VEREADOR

Bancada da fé estará reforçada nas eleições

São 76 candidatos, aumento de 31% em comparação a 2016

Maria Teresa Costa
03/10/2020 às 10:45.
Atualizado em 27/03/2022 às 23:37
Os pastores são maioria entre os candidatos da bancada da fé que concorrem à vaga na Câmara Municipal (Matheus Pereira/AAN)

Os pastores são maioria entre os candidatos da bancada da fé que concorrem à vaga na Câmara Municipal (Matheus Pereira/AAN)

A fé pode mover montanha e, às vezes, nas eleições, votos e levar para cargos públicos candidatos que adotam funções religiosas em seus nomes. Na Região Metropolitana de Campinas, entre pastores e pastoras, padres, bispos e missionários serão 76 concorrendo a vereador nas eleições de novembro. É um aumento de 31% em relação às eleições de 2016. Os pastores são maioria entre os candidatos — 64 terão esse título religioso nas urnas. Campinas e Hortolândia são as cidades com mais pastores na disputa, com 11 candidatos em cada uma, seguidas por Sumaré, com oito, Monte Mor com seis e Santa Bárbara d´Oeste com cinco. No Brasil, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), perto de 9 mil candidatos a prefeito, vice e vereadores terão títulos religiosos nas urnas. A quantidade de candidatos-religiosos, no entanto, pode ser maior, afirma a socióloga Márcia Maria Santos. Há, segundo ela, candidatos que podem não ter adotado pastor, irmão, missionário no nome para concorrer à eleição, porque não desejam misturar religião com política e encaram a religião como uma questão de foro íntimo. Há também os que têm participação ativa na política e não necessitam vincular o título religioso a seus nomes na campanha eleitoral. É o caso, por exemplo, do vereador Fernando Mendes (Republicanos), bispo da Igreja Universal, que não utiliza o título religioso nas urnas. Ele disse que seu papel na Câmara é trabalhar como vereador pela cidade e mesmo não utilizando o título, cerca de 90% das pessoas o chamam de bispo por sua conduta no parlamento. Para a socióloga, ao usar o título religioso no nome, os candidatos buscam reforçar sua identidade com o eleitorado de sua igreja ou da denominação religiosa. "Os integrantes de igrejas evangélicas têm uma ligação muito forte com os pastores, seguem suas orientações e decisões. Isso é bastante perceptível também em períodos eleitorais quando surgem notícias de que pastores pedem votos durante os cultos", afirmou. O crescimento no número de evangélicos na política vem ocorrendo a cada eleição, especialmente entre candidatos que são membros ativos da igreja, mas não possuem títulos religiosos. No pleito de 2018, as urnas reforçaram a bancada evangélica no Congresso Nacional. Para a Câmara dos Deputados foram eleitos 84 candidatos identificados com a crença evangélica - nove a mais do que na última legislatura. No Senado, os evangélicos eram três e agora são sete parlamentares. No total, o grupo que tinha 78 integrantes ficou com 91 congressistas. Embora o número não seja grande, a bancada é boa de votos. O deputado reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL) teve 1.843.735 votos, a maior votação nominal registrada no País.

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