AVISO DO GOVERNADOR

Bandido que apontar arma para polícia vai levar bala, diz Garcia

Secretaria de Segurança Pública deve informar hoje quando ‘Operação Sufoco’ chegará a Campinas

Isadora Stentzler
05/05/2022 às 08:48.
Atualizado em 05/05/2022 às 08:48
A primeira fase da ‘Operação Sufoco’ terá como foco a redução de assaltos cometidos por falsos entregadores em motocicletas (Gustavo Tilio)

A primeira fase da ‘Operação Sufoco’ terá como foco a redução de assaltos cometidos por falsos entregadores em motocicletas (Gustavo Tilio)

Ao anunciar o início da “Operação Sufoco”, deflagrada nesta quarta-feira (4) pelas forças policiais no Estado de São Paulo, o governador Rodrigo Garcia disse que "bandido que levantar arma para polícia vai levar bala". A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo disse que responderá nesta quinta-feira (5) ao Correio sobre o prazo para o início da operação em Campinas, bem como os recursos que serão destinados para ampliação do policiamento na cidade.

"Eu quero deixar um aviso muito claro a esses bandidos, que eles mudem de profissão ou mudem de Estado, porque a polícia vai atrás de cada um deles. Quem cometer crime aqui em São Paulo, vai ser preso. O bandido que levantar arma para polícia vai levar bala da polícia que, dentro dos limites da lei, vai agir com muito rigor em relação à criminalidade", disse o governador. 

A “Operação Sufoco”, anunciada pelo governador, visa combater a criminalidade, aumentando o número do efetivo nas ruas de todo o Estado de São Paulo. Na primeira fase, o foco será conter assaltos cometidos por falsos entregadores em motocicletas, contando com um sistema de inteligência junto aos aplicativos de entrega. 

O sistema permite a troca de informações dos bancos de dados das empresas de aplicativos com o Detecta, sistema de monitoramento inteligente do Governo do Estado, composto pelo monitoramento de câmeras combinado com o maior banco de dados de informações policiais da América Latina.

A operação teve início ontem no município São Paulo e será estendida a outras cidades do Estado.

Campinas

Em Campinas, o secretário municipal de Segurança Pública, Christiano Biggi Dias, disse que o município já atua nesse enfrentamento desde fevereiro, quando foram iniciadas as operações Meu Bairro Seguro, que têm por objetivo abordar, principalmente, motocicletas. "Essas operações também focam em identificar motos irregulares, que estão com baixa definitiva, que tenham placas clonadas ou de leilões", disse.

Um dos objetivos da Operação Sufoco é levar maior efetivo às ruas, segundo Dias, que adiantou ainda que há um concurso em andamento para a contratação de mais agentes para a Guarda Municipal. Ele também destacou que, "sempre que necessário, faz uma adaptação na carga horária do efetivo, com possibilidade de pagamento de horas-extras". 

Já a Secretaria de Segurança Pública do Estado deve informar hoje como será a “Operação Sufoco” na cidade.

"Levar bala"

Questionado sobre a posição do governador em falar que "bandido que levantar arma para polícia vai levar bala", Dias disse que a ação de agentes deve ser dentro da legalidade. 

"A Guarda Municipal reage contra a agressão injusta ao agente de segurança, em um princípio de ação e reação. Assim, se um guarda, no exercício de sua função e dentro da legalidade, for atacado injustamente por um bandido, ele deverá se defender, com o uso progressivo da força, que vai desde a contenção, o uso de armas de baixa letalidade e, por fim, uso de arma de fogo", defendeu.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, Campinas está entre as 50 cidades do Brasil com maior número absoluto de óbitos em decorrência da intervenção policial. O município ocupa a 32ª posição no ranking. Os dados são referentes ao ano de 2020 e apontam que, naquele ano, 23 pessoas morreram por policiais na cidade. 

Coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques avalia que a fala do governador "não ajuda em nada" diante desse cenário. "Do ponto de vista concreto, mesmo nessas situações, a atuação policial precisa ser legalista, precisa ser ágil, dinâmica, precisa ser técnica. E isso se faz com um bom planejamento e boa integração entre Polícia Civil, Polícia Militar e Guarda Municipal. É uma fala que não ajuda."

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Campinas, Martins Furquim não comentou a fala do governador, mas destacou a necessidade de "transformar a cultura violenta em uma cultura de paz". 

"Segurança Pública é um direito de todos e um dever do Estado. É algo importante, tanto que consta na Constituição Federal. No entanto, a concretização da segurança pública passa, necessariamente, pelo respeito aos direitos humanos de todas as pessoas", destacou. "E a isso se somam não só a conscientização das pessoas a essa temática, que todos devem se apropriar, mas também a valorização dos agentes de segurança pública. O que nós temos que pensar é sobre a necessidade de concretização de politicas públicas que possam minimizar esse fenômeno, que chamamos de criminalidade e violência. Políticas como educação, saúde, moradia digna, salário digno, lazer, cultura, que são direitos sociais fundamentais."

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