Ex-controlador e sua mulher são investigados por desvio de R$ 6,5 milhões em contratos
Grupo superfaturava contratos de serviços e compras para a Covid-19 (Wagner Souza/AAN)
Foi preso ontem no condomínio de alto padrão Gramado, na Região Leste de Campinas, um casal suspeito de fraudes no sistema de saúde e nos hospitais de campanha do Rio de Janeiro pelo Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), na Operação denominada Mercadores do Caos. A prisão foi executada pela Polícia Militar, por intermédio do 1° Batalhão de Ações Especiais de Polícia (1° Baep), em apoio ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Foram presos o ex-controlador Luis Eduardo da Cruz e sua esposa Simone Amaral da Silva Cruz, investigados por desvio de R$ 6,5 milhões em contratos do Iabas na Saúde fluminense. Além da prisão, houve apreensão de vários documentos, passaportes e arquivos digitais. Além do casal, mais três acusados de fraudes foram presos no Rio de Janeiro. Um deles foi Marcos Duarte da Cruz (que é meio-irmão de Luis Eduardo); Adriane Pereira Reis e o empresário Francesco Favorito Sciammarella Neto. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos denunciados e de outros fornecedores do Iabas. O MPRJ informou, por meio de nota, que o Iabas foi utilizado como “falso argumento de prestar serviços públicos de Saúde”. A nota segue: “Na verdade, o Iabas foi usado para realização de centenas de delitos de peculato e lavagem de dinheiro”. Segundo o MPRJ, o grupo superfaturava contratos de serviços e aquisição de bens e repassava esse dinheiro para os acusados por meio de empréstimos simulados, transações financeiras estruturadas e pagamentos de cheques fracionados. A nota do MPRJ informou que “Apenas do município do Rio de Janeiro, foram desviados mais de R$ 6 milhões para a execução de serviços de exames laboratoriais, jardinagem nas unidades de saúde, locação de veículos e manutenção predial por quatro fornecedores”. O Iabas também tinha contratos com os estados do Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, além da Prefeitura de São Paulo. Em abril de 2020, a organização já havia recebido R$ 5,2 bilhões, vindos dos dois estados e das duas prefeituras. Em nota, o Iabas informou que a operação não se refere a contratos com os governos do Rio, de Mato Grosso do Sul e da prefeitura de São Paulo, mas apenas a contratos com a prefeitura do Rio, que não estão mais vigentes. Além disso, disse que Luis Eduardo Cruz não tem mais relação com a organização social e que o Iabas desconhece qualquer contrato com empresas ligadas a ele. “O Iabas está colaborando com as autoridades, mas ressalta que mantém estritos padrões de comportamento ético e legal e que presta regularmente conta de suas ações aos órgãos de controle das entidades contratantes e aos tribunais de Contas”, finalizou.