Banco fecha agência e irrita os clientes do Campo Grande

O fechamento polêmico de uma agência bancária do Itaú no distrito de Campo Grande, em Campinas, na semana passada, continua causando problemas para os clientes e moradores da região. O Sindicato dos Bancários de Campinas e Região expressou sua oposição ao fechamento da agência. Em um comunicado, o Itaú confirmou que o atendimento do Campo Grande será transferido para a agência do Ouro Verde, que fica a 12 km de distância e leva cerca de 26 minutos para chegar lá.

Roseli de Paula Souza e sua mãe, Sebastiana de Paula Souza, de 84 anos, foram à agência do Campo Grande na segunda-feira (26) à tarde e ficaram surpresas com o fechamento. Elas afirmam que não receberam nenhuma informação por parte do Itaú sobre a transferência para o Ouro Verde e lamentam ter que gastar ainda mais para se deslocarem.

"Nós moramos no Parque Floresta e tivemos que vir aqui de carro por meio de um motorista de aplicativo. Fomos surpreendidas com o fechamento da agência sem nenhum aviso prévio aos clientes. Minha mãe é idosa, tem 84 anos, e não sabe usar os caixas eletrônicos. Por isso, eu a acompanho todos os meses. Além disso, o custo das passagens de ônibus e dos carros por aplicativo é maior até o Ouro Verde. Isso é um completo desrespeito conosco, que somos clientes há mais de 10 anos." 

O comércio local também está sentindo os reflexos do fechamento da agência bancária. Carlos da Silva, proprietário de uma loja de roupas ao lado do Itaú, prevê uma queda nas vendas, especialmente nos períodos de pagamento dos aposentados. "Nos dias de pagamento de benefícios, por exemplo, muitos clientes já gastam na própria região. Aqui temos mercados, padarias, açougues, sorveterias, lojas de roupas, farmácias. Tudo o que eles precisam está ao lado da agência bancária", completa o comerciante.

Maria Helena de Oliveira, comerciante e moradora do Parque Valença, além de cliente do Itaú há mais de 30 anos, lamenta o fechamento da agência bancária e confirma o retrocesso que isso causou para os clientes. "Uma região como a nossa, que cresce a cada ano, com uma população de quase 400 mil pessoas e mais de 300 bairros, é inadmissível retroceder dessa maneira com o fechamento da única agência do Itaú na região", diz Helena.

O mesmo sentimento é compartilhado por Geraldo Lucas, comerciante de um estabelecimento de alimentos em frente ao banco e morador do bairro Novo Maracanã. Ele destaca a grande movimentação de clientes, principalmente nos dias de pagamento dos aposentados. Geraldo condena a transferência dos serviços para outra região, uma vez que a agência não possui caixas internos e apenas caixas eletrônicos, o que dificulta o acesso dos idosos. Ele é cliente do banco desde a inauguração da agência no distrito.

Ana Stela Alves de Lima, presidente em exercício do Sindicato dos Bancários, enfatiza que os moradores da região são os mais prejudicados, juntamente com os funcionários que serão inicialmente realocados. Ela critica a política de fechamento de agências do Itaú em todo o país, ressaltando que alguns funcionários são transferidos para outras agências, mas correm o risco de novos fechamentos e até mesmo demissões.

Para o Sindicato, o posicionamento do banco tem sido bastante claro nos últimos meses, com o fechamento em massa de agências, mesmo diante de um lucro recorrente de R$ 30,8 bilhões em 2022. Segundo os representantes dos trabalhadores, no ano passado, o Itaú fechou 240 agências físicas no Brasil. Somente no primeiro trimestre deste ano, foram fechadas 103 agências. Em Campinas, outras duas agências foram fechadas este ano, incluindo uma no Shopping Unimart. O Itaú tem planos de encerrar agências em cidades da região, como Paulínia, Hortolândia, Mogi Guaçu e Vinhedo, até o final de julho.

Em comunicado, o Itaú Unibanco reafirma o seu compromisso de oferecer atendimento de qualidade, levando em consideração o impacto sobre os clientes no seu dia a dia. Nesse sentido, o banco transferiu o atendimento da agência Campo Grande - Campinas para a agência Ouro Verde, também em Campinas, realocando a equipe de atendimento da agência original para oferecer suporte aos clientes das duas unidades. O banco informa que ainda mantém mais de 20 agências físicas na região e reitera que o atendimento presencial continua sendo uma peça importante para garantir que os clientes tenham um serviço de qualidade e possam escolher, com base em suas necessidades, quando utilizar o atendimento presencial ou digital.

VEREADORES

Na semana passada, o vereador Higor Diego protocolou na Câmara de Campinas uma Moção à diretoria do Banco Itaú, apelando pela revisão do fechamento da agência no distrito do Campo Grande. A proposição também foi assinada pelos vereadores Marron Cunha (Solidariedade), Edson Ribeiro (União), Cecílio Santos (PT) e Guida Calixto (PT). "O Banco Itaú adotou uma política que prioriza a área digital. Com o fechamento da unidade do Campo Grande, todas as contas de aposentados, pensionistas e comerciantes estão sendo transferidas para a agência do Distrito Ouro Verde, que está fora de mão, causando grandes transtornos", justifica o vereador.

O parlamentar destaca a importância econômica da região e enfatiza a necessidade de manter uma agência bancária também no Campo Grande. "Estamos falando de uma população de mais de 500 mil habitantes nos dois distritos. O Campo Grande é maior do que muitas cidades em São Paulo e na Região Metropolitana de Campinas, por isso é essencial manter uma agência bancária lá", ressalta o vereador.