AÇÃO SOCIAL

'Barato natural', corrida é arma em reabilitação

Grupo formado por 400 dependentes químicos assistidos pela Instituto Padre Haroldo, em Campinas, participa de programa especial que recorre à prática para desintoxicação

Rogério Verzignasse
20/05/2015 às 14:16.
Atualizado em 23/04/2022 às 18:00
 As inscrições para a prova de Barão Geraldo começam no dia 24 de agosto e podem ser feitas até a quarta-feira anterior ao evento ( Divulgação)

As inscrições para a prova de Barão Geraldo começam no dia 24 de agosto e podem ser feitas até a quarta-feira anterior ao evento ( Divulgação)

Um grupo formado por 400 dependentes químicos assistidos pela Instituto Padre Haroldo, em Campinas, participa até o fim do semestre de um programa especial que recorre à prática da corrida para a desintoxicação.  Os participantes recebem orientação de professores de educação física contratados por uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) sediada no distrito de Sousas.  O programa é financiado com recursos arrecadados por meio de uma lei estadual de incentivo fiscal. O dinheiro é administrado pelo Centro de Excelência em Pesquisa e Desenvolvimento (CGTI), entidade fundada há dez anos, braço campineiro do Grupo Bueno Mak, que no Brasil todo mobiliza 250 especialistas em projetos de pesquisa e desenvolvimento no setor elétrico, e atua em soluções práticas para o sistema de distribuição de energia. Além de desenvolver por aqui programas de inovação a partir de convênios com universidades e empresas, o CGTI também leva a pesquisa para dentro da pista de atletismo. A ação social vai servir para que os pesquisadores tenham a noção exata dos benefícios da atividade física na recuperação de narcodependentes e alcoólatras. A primeira das três turmas previstas no programa foi montada em novembro, com 84 rapazes da Fazenda Senhor Jesus (região do Alphaville), local onde acontece a etapa inicial do tratamento da dependência aos acolhidos pelo Instituto Padre Haroldo.  Ali, a Oscip instalou uma pista de atletismo ao redor do campo de futebol e distribuiu calçados, calções e camisetas aos participantes, inscritos espontaneamente no programa. Cada turma participa dos treinamentos durante três meses e, segundo os mentores do projeto, o tempo é mais que suficiente para que o organismo do participante responda positivamente. Estima-se que 40 dias bastam para a assimilação mental das informações. Essencialmente, a corrida ajuda no tratamento de dependentes porque aumenta a liberação dos endocanabinóides. Os compostos gordurosos, produzidos pelos neurônios, garantem uma espécie de “barato natural”.  Assim como o princípio ativo da maconha, os compostos controlam a ansiedade. O treinamento aeróbico provoca a redução da dependência física por entorpecentes ou álcool. É um modelo que alia benefícios físicos e psicológicos, e acelera a recuperação do internado. O projeto foi elaborado por Rodrigo Hohl e Kell Grandjean da Costa, professores de educação física contratados pela CGTI.  Os interessados passaram por exame médico e foram divididos em grupos específicos, de acordo com a aptidão física e o quadro de saúde no momento. Cada um elabora seu próprio programa de treinamento, com orientação dos professores, determinando duração e esforço empreendido. “A gente quer que o dependente desenvolva, por meio do esporte, a disciplina pessoal. Além de se divertir, o jovem aprende que a atividade física lhe dá prazer, e que ele não precisa recorrer às drogas ou ao álcool”, fala o professor Kell. “A consciência corporal gera autonomia.” De acordo com Welberti da Silva, coordenador de projeto da CGTI, o grupo planeja uma etapa posterior do programa, fazendo o acompanhamento da recuperação do jovem assistido até sua reinserção social. “A terapia esportiva é uma ferramenta reconhecida na recuperação dos adictos”, diz.  Desconto no IRO programa que recorre à prática esportiva no combate à dependência química é mantido com recursos direcionados pela Oji (fabricante de papéis especiais) e a ArcelorMittal (multinacional do setor siderúrgico), donas de unidades produtivas na região de Campinas. Ambas se beneficiam de uma lei estadual que dá abatimento no imposto de renda devido a investimentos no esporte.  A legislação foi regulamentada pelo decreto 55.636, de 26 de março de 2010, e contempla projetos vinculados às áreas de educação, formação desportiva, rendimento, gestão, desenvolvimento e infraestrutura.  Até julho, o projeto campineiro vai consumir recursos da ordem de R$ 197,3 mil, que pagam o salário dos especialistas e compram materiais esportivos. Para montar a pista de atletismo na fazenda, a Oscip contou com uma doação particular.   O instituto O instituto que presta atendimento aos dependentes químicos atendidos pelo programa foi fundado em Campinas já 36 anos, pelo jesuíta norte-americano Haroldo Raham. Texano de San Antonio, o padre morava em Campinas desde 64, quando assumiu a Paróquia de São Pedro Apóstolo. No trabalho social, passou a reunir mulheres marginalizadas e meninos de rua.  A assistência a drogados cresceu com a fundação da Casa de Guadalupe e da Casa Jimmy, programas de reinserção social e tratamento dispensado em dependências específicas para moças e rapazes.  A assistência aos drogados foi fundada em 1978 e nunca parou. As pessoas interessadas em saber mais detalhes sobre a história da entidade podem acessar o endereço eletrônico www.padreharoldo.org.br  SAIBA MAIS As pessoas interessadas em conhecer detalhes do projeto podem acessar o site www.cgti.org.br ou entrar em contato pelo e-mais [email protected]

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