Instituição, que faz 20 anos, homenageia "recordista" em doações para reforçar importância do ato
Elaine, com a filha Maria Rita no colo, durante coleta de leite materno em sua casa: ela já doou 168 litros ( Edu Fortes/AAN)
Mãe das pequenas Helena, de 2 anos, e Maria Rita, de 10 meses, a dona de casa Elaine Rezende dos Santos Silva mora na região do Ouro Verde, em Campinas, e tem orgulho de sentir que também espalhou o seu amor e solidariedade para vários outros cantinhos da cidade nos últimos meses. Ela é uma das maiores doadoras voluntárias da história do Centro de Lactação - Banco de Leite Humano de Campinas, uma parceria entre a Maternidade e a Secretaria Municipal de Saúde que completa 20 anos de fundação. De novembro do ano passado até setembro último, Elaine possibilitou a centenas de recém-nascidos que precisavam de nutrientes para lutar pela sobrevivência exatos 168 litros de leite.Em nome de todas as mulheres que cederam seu tempo e carinho para essa causa tão nobre em duas décadas, a dona de casa foi homenageada na tarde de ontem durante um evento na Maternidade, que celebrou o Dia Nacional de Doação de Leite Humano. Sem saber, a doadora contribuiu para diminuir um problema vivido atualmente no local. O número de doações está bem abaixo do previsto, o que acionou um alerta entre os médicos. Em agosto, por exemplo, foram coletados 45,9 litros. Em outros meses, essa quantidade já chegou a 100 litros. O estoque atual armazenado para utilização é de 150 litros. Foto: Edu Fortes/AAN Funcionária no Banco de Leite: estoque de 150 litros é considerado baixo “Agosto foi um dos meses mais baixos de doação entre o biênio 2012/2013. Neste ano, em nenhum mês, ainda havia entrado menos do que 50 litros doados. Acreditamos que foi o frio que atrapalhou um pouco. Nós verificamos, não só em Campinas, mas em bancos de outras cidades que registraram baixas temperaturas uma dificuldade em manter essa produção excedente que é doada. Tem sido um ano difícil”, confirmou a coordenadora do banco, a médica-pediatra Cláudia Maria Monteiro Sampaio, que chama por mais voluntárias. “Precisamos falar mais sobre o assunto e divulgar melhor essa questão. As pessoas precisam saber que é fácil. A mulher interessada em doar não precisa nem se deslocar até o Banco de Leite. Basta que ela telefone para o (19) 3306-6039 que nós levamos o material de coleta na casa dela. Ela retira o leite e o congela. Se isso for possível, nós vamos até lá para buscar. Para ser consumido, o leite congelado passa por uma pasteurização. Vale lembrar que fazemos esse trabalho em toda a Região Metropolitana de Campinas”, informou a médica.Os receptores são, essencialmente, bebês prematuros internados em unidades de terapia intensiva (UTIs) neonatais. São prematuros extremos, com peso entre 1,5kg e menos de 1kg. Esse leite é fundamental para a sobrevivência dos recém-nascidos. Previne infecções, diminui o risco de eles terem complicações no hospital e ainda faz com que os pequenos tenham alta mais rapidamente. No momento, as crianças receptoras do leite variam entre 70 e 80 em Campinas.Para doar o leite, a mulher deve ser saudável e estar amamentando. Para incluir uma candidata na lista é exigido o seu cartão de pré-natal e, caso falte algum exame, ele deve ser realizado. Se os exames tiverem sido feitos há mais de um ano, é preciso fazê-los novamente. Os principais são HIV, hepatite e sífilis.“Algumas vezes, pelo tempo de internação, a mãe não consegue manter a produção dela para o filho que está na UTI. Nesses momentos, há a necessidade de utilizar o leite do banco”, explicou Cláudia, esclarecendo certos mitos que cercam a doação. “A mãe sempre vai doar a produção excedente; o que o seu filho não vai mamar. Nunca vai faltar para a sua própria criança. Na verdade, as doadoras até precisam retirar essa produção excedente para evitar complicações na mama. Isso acaba sendo bom para a saúde da mãe. Não há média de idade para a doação. Temos mulheres aqui de todos os níveis socioeconômicos e de escolaridade. Doar é um ato de solidariedade”, definiu a médica. CoraçãoA campeã de doações Elaine chegou a contribuir com 25 litros de leite por mês ao banco. “Fico feliz em ter ajudado, mas só fiz a minha parte. Estava jogando leite fora quando fiquei sabendo dos bebezinhos na UTI. Como tenho um coração mole...”, brincou a mamãe solidária que, na verdade, ao lado do marido, o metalúrgico Francisco, tem é um coração enorme.Telefone(19) 3306-6039 - É o contato para as mulheres interessadas em doar seu leite excedente ao Banco de Leite Humano de Campinas.