Doenças já erradicadas como poliomelite e sarampo voltam ao País
Dados indicam que 312 municípios estão com cobertura vacinal 50% abaixo da meta contra paralisia infantil (Cedoc/RAC)
As baixas coberturas vacinais, principalmente em crianças menores de cinco anos, acenderam uma luz vermelha em todo País. O cenário provocou mudança na estratégia nas próximas campanhas do Ministério da Saúde. Tradicionalmente voltada para a multivacinação, a ação em agosto será específica para imunizar contra a poliomelite e o sarampo (tríplice viral). Em reunião com representantes de estados e municípios, o Ministério da Saúde alertou que 312 municípios brasileiros estão com cobertura vacinal abaixo de 50% para a poliomielite, doença já erradicada no País. O dado é do Programa Nacional de imunizações do Ministério da Saúde (PNI). A Secretaria de Saúde de Campinas já havia alertado para a doença, deixando a vacina (tríplice viral) disponível nos 64 centros de saúde. A cidade registrou cobertura de 77,7% na segunda dose da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola, porém a meta é atingir 95%. O ministério anunciou ontem que vai retomar procedimento bem-sucedido nos anos de 1980 e 1990: as campanhas específicas. Nacionalmente este ano, de 6 a 31 de agosto, em vez da já tradicional campanha de multivacinação, o Brasil terá uma ação mais focada contra a pólio e o sarampo. Na ocasião, serão vacinadas crianças entre 1 ano e menores de 5 anos. A meta é vacinar 95% de 56.790 pessoas só na cidade. Em 18 de agosto, um sábado, acontecerá o Dia D da campanha também em Campinas. O investimento do ministério nas campanhas deste ano já passa dos R$ 30 milhões. Há também o reaparecimento de casos de sarampo em cinco Estados e em países vizinhos. Em 2017, todas as vacinas oferecidas gratuitamente ficaram abaixo da meta de 95% preconizada pela Organização Mundial de Saúde para o controle de doenças infecciosas. Em 2011, por exemplo, as coberturas para pólio e sarampo eram de 100%. Segundo o Ministério da Saúde e Biomanguinhos (principal fabricante das vacinas) não há problemas na produção nem na oferta dos imunizantes. Para a campanha deste ano, por exe[/TEXTO]mplo, já estão disponíveis 15,5 milhões de doses da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e outras 11 milhões da pólio. Em Rondônia, por exemplo, o surto de casos de sarampo fez o governo antecipar a campanha de vacinação, que começou na última semana. Em Campinas, o secretário de Saúde, Carmino Antonio de Souza, alerta para a prevenção. A preocupação com o sarampo não é secundária, pois muitas vezes a doença é letal. No entanto, é possível prevenir com a vacina. Campinas não tem casos de sarampo, mas as pessoas se movem, principalmente no período de férias, e há casos da doença em outros estados”, afirmou. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea von Zuben, explica que as pessoas que não têm a carteira e não sabem se tomaram a vacina devem procurar um centro de saúde para receber a dose. “A vacina fica disponível o ano todo nos centros de saúde”, disse. Em julho, o Devisa realizará ações de vacinação e orientação nos pontos de embarque e desembarque de pessoas. As agências de viagem também receberão orientações para passar aos passageiros.