represamento do Rio Capivari-Mirim. A construção de barragens é solução que muitas cidades das Bacias Hidrográficas dos Rio Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) têm adotado para garantir a água para seu desenvolvimento.Além do reservatório de Indaiatuba, outras duas barragens estão em fase de elaboração de projeto executivo — que está sendo financiado pela Refinaria de Paulínia, como contrapartida à autorização para captar mais água do Jaguari. Os reservatórios devem estar em operação em 2018. Um deles será em Pedreira, no Rio Jaguari, e outro em Amparo, no Rio Camanducaia, um investimento estimado em R$ 500 milhões e que aumentarão em 7m3/s a oferta de água nas bacias PCJ.São alternativas de abastecimento para que a região possa ter independência em relação ao Sistema Cantareira, que fornece 5m3/s de água para as bacias PCJ. Indaiatuba não depende do Cantareira. Hoje a cidade capta 39% da água consumida pela população no Rio Capivari Mirim, mas nos períodos de seca, chega a sofrer interrupções. Com a barragem, haverá a regularização da vazão do rio em 0,31 m3/s por segundo. Outras fontes de captação são os rios Morungaba e Piraí.O Rio Capivari Mirim é formado pelos córregos do Quilombo e do Bonfim, que nascem respectivamente em Itupeva e Campinas e marca a divisa entre Campinas e Indaiatuba ao longo de 25 quilômetros e deságua no Rio Capivari, em Monte Mor. O licenciamento ambiental para a obra exigiu o plantio de 100 mil árvores no entorno da represa, e que formarão, numa faixa de 100 metros, a área de proteção permanente (APP) do reservatório.A barragem vai ocupar, segundo o superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), Nilson Alcides Gaspar, uma área de 1,2 milhão de metros quadrados, de onde serão retirados 11,3 mil caminhões de terra e 17 mil caminhões de solo mole do local. O reservatório terá 57,6 metros de largura na base, afunilando até 6 metros na crista, com 23 metros de altura e 260 metros de comprimento.O financiamento da obra terá R$ 12,3 milhões a fundo perdido, da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), e o restante dos recursos vem do orçamento municipal. Para o prefeito Reinaldo Nogueira (PMDB) a represa deixará a cidade com água por mais 30 anos, mas além da barragem, disse, está pleiteando a mudança de categoria do Rio Jundiaí, que também passa pela cidade, com água imprópria para o consumo. “Hoje ele é categoria 3, e estamos querendo a mudança para que possamos também captar água naquele rio. Com isso, teremos fornecimento de água garantido para Indaiatuba por um século”, afirmou. Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o rio sofreu significativa melhora em seus parâmetros de qualidade e já pode ser incluído na categoria 3, que permite a captação para tratamento e consumo humano. A construção de barragens é tema polêmico. Para o engenheiro-agrônomo Nelson Barbosa, o represamento pode ser o segundo caminho para garantir o abastecimento. Primeiro, segundo ele, é preciso garantir o bom funcionamento das redes hídricas que formam os rios. Embora metade da barragem do Rio Capivari Mirim fique em território de Campinas, a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) não planeja utilizar a água daquele reservatório para reforçar o abastecimento da cidade. Atualmente o Rio Atibaia é responsável por 95% do abastecimento e o Rio Capivari por 5%. A Sanasa trabalha com a possibilidade de ir buscar na futura barragem do Rio Jaguari, em Pedreira, a água para a demanda futura. A empresa propôs aos Comitês das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiai (PCJ) duas formas de receber água do Jaguari: uma com a transposição, por dutos, para o Rio Atibaia, aumentando a vazão do rio em 3,5m3/s e outra, levar a água direto para as estações de tratamento.A reversão de água de bacias não é novidade na área do PCJ. Em Jundiaí é revertido 1,2m3/s do Rio Atibaia para o Rio Jundiaí Mirim; em Campinas dos cerca de 3m3/s captados no Atibaia, pelo menos metade é revertido por meio de esgotamento para as bacias dos rios Capivari e Piracicaba (Ribeirão do Quilombo) e em Paulínia, Hortolândia e Monte Mor há a reversão de 0,9m3/s do Rio Jaguari para as bacias dos rios das bacias PCJ no Ribeirão Quilombo, através do sistema integrado de abastecimento dessas cidades.  

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