Com a previsão de reabertura somente a partir do dia 15, estabelecimentos ampliam o prejuízo
Excluído da fase 1 do Plano SP, que estabelece as regras para a retomada gradual das atividades no Estado, o setor de bares e restaurantes deve atingir 31.560 demissões e contabilizar o fechamento de 3.870 empresas na Região Metropolitana de Campinas (RMC), caso os estabelecimentos reabram somente no próximo dia 15. A projeção foi feita pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes da Região Metropolitana de Campinas (Abrasel RMC) após pesquisa realizada na última quarta-feira com mais de 110 empresários, a maioria de Campinas, que representam 25% dos associados da entidade. Antes da pandemia da Covid-19, a Abrasel RMC estimava que o setor de alimentação fora do lar contava com cerca de 12 mil estabelecimentos na RMC, e empregava mais de 60 mil pessoas. Com as portas fechadas há mais de 70 dias e operando apenas com delivery e entrega rápida, os estabelecimentos já dispensaram oficialmente na RMC 15 mil funcionários e 2,4 mil empresas tiveram a atividade encerrada, apontam o estudo. A esperança era retomar o funcionamento amanhã. Nesta hipótese, já descartada, a Abrasel RMC estima que seriam mantidos 10.980 dos 16.560 postos de trabalho que serão perdidos até dia 15. No que diz respeito às empresas, não fechariam 750 das 1,4 mil previstas. O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), tentou incluir o segmento na fase 1 para a cidade, que começa a flexibilização amanhã. Contudo, o governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), vetou o pedido, afirmando que não permitirá exceções na estratégia que classifica as fases com base em critérios regionais. A nova onda de demissões, responderam os empresários do segmento, será motivada pela falta de vendas e faturamento. Além disso, o retorno de parte da equipe de funcionários não contará mais com a Medida Provisória do Governo Federal de ajuda no pagamento de salários. Colapso Presidente da Abrasel RMC, Matheus Mason afirmou que a última semana foi bastante crítica para o setor. Ciente da importância dos cuidados e medidas adotados para conter a disseminação da Covid-19, frisa ser preciso lembrar que os estabelecimentos estão há mais de dois meses fechados. Informa também que apenas 15% de vendas estão sendo realizadas pelo delivery. O volume, garante, “não é suficiente para pagar as contas de fornecedores, aluguel e salários dos funcionários”. Mason ressalta que sem uma antecipação de retomada em municípios com baixos números de mortalidade e de casos por milhão de pessoas, como é a situação de Campinas e outras cidades da região, o colapso ficará ainda mais evidente. “Teremos 85,7% a mais de empresas fechadas em relação à quantidade que fecharia se voltássemos nesta semana”, contextualiza. Cita ainda que, em pesquisa nacional realizada pela Abrasel, com 43 regionais e seccionais, foi constatado que 35% delas já estão abertas, funcionando com restrições. Algumas, inclusive, desde o dia 23 de março, com decreto municipal sobrepondo o decreto estadual, como é o caso de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Em Santa Catarina, o setor também opera, com todas as medidas de segurança. “As principais características comuns em diversas localidades é o espaçamento entre clientes para garantir a não aglomeração e medidas prudenciais, como uso obrigatório de máscara, aumento nos procedimentos de higienização, disponibilização de álcool em gel e conscientização da população, questões amplamente compreendidas no protocolo de reabertura da Abrasel, entregue em abril para o Jonas e demais prefeitos da RMC”, encerra.